Garota vê o mundo de modo diferente em ‘A Alegria’

Felipe Bragança e Marina Meliande, diretores do longa-metragem “A Alegria”, que estreia amanhã nos cinemas, querem conquistar um novo público. Filmado em digital e película, “A Alegria” valoriza muito mais a imagem do que a narrativa. “É um filme que estabelece uma relação diferente com o espectador. Ele exige uma reação. Não é o tipo de filme que a pessoa senta e se envolve, mas é desse tipo de cinema que a gente gosta e quer fazer”, define Marina.

Com enquadramentos belíssimos e locações curiosas do Rio de Janeiro, o filme conta a história de Luiza, uma menina que observa o mundo de modo diferente. Interpretada por Tainá Medina, que nunca tinha trabalhado como atriz antes, a personagem carrega a premissa, imposta pelos diretores, de ser uma super-heroína brasileira. Mas seus únicos superpoderes são falar por meio de metáforas absurdas e carregar seus amigos adolescentes à depressão.

É esse o problema de “A Alegria”. Focado quase que exclusivamente no visual, o longa-metragem deixa muito a desejar no roteiro e soa pretensioso. Apesar de tentarem retratar a juventude de classe média do Rio de Janeiro, os diretores criaram personagens que falam como adultos, agem como jovens com 25 anos em crise e vivem a cidade nos anos 70.

O Rio de Janeiro é mais um dos protagonistas de “A Alegria”. Os diretores buscaram explorar locais não tão abordados no cinema mas relativamente conhecidos por quem transita pela cidade. “Luiza é uma personagem que questiona essa imagem de cartão postal do Rio de Janeiro. Queríamos que os personagens ligassem esses espaços todos”, explica Marina. Para Bragança, outra preocupação foi levar para a telona a relação da cidade com o porto e seu papel histórico de comunicação com o resto do mundo. “Foi importante para a gente pensar nessa região portuária, que carrega uma identidade com uma presença quase que fantasmagórica no Rio de Janeiro”, afirma ele.

Os cenários vão da cidade turbulenta à praia deserta, o que ajuda a criar essa atmosfera de cinema independente que os diretores tanto desejam. Por ter sido filmado quase que inteiramente com câmera digital, o drama também ganha outra cor. “A parte feita em película marca a fase em que o filme se torna mais fantasioso”, explica Marina. Segundo ela, o visual criado com a filmadora digital colabora para acumular sentimentos e referências que, mais tarde, explodirão na tela com o visual da película. “A granulação do vídeo digital acompanha a intuição dos personagens que, no começo do filme, agem com um certo conformismo”, completa Bragança.

Toda essa explicação é um prato cheio para quem está descobrindo agora o cinema autoral brasileiro. E é esse público que os diretores de “A Alegria” pretendem atrair aos cinemas nesse final de semana. “São pessoas que acham que o cinema nacional não conversa com eles. O nosso filme está conectado com esse público”, afirma Felipe Bragança. Muito embora tenha uma proposta alternativa, Bragança cita como referências diretores aclamados, como Tim Burton e M. Night Shyamalan. “O filme mastiga várias referências, mas as constrói de outra forma”, conclui. As informações são do Jornal da Tarde.

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