E Se Elas Fossem Para Moscou inova entre cinema e teatro

Se o sonho das personagens de As Três Irmãs é ir para Moscou, o sonho nada secreto da diretora Christiane Jatahy é levar suas pesquisas de teatro e cinema para o foro do próprio cinema. Ela mostra E Se Elas Fossem para Moscou? num festival de teatro na Suíça, em setembro. Depois, em novembro, estreia a peça em Paris. Mas o que ela gostaria mesmo é de levar Moscou para um festival de cinema. Hesita em inscrever seu díptico. É muita mão de obra, exige circunstâncias especiais. Exige, isso sim – e ela sabe -, uma curadoria aberta ao novo.

Christiane pode ser uma das autoras/diretoras mais talentosas a transitar nessa área de fronteira – nas bordas do cinema e do teatro. Mesmo que não seja o melhor Eduardo Coutinho, Moscou trafega num universo próximo. O grande diretor fez seu documentário sobre os artistas do grupo mineiro Galpão, que encenavam justamente Chekhov – As Três Irmãs. Coutinho acompanha o dia a dia dos ensaios. Não interfere na interpretação dos atores. É uma forma de aprofundar a experiência anterior de Coutinho, Jogo de Cena – que é melhor.

Algo tem esse Chekhov, que atrai tanto os grandes encenadores (e diretores). Chekhov radiografou, em suas peças, o fim de uma era, na Rússia pré-revolucionária. Na peça As Três Irmãs, as últimas palavras são de Olga – “Nossa vida não terminou. Nós viveremos.” Ela diz isso com amargura, mais que com esperança. Em Moscou, quem diz a frase é o próprio diretor, Coutinho. Antes dele, e do díptico de Christiane, Louis Malle fez outro Chekhov, Tio Vânia em Nova York. Na contramão da diretora brasileira, Malle, filmando atores que leem a peça, também abriu uma via inovadora para o diálogo entre cinema e teatro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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