Conversa com o pai da Mônica

Fotos: Divulgação

A animada turma criada por Maurício de Sousa está em cartaz nos cinemas de todo o País.

Quem ainda achava que o autor dos planos infalíveis contra a Mônica era mesmo o Cebolinha… Passou perto, mas não acertou. O verdadeiro autor de todas as histórias da Turma da Mônica, você sabe, é o Mauricio de Sousa. Com 71 anos, estatura mediana e sorriso encantador, ele recebeu a reportagem para um bate-papo nos estúdios da Turma da Mônica na Lapa, zona oeste da capital paulista. Nessa conversa, ele – que foi homenageado pela Unidos do Peruche no Carnaval paulistano este ano – contou de sua infância, do processo de criação dos personagens e dos próximos passos dessa turminha que adora arrumar uma confusão.

AE – Como foi a sua infância? O que você gostava de fazer?

Maurício de Sousa – Eu tive uma infância ótima, no interior. Minha família era grande e morava toda na mesma rua, isso era formidável.

AE – E quando você começou a desenhar?

Sousa – Na verdade, todas as crianças desenham, a diferença é que eu não parei. Eu comecei na observação porque o meu pai pintava e desenhava. Eu ficava pensando: vou fazer história em quadrinho. Eu queria criar meu próprio gibi, inventar meus próprios personagens. Quando surgiu a oportunidade, comecei a trabalhar com isso no jornal.

AE – Como é a criação de novos personagens?

Sousa – Vem da necessidade de contar uma história. Para isso eu precisava de um artista, de um intérprete. Então fui buscar o Bidu, depois o Franjinha, o Cebolinha. O engraçado é que no começo eu só sabia contar histórias de moleques, de meninos, porque eu conto bem histórias que eu já vivi. Como eu não tinha sido menina, eu não sabia como era. Eu precisei buscar inspiração pra saber como agem as meninas, na Mônica, na Magali, na Maria Cebolinha, que são as minhas filhas.

AE – Então, você busca sempre inspiração nas pessoas que estão perto de você?

Sousa – Sim, nos meus filhos, netos, bisnetos, amigos, pessoas conhecidas. A Mônica é a minha filha, o Franjinha é um sobrinho meu, o Chico Bento era um tio-avô, a avó Dita era a minha avó, e assim por diante. Mas nenhum personagem é inventado. Eu pego as características das pessoas e transformo em desenho.

AE – E você se identifica com quais personagens?

Sousa – Eu sou uma mistura de vários personagens: tenho um pouco de pai da Mônica, Chico Bento, Bidu, Jotalhão e Horácio. Eu gosto dos animais porque você pode fazer fábula mais fácil com eles. O Jotalhão é o meu lado bonachão, o Bidu é o lado brincalhão, o Horácio é o lado filosófico, na verdade o Horácio é uma história de autor.

AE – Quantos personagens você já fez?

Sousa – Mais de 200. Mas os que são mais usados mesmo são uns 60.

AE – O que mudou na Turma da Mônica e por que mudou?

Sousa – Eu tenho que ficar ligado em tudo que está acontecendo com a garotada, no jeito de falar. Algumas pessoas se queixam que a Turminha está usando gíria, algumas expressões modernosas, mas a criançada está usando isto. Eu tento pensar mais nas crianças, mas eu tenho que agradar a avó, o pai e o filho.

AE – Quais são os próximos planos para a Turma da Mônica?

Sousa – Temos um monte…

A Turma da Mônica começou o ano de cara nova. A primeira mudança de 2007 foi de editora. A Turma saiu da Globo e foi para a Panini. Os fãs já devem ter notado a mudança e os colecionadores aproveitam para recomeçar a coleção do número 1. O que mudou foram as cores, a sombra e o papel. Segundo Mauricio de Sousa, a mudança aconteceu porque ele queria exportar a revista. Por isso escolheu uma editora que tivesse um pé fora do Brasil.

Além da mudança de editora, estreou na semana passada mais um filme da turminha: Turma da Mônica – Uma aventura no tempo. É o décimo longa da Turma.

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