Ribeirão do Pinhal homenageia ídolo do Coritiba

A ?dupla caipira?, Tião Abatiá e Paquito, está de   volta. O terror das defesas adversárias, em campo, juntos, mais uma vez. Porém, devido a problemas médicos, Paquito não poderá jogar, mas estará presente.

Ontem Tião Abatiá recebeu uma homenagem em Ribeirão do Pinhal, cidade onde reside. Ele foi condecorado com o título de cidadão honorário riberopinhalense. Hoje, uma partida mais do que especial. Amigos da época de Coritiba, como Aladim, Cláudio Marques, Nilo, Zé Roberto, dentre outros, já confirmaram presença e irão se juntar à festa. Confira a entrevista de Tião Abatiá, um dos maiores jogadores do futebol paranaense na década de 70.

Tribuna: Como você surgiu para o futebol? Onde começou a jogar?

Tião Abatiá: Estudava no colégio Cristo Rei, em Jacarezinho. Tinha uns 400 moleques de várias categorias, infantil, juvenil e amador. Fiquei seis anos jogando por lá. Eu sempre gostei muito de futebol e em 1965 fui estudar em Cambará porque tinha um time profissional no colégio. Fui escondido da família porque eles não queriam que eu fosse jogador. Mas graças a Deus sempre confiei no meu potencial e deu tudo certo.

Tribuna: Você e o Paquito formaram um ataque infernal pelo União Bandeirante e depois no Coritiba. Qual era o segredo dessa dupla?

Tião Abatiá: Não tinha segredo. A gente se conhecia muito bem devido aos anos em que jogamos juntos. Acredito que depois de Pelé e Coutinho, ?a dupla caipira? foi a que esteve mais tempo em atividade no futebol brasileiro. Atuamos sete anos juntos e era muito fácil jogar ao lado do Paquito. A gente se conhecia tão bem que nem precisava olhar pra saber onde ele estava. Foi uma época inesquecível e muito gostosa.

Tribuna: De todos os marcadores que você enfrentou, quais eram os mais difíceis de serem superados?

Tião Abatiá: Joguei contra muita gente boa, mas sem dúvida nenhuma os mais ?chatos? eram o Luís Pereira, da seleção e do Palmeiras, e o Figueroa, chileno, do Internacional. Não gostava de jogar contra eles. Eram dois monstros e dificultavam muito a nossa vida. Hoje não se encontram mais jogadores dessa categoria atuando no Brasil. Naquela época a identificação com o clube era muito maior.

Tribuna: Quem foi seu maior ídolo dentro do futebol e o melhor treinador com quem trabalhou.

Tião Abatiá: Adorava o Pelé, o rei do futebol. O ?negão? era um gênio. Em um jogo entre Coritiba e Santos em 1971, tinha umas 30 mil pessoas no Couto. Claro que vieram pra ver o Pelé. Ganhamos o jogo por 1 a 0 com um gol meu. Sabe qual foi a manchete da Tribuna no dia seguinte? ?Deu Abatiá no espetáculo do rei Pelé!? (risos). Tenho esse jornal guardado até hoje. Foi um jogo em que os nervos estavam a flor da pele e o Elba de Pádua Lima, o popular Tim, soube controlar a partida a nosso favor. Aliás, ele foi o meu melhor treinador. Era muito inteligente e tinha o grupo na mão. Sabia extrair o máximo de cada jogador e também era muito estrategista.

Tribuna: O Coritiba está na 1.ª divisão novamente. O que você espera do clube para o ano que vem?

Tião Abatiá: Torço pelo Coritiba, mas também pelo futebol do Paraná. Vivi meus melhores momentos atuando com a camisa do Coxa. Só que pro ano que vem tem que reforçar o time. O elenco é muito fraco pra disputar uma Série A do jeito que o clube merece. Tem que arrumar.

Paquito

Não poderia faltar a palavra do parceiro da ?dupla caipira?. Paquito abandonou o futebol e agora se dedica à cultura da cana-de-açúcar em Cambará. Infelizmente não está muito bem de saúde e não vai poder jogar, mas garantiu que vai estar presente na festa. ?Vou fazer um cateterismo e não posso jogar. Mas vou dar um pulo lá para prestigiar o meu grande amigo?, disse.

Sobre a dupla infernal que formou com Tião Abatiá, Paquito não poupa elogios ao colega. ?Foi uma parceria que deu certo dentro e fora de campo. Ele é uma grande pessoa e merece essa homenagem pelos serviços prestados ao futebol?.

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