São Paulo vai mudar para encarar o líder na toca

A derrota para o Internacional, por 2 a 0 no sábado, em pleno Morumbi, teve mais reflexos do que as vaias dos torcedores a Kaká e o coro de ?pipoqueiros? aos jogadores. A preocupação domina o clube já que depois da decepcionante partida, o adversário de quarta-feira no início do returno do Brasileirão será o líder Cruzeiro, em Belo Horizonte. O esquema tático será mudado, Kaká atuará no meio-campo, como gosta. E terá de ser solidário, tocar a bola aos companheiros.

“Estou muito chateado, não consegui dormir direito. O time foi mal demais contra o Internacional. Foi bem marcado. Iremos mudar contra o Cruzeiro. Precisamos reagir”, avisava ontem, preocupadíssimo Milton Cruz, auxiliar de Rojas.

Kaká é a principal preocupação da comissão técnica do clube. Depois de haver jogado muito bem na seleção sub-23, o jogador voltou a atuar mal demais com a camisa do São Paulo. Individualista, desperdiçou vários ataques tentando provar seu futebol diante da torcida. Em nada ele ajudou Luís Fabiano. E foi xingado pelos torcedores. “É injusto o que estão fazendo comigo no São Paulo. Não perdi sozinho. Fui muito bem na seleção brasileira e aqui sou vaiado, xingado”, dizia, tenso, Kaká.

“O que atrapalhou o São Paulo foi o individualismo. Isso não estava acontecendo e o time estava acumulando pontos. Foi a pior partida desde que eu assumi. Precisaremos ter uma conversa séria com o grupo porque isso não irá se repetir”, desabafava Rojas, evitando citar nominalmente qualquer jogador.

“O que está atrapalhando o Kaká é essa história de vende, não vende. Os torcedores ficam irritados em saber que o ídolo está para deixar o clube e acabam descontando a frustração da derrota nele.

O meu medo é que esta pressão faça a diretoria resolver vendê-lo mesmo”, diz o superintendente e médico Marco Aurélio Cunha.

“Ele não merece o que os torcedores estão fazendo com ele. O Kaká tem ótimo caráter e ama o São Paulo. Vai chegar o dia que ele pode não gostar mais do nosso clube. E aí, como ficaremos?” perguntava, preocupado, o presidente Marcelo Portugal Gouvêa sem tocar no péssimo futebol do meia contra o Internacional.

O dirigente também não falou da nova proposta que o Milan irá fazer por Kaká. O diretor-geral Ariedo Braida e o ex-jogador Leonardo virão ao Brasil para subir a oferta de US$ 8 milhões pelo meia. A diretoria do São Paulo irá recebê-los e, segundo a imprensa italiana, aceitaria US$ 12 milhões para negociá-lo.

Para os repórteres italianos, o procurador do jogador, Wagner Ribeiro, afirmou que esta é a última chance de o São Paulo vender Kaká. Se não for agora para o Milan, ele já teria combinado com o meia esperar até fevereiro de 2005, quando termina o seu contrato com o clube. A partir daí, ele teria o seu passe e o São Paulo não ganharia um centavo. E Ribeiro adiantou que não aceitará por ?dinheiro algum? a prorrogação do contrato. O procurador que foi oferecer o atleta ao Milan não está autorizado a participar da reunião entre a diretoria do São Paulo e a do clube italiano.

Modelos

As críticas foram tantas em relação às modelos que atrapalharam o treinamento do São Paulo na véspera da derrota diante do Internacional que o presidente Portugal Gouvêa resolveu agir. Anunciou ontem que fará uma reunião com o principal crítico, Rojas, e os jogadores do São Paulo sobre o assunto. “Ouvi muita coisa pela imprensa. Mas quero saber do Rojas e dos atletas se a promoção com as modelos realmente atrapalhou. O São Paulo é uma instituição que precisa atrair dinheiro para pagar os salários dos atletas. Mas se esse tipo de atividade nos prejudica, ela não voltará a acontecer”, promete. “Eu continuo com a minha opinião. O que aconteceu (a visita das modelos) deu margem às pessoas usarem o fato contra nós. Sou funcionário do clube, mas mantenho a minha opinião contrária”, reafirmava Rojas.

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