Nova novela do SBT atrai 1.500 aspirantes a estrela

A história reúne os mesmos elementos de qualquer dramalhão. Mas os preparativos para Canavial de Paixões, que tem estréia prevista para setembro no SBT, são uma novela à parte. O folhetim será mais um filhote “híbrido” da emissora de Sílvio Santos – que há dois anos vem dedicando a faixa das 20 h para empregar atores brasileiros em tramas criadas pela mexicana Televisa. De fato, a fila por uma vaguinha no elenco fica maior a cada produção.

Desta vez, o diretor de elenco Fernando Rancoleta avaliou nada menos que 1.500 atores e aspirantes ao posto – em Jamais Te Esquecerei não passaram de 800. “É um trabalho de maluco! Foram dez dias de testes, fora a peneira inicial, quando a gente recebe todo tipo de material dos candidatos”, valoriza, adiantando que os “eleitos” serão anunciados esta semana.

O papel da heroína, uma jovem bonita e valente, não só está vago como não tem sérias candidatas na bolsa de apostas. Já para viver a antagonista, Suzy Rêgo é considerada uma “barbada”. Deve levar o papel da vilã que, segundo Ecila Pedroso, responsável pela adaptação da novela, tem exatamente o seu perfil. “É uma mulher forte e mais velha que a mocinha. Achamos a cara da Suzy”, entrega. A atriz, por sua vez, avisa que adorou trabalhar em Amor e Ódio, de 2001, e não vê a hora de voltar às novelas.

Outra que está com um pé na emissora de Sílvio Santos é Débora Duarte. Fora da Globo desde Terra Nostra, em 2000, ela visitou os estúdios do SBT, em São Paulo, e esteve em conversação com o diretor do núcleo de teledramaturgia, David Grimberg. Carlos Casagrande, por sua vez, é o mais cotado para o papel de galã. Fernando Rancoleta jura, contudo, que não faz distinção entre famosos e desconhecidos na hora da seleção. “Escolho os mais adequados aos personagens. Como não temos um ?casting? de contratados como a Globo, precisamos descobrir novos talentos”, explica, orgulhoso de já ter “descoberto” atores como Caio Blat e Ana Paula Arósio.

É na esperança de ser a próxima revelação que atores em início de carreira se misturam a pessoas conhecidas por outros atributos, que não necessariamente dramatúrgicos. Submeteram-se aos testes para Canavial de Paixões, por exemplo, o eterno cigano Ricardo Macchi, os ex-big brothers Fabrício e Fernando, a ex-Tiazinha Suzana Alves e bonitonas como Ellen Roche e Patrícia Coelho, que também já “atuaram” na Casa dos Artistas. Ao lado deles, estavam os atores Bruno De Lucca, Igor Cotrim, Bruna Theddy, Diego Ramires e Afonso Nigro.

Mas a sorte dos candidatos depende de algo mais que talento. “É preciso ter o perfil que o personagem pede”, avisa Henrique Martins, diretor perpétuo das novelas do SBT -ele emplaca a sexta consecutiva. A trama de Caridad Bravo Adams narra a vida da corajosa Júlia Santos, disputada por dois homens e alvo dos rancores da própria família. “Pedi ao SBT locações de canavial e terra vermelha. Vou incluir ao texto original o problema dos bóias-frias, do corte da cana e da mecanização invadindo o campo”, adianta Ecila. As locações serão definidas nos próximos dias, entre cidades do interior de São Paulo, como Piracicaba, Iracemápolis, Jarinu e Elias Fausto.

Os atores selecionados para Canavial de Paixões terão pouco tempo de preparação. As gravações estão previstas para começar em três semanas e vão até o fim do ano. Em 1997, a versão original da novela foi exibida na rede CNT/Gazeta e virou o carro-chefe da emissora. Depois, com o acordo entre a Televisa e o SBT, a emissora de Sílvio Santos pensou em produzi-la no final de 2001. Mudou de idéia para não ser ofuscada por Esperança, da Globo, também ambientada no meio rural. Recentemente, chegou-se a temer pelo fim do núcleo de teledramaturgia do SBT, mas a emissora renovou o contrato com a Televisa e logo anunciou a produção da novela. “As novelas produzidas aqui têm dado bom retorno à emissora. Não vejo razão para o SBT abrir mão delas”, acredita o diretor de teledramaturgia, David Grimberg.

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