Exclusão cultural preocupa o governo

O Ministério da Cultura vai investir R$ 3 milhões no Paraná dentro do programa Mais Cultura, que visa aumentar a acessibilidade da população às atividades culturais. Uma parceria foi estabelecida ontem com o governo do Estado, que dará uma contrapartida de R$ 1,5 milhão.

Para este ano está previsto o lançamento do edital que vai selecionar setenta pontos de cultura, uma das ferramentas do programa, que possuem o objetivo de potencializar iniciativas e projetos culturais nas comunidades. A assinatura do convênio contou com a presença do ministro da Cultura, Juca Ferreira, e aconteceu durante a escola de governo.

A exclusão cultural da população brasileira preocupa o ministro, que ontem apresentou dados alarmantes. Apenas 13% dos brasileiros frequentaram o cinema alguma vez; 92% nunca foram a um museu; o brasileiro lê, em média, 1,3 livro por ano; 73% dos livros estão concentrados nas mãos de apenas 16% da população. Ainda segundo Ferreira, o gasto mensal de uma família com cultura é de 4,4% do total de rendimentos, ocupando a 6.ª posição nas despesas.

Uma outra ferramenta que está sendo formulada pelo ministério para fomentar o acesso às atividades culturais. É o vale-cultura, um bônus mensal de R$ 50 para o trabalhador poder comprar algum produto, como CD ou DVD, ou assistir a algum espetáculo.

O beneficiado paga R$ 10 e o restante fica a cargo das empresas (que terão vantagem na adesão do programa) e do governo federal. “O vale-cultura vai funcionar igual ao vale- alimentação, um mecanismo conhecido da população. O trabalhador vai poder escolher o que consumir”, afirma Ferreira.

A medida deve beneficiar 16 milhões de pessoas. O projeto que cria o vale-cultura deve ser encaminhado ao Congresso Nacional em breve. “Vamos enviar como projeto de lei para poder tramitar rapidamente. A gente espera que em regime de urgência podemos aprovar rapidamente”, comenta o ministro.

Crise

Ferreira disse que a crise chegou na cultura brasileira. De acordo com ele, existe uma retração do empresariado em relação ao financiamento de atividades culturais.

A queda pode alcançar 40%, incluindo as empresas estatais. “Na atividade propriamente dita não há retração. A atividade cultural tende a resistir à crise. Mas o financiamento praticamente desapareceu”, esclarece o ministro.

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