Ópera do Malandro em versão ?light?

Que relação teria a malandragem carioca com o comedimento curitibano? O que à primeira vista pode parecer uma contradição, não mais que uma relação de antônimos, logo mais à noite poderá se tornar algo muito mais próximo do que se imagina. De hoje até sábado, o Guairão será palco de mais um grande sucesso de Chico Buarque. Em uma versão ?light?, a Ópera do Malandro chega a Curitiba. Com ingressos praticamente esgotados, parece que frio e calor nem sempre são opostos.

A duração do ?original? é de 3h30. A apresentação ?in concert? que vem a Curitiba é de apenas 1h30, mas a originalidade permanece. Trata-se de uma versão ?revista? do musical. Quem explica é o diretor musical da Ópera, Cláudio Botelho. ?É uma versão bem centrada na obra. É menor, sem cenário nem texto, mas é a única que tem todas as 25 músicas que Chico fez para a ópera. É um espetáculo bem interessante, quase experimental?, comenta.

A Ópera do Malandro em Concerto já foi apresentada também em Portugal. No Brasil, Curitiba é a segunda. Nacionalmente, esta é a primeira vez que a malandragem adaptada deixa o Rio. Botelho revela que esta adaptação foi feita para garantir mais agilidade nas viagens. No entanto, ele também completa que o resultado foi excelente, rendendo muitas críticas positivas.

Malandros, prostitutas, empresários, enfim uma história dramática sem texto. Apenas quatro músicos e oito atores/cantores que dão tudo de si. Apesar de ser inteiramente de música, como revelam os atores é preciso muito mais que voz. ?Para nós é mais arriscada esta versão, mas ao mesmo tempo é mais divertida e emocionante. Sem apoio de muito figurino e cenário, temos um desafio. É entrar em cena e, de pronto, criar identidade com o público, estabelecer quem você é?, revela o ator Sandro Christopher.

Cada ator tem dois papéis. Ou como Sandro mesmo diz, ?todos são, ao mesmo tempo, malandros e putas?. Além dos papéis, duplas são também as atribuições: atuar e cantar, muito. Isso, para a atriz Lílian Valeska, também do elenco, é que é o melhor. ?Eu adoro cantar, sou cantora. E essa versão é música o tempo todo, por isso faço com prazer. Além do mais, as canções são lindas, particulares?, pontua.

O também ator do musical, Ronnie Madureira, conclui que ?ninguém melhor que Chico Buarque para interpretar a alma da malandragem do Rio de Janeiro?. E para o público curitibano o diretor adianta: ?Os que gostam de Chico conhecem muito bem a Ópera e é isso que vão ver: músicas que certamente marcaram época, o crème de la cremè de Chico?.

História

O drama, contextualizado no Rio de Janeiro, especificamente no bairro da Lapa nos anos 40, é sobre o casamento do malandro Max com Teresinha, seguido da mobilização dos pais da noiva, donos do prostíbulo, inimigos do noivo. A obra de Chico foi estreada em 1978.

Serviço

As apresentações serão no Teatro Guaíra, às 21h. Os ingressos custam entre R$ 150 e R$ 70.

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