São Paulo x Inter, quem foi melhor em 2006?

São Paulo – Quem deu as cartas no futebol brasileiro em 2006 foram  Internacional e São Paulo, certo? Mas o craque da temporada não veste a camisa vermelha ou a camisa tricolor. Aliás, não veste uniforme nem calça chuteira. Não é Fernandão nem Rogério Ceni. Os cartolas Fernando Carvalho e Juvenal Juvêncio foram os protagonistas do ano. Exagero? Só para quem não os conhece nem trafega pelos bastidores dos dois principais clubes do futebol brasileiro neste ano que termina. Além de comandarem com mão de ferro os destinos dos clubes, montam pessoalmente os elencos, buscam entender a ?alma? de seus atletas e palpitam muito na escalação das equipes.

Juvenal Juvêncio, fazendeiro criador de cavalos mangalarga, fumador de cachimbo, velho e astuto negociante, é o arquiteto do time do São Paulo que ganhou estadual, Brasileiro, Libertadores e mundial nos últimos dois anos. Vários técnicos passaram pelo clube e deixaram suas marcas nos últimos quatro anos. Cuca, Leão, Paulo Autuori e Muricy, todos eles, deram boas contribuições para o São Paulo ter se tornado uma potência futebolística. Mas, por trás deles, sempre esteve o atual presidente, que antes foi vice de futebol e, antes ainda, eminência parda.

?Você precisa entender o mundo do jogador, falar a língua dele?, afirma Juvêncio, que costuma presentear seus atletas mais queridos com cavalos de sua criação. A filosofia de manter comissão técnica, médicos, fisiologistas, observadores, independentemente do técnico que chegue? Coisa dele.

Fernando Carvalho, que transpira futebol 24 horas por dia, é parecido. Pegou um Internacional que patinava na contabilidade e na classificação dos campeonatos e entregou a presidência em dezembro de 2006 com superávit, casa arrumada, estádio reformado e taças na sala de troféus. Quer dizer, entregou nada! Sem o cargo de presidente (o estatuto do clube o impede de ser reeleito), Carvalho terá tempo para fazer o que mais gosta, que é observar jogadores, contratar e dar seus pitacos no futebol -com essa ?obra?, ele colocou o Inter como um dos mais sérios competidores do São Paulo, que antes via apenas Santos e Cruzeiro como rivais no assédio aos principais jogadores do País.

Abel não se incomoda

Abel Braga conhece a fera e parece não se incomodar com a interferência de Fernando Carvalho, feita com elegância e sabedoria. Quem não gosta de um palpite quando ele funciona? Por exemplo: depois da perda do Gauchão para o rival Grêmio em pleno Beira-Rio, Carvalho chamou Abelão para uma conversa e, em outras palavras, pediu (ou exigiu) que ele voltasse a escalar o ?time

do Muricy?, com os jogadores que foram vice-campeões brasileiros em 2005, na seqüência da Libertadores.

Deu certo.

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