Rocha Pombo do Brasil

Em 1899, ao receber o prêmio de quatro contos de réis do Conselho Superior de Instrução Pública do Distrito Federal pela sua obra História da América, José Francisco da Rocha Pombo pôde respirar aliviado.

Desde sua instalação no Rio de Janeiro, em 1896, ele e sua família vinham passando enormes dificuldades. O salário de professor na capital federal não era suficiente para o sustento do casal e oito filhos. A tentativa de retorno ao jornalismo tinha fracassado. Até o eminente Rui Barbosa, que recém instalara o jornal A Imprensa, delicadamente declinara de seus préstimos como jornalista.

No Rio, em contato com a elite cultural da cidade maravilhosa, firmaria decisivamente sua vocação pela pesquisa histórica, que, aliada à literatura, da qual já tinha experiência em poesia, romance, conto, ensaio e prosa, com certeza seria a alternativa para a sobrevivência.

O prêmio recebido foi seu primeiro reconhecimento nacional e a consagração como historiador, o suficiente para abrir as portas e receber do editor Benjamin de Aquila uma grande encomenda: escrever a História do Brasil, recebendo a modesta quantia de duzentos mil réis mensais.

Foram 12 anos de trabalho, dia e noite. O prefácio é datado de maio de 1905, mas, por problemas financeiros do editor, a obra só viria a ser lançada em fascículos e posteriormente em brochura, de 1915 a 1917.

Dez grossos volumes, obra monumental em quase 7.000 páginas, o relato de pouco mais de 400 anos da nossa história. Do conjunto, o quarto volume chama a atenção, 665 páginas onde Rocha Pombo relata os quase 30 anos de invasão holandesa. Impressionante e minucioso detalhamento do cotidiano de um período pouco conhecido da nossa história.

Outras edições se fizeram depois, mas com a supressão das notas explicativas, que mutilou a obra e sacrificou parte preciosa do trabalho. A ganância reduziu o número de volumes para vender mais e mais barato.

São de sua autoria também: Nossa Pátria (1917), História de São Paulo (1918), História do Rio Grande do Norte (1922), Elementos de Instrução de Moral e Cívica (1927), História do Paraná (1929) e História Universal (1929). Obras de valor incontestável que o colocam entre os melhores historiadores nacionais.

Daily Luiz Wanbier, em crônica intitulada Rocha Pombo (A Divulgação, Curitiba, out. 1953), afirma que: ?O Estado do Paraná ainda não saldou sua grande dívida para com Rocha Pombo, por isso que o livro de Valfrido Piloto é oportuno e faz reavivar, sair do injustificável esquecimento a figura inatacável do maior historiador do Brasil, a fim de que as novas gerações tributem as suas homenagens ao seu valor, à sua pertinácia, ao seu sacrifício e ao seu alto senso de honestidade em face dos homens e das coisas do nosso passado?.

Como nada mudou nestes últimos cinqüenta anos, ao comemorarmos o sesquicentenário desse devotado historiador, nada mais justo que pelo menos se reedite a sua História do Paraná, justa e oportuna homenagem, e extremamente útil para a pesquisa da nossa história.

Carlos Alberto Brantes é do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.

cblibris@hotmail.com

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