Lina Nyberg mostra que sueca sabe cantar bossa nova

São Paulo (AE) – Em matéria de música brasileira, há alguns artistas internacionais que bem poderiam, digamos assim, ensinar o padre a rezar a missa. Nas mãos de gente como Lina Nyberg, Beck e Amon Tobin (este último com o desconto de ter nascido no Brasil), a música brasileira deixa de parecer tema de estudo antropológico para voltar, enfim, a ser música.

Diferente dos acima citados, porém, a música de Lina Nyberg passa longe das fórmulas do pop, conservando muito da bossa nova e do cool jazz que a originou, com percussão eletrônica bem marcada e truques ágeis de guitarra acústica (ou algo que parece ter saído de uma guitarra acústica, dentro das camadas eletrônicas que compõem o todo). Nascida em 1970 e formada pela Academia Real de Música de Estocolmo, já gravou oito CDs, incluindo um que se chamou Brasilien.

Suas canções são todas em inglês, mas isso, diferentemente do que acontecia nos anos 60s, com Frank Sinatra não sendo muito gentil com sua garota de ‘Eepaneima’ ou Tom Jobim puxando os erres sem muito sucesso, não tira nada da fluidez das canções. Dentro de muitas contradições, como uma cantora sueca fazer uma bossa mais nova que a daqui (ao menos a de hoje), há o título de seu show e último CD, Sargasso. A spereza pára por aí, exceto talvez por algo da desolação que a idéia sugere, já sentida na melancolia bossa-novista original, que ela bem reproduz. Tão bem funciona a combinação que faz imaginar que a saudosa ‘intelectualidade tropical’ dos anos 1950 e 1960 já houvesse surgido com recursos digitais…

Serviço: Lina Nyberg. Bourbon Street Music Club (450 lug). R. dos Chanés, 127, Moema, São Paulo, fone (011) 5095-6100. 4.ª (8), 22h30. R$ 45 e R$ 60.

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