Comunidade cigana insatisfeita com Lei Rouanet

A Lei Rouanet, criada em 1991 para incentivar os investimentos na cultura, exclui os grupos discriminados historicamente. Esta população também não é atendida pelo Fundo Nacional de Cultura (FNC), outra ferramenta de apoio para projetos. A afirmação é de Cláudio Iovanovitchi, presidente da Associação de Preservação de Cultura Cigana (Apreci) e membro do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República. A entidade teve três projetos para a captação de recursos pela FNC negados pelo Ministério da Cultura. Para Iovanovitchi, a falta de apoio do governo federal está minando a cultura cigana.

O presidente da Apreci conta que apenas artistas com renome nacional estão conseguindo recursos por meio da Lei Rouanet. Pelo FNC, a situação também não é favorável, apesar deste programa ser destinado para projetos sem apelo na mídia. A entidade não conseguiu recursos por meio do FNC para atividades que visavam a divulgação da cultura cigana. A entidade tentou captar recursos por meio da Lei Rouanet, mas encontrou dificuldades em convencer os empresários a investirem neste tema. A Apreci já conseguiu realizar projetos de difusão da cultura cigana em Curitiba – por meio de lei municipal de incentivo – e no Paraná – com apoio da Secretaria de Cultura.

Iovanovitchi acredita que somente com propagação da cultura é que os ciganos podem mudar a imagem errônea que têm perante a sociedade. ?Somos ignorados pelo governo federal. Ninguém sabe quantos somos, qual é a nossa cultura. Somos um grupo discriminado historicamente. Não temos a nossa história contada. Contar a nossa história é a melhor forma de aniquilar esta imagem. Para acabar com um povo, basta negar a sua cultura. E é isto o que está acontecendo. É um genocídio cultural?, opina.

O presidente da Apreci comenta que o conhecimento das tradições ciganas vai permitir a inclusão deste grupo na sociedade. Mas esta inserção deve acontecer sem desrespeitar a cultura dos ciganos. O esquecimento causa inúmeras dificuldades. ?O maior problema é que os ciganos são nômades, não possuem residência fixa ou CEP. Mas para ter acesso aos serviços básicos é necessário tudo isso?, relata. Estima-se que 600 mil ciganos vivam no Brasil.

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