Roberto Carlos é opção nos laterais

Com o time definido para a estréia na Copa do Mundo contra a Turquia, o técnico Felipão decidiu utilizar o último dia de treinos em dois horários antes da partida de segunda-feira para aprimorar algumas situações de jogo. No período da manhã, pela primeira vez com tempo fechado, a prioridade foi o ensaio de cobranças de lateral por Roberto Carlos como mais uma opção de ataque.

Com Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho e o zagueiro Lúcio posicionados na grande área e Juninho Paulista na sobra, o lateral do Real Madrid lançava a bola para Rivaldo, que matava no peito e devolvia a bola para Roberto cruzar para a área. A jogada foi treinada exaustivamente, mas em nenhum momento com os jogadores reservas participando e fazendo o papel de marcadores.

Preocupado com a forte marcação que a Turquia deve exercer, Felipão exigiu muito dos jogadores para que a saída de bola fosse feita da forma mais rápida possível. Para isso, comandou um “dois toques” para aprimorar o entrosamento e a habilidade dos jogadores.

À tarde, com a temperatura mais baixa e todos de manga comprida, foi a vez de um treino tático, quando Felipão continuou a insistir em uma forte marcação na saída de bola do time adversário, com a participação dos jogadores mais ofensivos. A todo momento, Scolari parava o treino para corrigir o posicionamento dos jogadores. Com boa movimentação em campo, Ronaldinho Gaúcho teve uma atuação destacada. O atacante Ronaldo, por outro lado, ainda teve uma participação sem o brilho esperado. Quando Ronaldinho Gaúcho sofreu um pênalti, uma certa expectativa ficou no ar, já que no dia anterior os brasileiros conseguiram desperdiçar oito cobranças de pênaltis. Desta vez, porém, tudo foi diferente. O próprio Ronaldinho, definido como o cobrador oficial, bateu e converteu. Em seguida, foi a vez de Ronaldo, também com sucesso. Rivaldo, quando marcou o seu logo depois, chegou até a comemorar. A seqüência foi finalizada com Juninho Paulista.

Treino encerrado, o goleiro Dida e o atacante Ronaldo não foram embora com o restante do grupo. Ficaram no Mipo para 15 minutos de corrida. A comissão técnica diz que o atacante ainda não está em sua condição ideal e por isso vem submetendo o jogador a cuidados especiais de condicionamento físico.

Turco promete parar Ronaldo

O zagueiro Alpay Ozalan ajudou a quebrar a rotina meio modorrenta da seleção brasileira, na semana que antecede a estréia no Mundial. O jogador turco que atua no Aston Villa apimentou um pouco o tempero do duelo de segunda-feira no Estádio Munsu ao afirmar que sabe como anular Ronaldo. A previsão que faz é a de que o craque da Internazionale não terá liberdade nem espaço para movimentar-se e arriscar chutes contra o gol de Rustu. Se a estratégia der certo, o Fenômeno será um fiasco. “Ele deve estar preocupado, porque sabe da dificuldade que terá ao me encontrar”, anunciou o atleta, sem cerimônia e sem corar.

“Deixa ele falar o que quiser”, ponderou Rivaldo, acostumado a todo tipo de provocação em épocas de jogos importantes. “Na segunda, vão ver o velho Ronaldo em ação”, advertiu o astro do Barcelona, que pelo menos por enquanto fica em segundo plano na escala de preocupações dos rivais. “Esse tipo de comentário não abala a gente em nada”, emendou.

A bravata do turco não abala, mas serviu para cutucar outras feras de Felipão. O lateral Roberto Carlos recorreu à prudência, ao lembrar que muitas vezes o que se fala fora de campo não ocorre durante uma partida. “Tem gente falando que sabe tudo?”, questionou. “Ótimo. Vamos ver o que faz dentro do gramado”, ponderou. “E, se ganhar, no fim da partida, vou e cumprimento”, prometeu, para emendar com a velocidade de seus arremates. “Tenho muita fé na minha seleção e declarações como essa não acrescentam nada.”

O lateral Cafu garante que não perderá o sono. Nem o sorriso que ostenta mesmo em situações de tensão. O titular da Roma encarou a frase do rival como um aperitivo para a partida que abre o Grupo C, em Ulsan. “Isso é normal”, comentou, com a naturalidade de quem conviveu com a rivalidade entre Palmeiras e Corinthians e hoje sabe de perto o que significam, por exemplo, os dias anteriores a um clássico com a Lazio. “Para mim, não muda coisa alguma. Mas a gente precisa tomar cuidado com o que fala e não faz.”

O capitão Emerson seguiu linha semelhante à de seus companheiros, mas admitiu que esse tipo de comportamento o estimula. “Só o fato de estar numa Copa, já é para motivar qualquer um”, argumentou. “Além disso, ninguém gosta de críticas ou que duvidem de sua capacidade”, reconheceu. “Por isso, me animo com esse tipo de frase. Serve para a gente continuar o trabalho sempre com mais empenho.”

Mas nem tudo é picuinha. Há gestos de gentileza, que superam rivalidades. O meia Emre, da Inter de Milão, pediu desculpas a Emerson por entrada violenta em jogo com a Roma, na temporada recém-encerrada. O brasileiro agradeceu e disse que o episódio está superado e não influirá na batalha que ambos devem travar no meio-campo. “Foi uma atitude simpática e eu aceito que ele falou”, como prova de que o futebol deve ser movido por pequenos conflitos, mas sem que se transformem em guerras de verdade.

Marcos estréia com moral

Mesmo antes de defender três pênaltis no coletivo de quarta, no Ulsan College, o goleiro Marcos já podia ser apontado como um dos destaques da seleção brasileira no período de treinos para a estréia da Copa do Mundo. Com uma dedicação exemplar, vem se aperfeiçoando diariamente naquilo que mais gosta de fazer.

O treinador de goleiros Carlos Pracidelli também treina a reposição de bola e a saída de gol para a interceptação de cruzamentos. Faz isso com os três da posição – Marcos, Rogério Ceni e Dida. “O Marcos é muito regular e muito rápido”, afirmou o auxiliar do técnico Luiz Felipe Scolari. O titular do time parece lisonjeado com tantos comentários favoráveis.

“Antes, em três anos, convocaram 35 goleiros, 26 laterais e assim por diante. Não podia dar certo”, disse o goleiro. Apesar das referências de Pracidelli, ele faz uma pequena ressalva sobre suas condições. “Esta semana ainda venho sofrendo um pouco por causa do cansaço das últimas viagens.” Depois, porém, confirma a previsão da comissão técnica. “Vou chegar bem preparado no Mundial”. (Silvio Barsetti e Wagner Vilaron)

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