André Frateschi lança disco autoral, ‘Maximalista’

Depois de 8 anos interpretando David Bowie no projeto Heroes, ao lado da parceira e mulher Miranda Kassin, fica difícil olhar para André Frateschi e não enxergar um pouquinho do camaleão do rock. Está ali, implícito, porém intacto. “São muitas as influências dele na minha vida, incluindo neste novo trabalho. Talvez musicalmente isso não fique tão claro em alguma música, mas Bowie é um artista completo e que me inspira todos os dias. Ele sempre estará dentro de mim”, explica ele.

Agora pai de família e com os cabelos menos descoloridos do que os do ídolo do rock, Frateschi lança seu primeiro álbum autoral, Maximalista. O disco só chega às lojas em agosto, mas o show de lançamento será na quinta-feira, 26, no Sesc Pompeia. “Nunca tive pressa, foi um processo necessário para entender melhor minha própria essência. O reflexo disso tudo está em Maximalista”, afirma o músico e ator paulistano de 39 anos, que recebeu a reportagem do jornal O Estado de S.Paulo para um bate-papo em sua casa na zona oeste de São Paulo.

Ele conte que escolheu interpretar David Bowie por ter admiração. “Minha admiração começou quando ganhei o Aladdin Sane (1973). Tinha 9 anos. Achava que aquele cara era um super-herói, sei lá. Não entendia muito bem o Bowie. Depois de ter tocado em algumas bandas, queria interpretar alguém desafiador, tanto na parte vocal quanto na artística. O David Bowie tinha esses ingredientes, pois ele sempre esteve envolvido em todas as decisões da sua carreira, do figurino à iluminação. Ele é um artista completo, um dos maiores cantores do século. Foi um aprendizado único e que me deu bagagem para este novo disco.

O novo disco conta com a participação do pianista de Bowie, Mike Garson. Ele conte que queria incluir piano em algumas composições. “Estava no metrô e fiquei pensando em quem poderia fazer isso. O Mike Garson seria perfeito, imaginei, mas aquilo era algo tão distante. No entanto, resolvi mandar um e-mail. Disse que era um músico brasileiro, fã do trabalho dele e tinha algumas músicas. Para minha surpresa, ele respondeu. Pediu para que eu mandasse o material. Fiquei ainda mais em choque quando ele disse que tinha adorado. A partir daí, começamos a trabalhar juntos. Chorei muito quando ouvi o resultado final. Ficou lindo. Foi um sonho realizado. Ficamos amigos e ainda devo uma visita a ele em Los Angeles.”

Maximalista tem letras fortes. Queda e Eu Não Tenho Saco externam bem isso. Ele conta que “Maximalista é um disco que fala sobre o caos urbano e o significado de pertencer a uma cidade frenética. As letras, no geral, externam os sentimentos de uma pessoa normal dentro de toda essa esquizofrenia coletiva. Eu nasci sentindo cheiro de fumaça de caminhão. Esse é o nosso Brasil paulistano. O disco fala de angústia e pressa. Elementos que não se aplicam apenas a São Paulo, mas a outras metrópoles. A música brasileira está muito identificada com o que ela mostrou para o mundo. Isso inclui o samba e a bossa nova, as grandes tendências musicais brasileiras. Esses gêneros, entretanto, não englobam o variado leque de músicos que temos. Por incrível que pareça, continua sendo difícil fazer rock’ n’ roll no País. Você é considerado americanizado ou indie. Minha vontade também era de falar sobre isso. Mostrar ao público que o que eu faço é tão brasileiro quanto um banquinho e um violão”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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