Nosso Victor Meirelles

Victor Meirelles nasceu em Nossa Senhora do Desterro -hoje Florianópolis – em 1832. Aos 15 anos, seguiu ao Rio de Janeiro para estudar na Academia Imperial de Belas Artes. Ele impressionou com um trabalho seu sobre a capital catarinense.

Estudando a fundo técnicas da pintura, ganhou o primeiro Prêmio de viagem à Europa, onde, visitando quase diariamente o Louvre, se apaixonou pela pintura histórica de David. E foi lá que construiu uma de suas obras-primas: a Primeira missa no Brasil, em 1861, aceita no Salão de Paris, fato inédito até então para um artista brasileiro.

Voltando ao Brasil, foi nomeado professor catedrático de pintura histórica da Academia Imperial, cargo que exerceu, trabalhando noite e dia até 1890.

Seu quadro Moema (1863) é um dos clássicos da visão indigenista brasileira. Mas foi com a Guerra do Paraguai, com os painéis gigantescos Passagem do Humaitá e Combate naval do Riachuelo que sua imaginação alcançou vôo de águia nas alturas, sem ouvir o grasnar dos vermes que o criticavam, justamente pela criatividade espantosa.

De certa forma, Victor Meirelles conseguiu paralisar o tempo, congelar os laços históricos, transformando-se num clássico à altura dos maiores mestres. Em 1875, começou a pintar a monumental Batalha dos Guararapes, grande saga da emancipação nacional, até hoje lembrada pelos que tem dentro de si a chama do patriotismo. Dedicou-se também a paisagens e retratos, sendo clássicos O juramento da Princesa Isabel, que hoje está no Museu Imperial de Petrópolis e o Retrato de D. Pedro II.

Antes de morrer, ainda iniciou a execução de um cilindro giratório gigantesco que permitiria ao espectador imóvel contemplar vários pontos da Cidade Maravilhosa.

Talvez por ter sido condecorado por D. Pedro II, foi menosprezado pela República, tendo mesmo sido demitido da Cátedra. O pintor do equilíbrio, do rigor no levantamento dos detalhes, passou a ser ignorado. Mas foi ele que nos deixou um dos maiores legados, como documentarista da nossa história, justamente num período em que a mesma carecia de testemunhas oculares.

Atraído pelo detalhe, fascinado pela cor, a obra do catarinense – que morreu na solidão da genialidade – merece ser reconhecida no mundo todo como um dos pontos altos da arte maior. Para ele toda homenagem é pouca…

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