A dupla Neon Neon vem ao Brasil

Quando formaram o duo Neon Neon, Gruff Rhys – líder da banda galesa Super Furry Animals – e Bryan Hollon, também conhecido como o produtor de música eletrônica Boom Bip, não achavam que um grupo experimental cujo único álbum conceitual falava da vida do engenheiro e empresário de carros John DeLorean fosse fazer tanto sucesso. Não só o grupo foi um hit nos festivais de verão europeus, chegando a tocar na Austrália e Japão, como o disco Stainless style foi indicado para o Mercury Prize, um dos mais prestigiosos do meio.

Agora, a dupla vem ao Brasil para o TIM Festival mostrar, na noite Novas Raves, por que virou a nova queridinha da crítica. Eles se apresentam na próxima quinta-feira, dia 23, em São Paulo, e no sábado, 25, no Rio. Bryan Hollon falou em entrevista exclusiva sobre a expectativa de tocar no Brasil e sobre a sua parceria musical com Gruff Rhys.

P) Então esta será a sua primeira visita ao Brasil. Já sabe o que esperar?

Bryan Hollon: Estou incrivelmente animado com a viagem. Tenho alguns amigos que costumam ir ao Brasil com freqüência, então tenho uma noção um pouco mais realista do que esperar, acho eu. Se é como me contam, vou encontrar um tempo lindo, pessoas lindas, comida incrível e uma quantidade insana de baladas. Quem não vai querer ir a um lugar desses?

P) Já tem planos para quando estiver por aqui?

BH: Tenho que visitar alguns amigos. Adoraria ir a sebos comprar discos em vinil. Principalmente coisas antigas, que você não consegue achar online. Mas provavelmente vou acabar fazendo aqueles típicos programas turísticos, das coisas que não se pode perder quando se visita o país. Infelizmente vou ao Brasil por apenas dois ou três dias, então o meu tempo é bastante limitado.

P) Você tem viajado bastante com esse projeto, não é?

BH: Com certeza. Estivemos na Austrália, tocamos também no Japão no início do ano. Estivemos nos apresentando durante o verão nos festivais da Europa e Reino Unido, que foi muito legal. Na verdade só não tocamos ainda nos EUA, o que eu gostaria que acontecesse. Enfim, este ano a agenda não deu. Infelizmente. Também adoraria ir ao México.

P) Você e Gruff têm declarado que Neon Neon seria um projeto de um disco só. Depois de tanto sucesso ainda pensam assim?

BH: No que concerne o tema de John DeLorean, que é o que tratamos neste disco, o projeto está terminado. Esse assunto está encerrado. Entretanto, Gruff e eu queremos continuar colaborando um com o outro. Por isso, provavelmente faremos um outro projeto no futuro com tema e visual totalmente diferentes.

P) Como funciona essa colaboração, já que vocês dois moram em continentes diferentes? Vocês se encontram fisicamente para compor ou fazem as músicas de forma virtual?

BH: Com este projeto queríamos estar fisicamente no mesmo espaço para fazer o som e escrever. Por isso ficamos quase dois anos para concluir este projeto. A gente teve que fazer ajustes para eu poder ia a Londres e o Gruff vir a Los Angeles de forma que pudéssemos estar juntos gravando. Felizmente a minha gravadora fica em Londres e eu também costumo ir muito ao Reino Unido com o meu trabalho como Boom Bip e isso nos proporcionou muito tempo juntos, o que foi ótimo. É complicado, mas ao mesmo tempo relativamente fácil, já que os dois viajam muito. Era só uma questão de organizar as agendas.

P) Ficou surpreso de receber uma indicação para o Mercury Prize?

BH: Sem dúvida. O Mercury é um dos prêmios mais importantes da nossa área. O jeito como os indicados são escolhidos e o painel de jurados é de primeira linha. Todos possuem um conhecimento muito bom da indústria e é, muito importante saber que essas pessoas entenderam o nosso trabalho, nosso conceito e que conseguiram enxergar aquilo que queríamos dizer. Isso tem muito mais peso do que uma votação popular, em que qualquer anônimo na internet pode votar mil vezes.

P) O que mais tem feito musicalmente?

BH: Tenho trabalhado em uma série de remixes do Neon Neon. Estou também na produção de meu próximo disco como Boom Bip que espero estar pronto no início do ano que vem. Mas este ano passei muito tempo na estrada, então tem sido difícil passar muito tempo no estúdio, por isso ando produzindo menos do que gostaria.