Exposição de Uiara Bartira em Curitiba discute a relação entre arte e ciência

Uma das mais importantes artistas plásticas contemporâneas do Paraná, Uiara Bartira, apresenta a exposição ?Arte Decodificação Cosmológica?, a partir desta quinta-feira (9), às 20 horas, na Sala de Exposições Leonor Botteri da Escola de Música e Belas Artes do Paraná, em Curitiba. As obras da exposição se propõem a investigar a relação entre ciência e arte, estabelecendo um paralelo entre o mundo digital e a imagem analógica. O resultado pode estabelecer novas luzes sobre a relevância dos meios digitais na produção da arte contemporânea.

De acordo com Uiara, essa investigação vem sendo desenvolvida desde o início dos anos 80. ?Pressupõe-se que a gravura seja cerebral. Por esta razão, se faz necessário interpretar o cérebro para decodificar imagens em busca da gravura através da acupuntura cerebral, ativar neurônios e religar os espaços cósmicos que envolvem os disquetes cerebrais?, diz. Como referência para os disquetes cerebrais, ela utiliza tacos de madeira que são sobras do piso de seu atelier de gravura na Casa da Glória, onde mora, no Rio de Janeiro.

A artista explica que a pesquisa sobre o ?Já? e o ?Agora?, respectivamente ao ?Tempo? e ?Espaço? são feitas em busca do ?Lugar?, individualmente na memória. ?Eis a miragem: o futuro mais real que o presente. Isso não deve espantar numa vida acabada; é o fim que se toma pela verdade do começo. O defunto permanece a meio caminho entre o ser e o valor, entre o fato bruto e a reconstrução, sua história torna-se uma espécie de essência circular que se resume em cada um de seus momentos. A estética é a alma da ética?, afirma.

?A gente se desfaz de uma neurose, mas não se cura a si próprio, afirma um dos maiores filósofos franceses do século XX, Sartre. Em latim, arte é armar, e armar é igual a adaptar, equipar, arrumar ou arranjar. Arte não é somente executar, produzir, realizar, e o simples fazer não basta para definir sua essência. A arte também é invenção, não é só a realização de um projeto?, diz Uiara.

Nascida em Curitiba, a artista comemora seus 30 anos de formatura na Embap com essa exposição. Ela realizou estudos sobre gravura, desenho e pintura com Fernando Calderari, na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, e especializou-se em Gravura e Desenho, com Roberto DeLamônica e Marshall Glasier, na The Art Students League, além de Fotogravura, com Brenda Zlamony, no Bob Blackburn ? Workshop, em Nova York. Uiara foi responsável pela formação de uma geração de professores de gravura, pela implantação das oficinas da Casa da Gravura em 1980 e do Museu da Gravura Cidade de Curitiba, em 1989/93, período em que como tese de mestrado estuda e formaliza: ?A Evolução da Estética da Gravura Brasileira?.

A artista foi membro do Conselho de Arte da 21º Bienal Internacional de São Paulo e curadora geral das IX e X Mostras da Gravura Cidade de Curitiba e Brasil Reflexão 97 – A Arte Contemporânea da Gravura, este se constituiu em sua tese de Doutorado. Uiara participou de dezenas de exposições individuais e de mostras oficiais nacionais e internacionais, como em Taiwan, Porto Rico e Paris. Suas obras fazem parte dos acervos de inúmeros museus e coleções particulares de artes no Brasil, Egito, Austrália e Inglaterra.

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