Demissão acelerada

Convicção do Paraná Clube em Micale mudou com Claudinei Oliveira no mercado

Claudinei Oliveira teve duas passagens pelo Tricolor, em 2014 e 2016, quando saiu após um início ruim na Série B. Foto: Marcelo Andrade

O apoio público da diretoria, na semana passada, e dos jogadores após o empate em 1×1 com o Botafogo, no último domingo (12), não foi o suficiente para manter Rogério Micale como técnico do Paraná Clube. Mais do que o trabalho que vinha sendo feito no dia a dia, os resultados em campo acabaram pesando na decisão. Só a convicção já não bastava para tentar uma reviravolta no Campeonato Brasileiro. Na noite de terça-feira (14), veio a decisão pela demissão do treinador.

O que acelerou essa troca da noite para o dia foi a opção no mercado. Claudinei Oliveira se desligou do Sport no domingo. Em 2016, ele só foi embora após um começo ruim na Série B. Era o nome favorito da diretoria, que não pensou duas vezes. Quando recebeu o ‘sim’ do treinador, recorreu à demissão de Micale.

Com apenas 14 pontos somados, o Tricolor é o lanterna da competição e nos últimos cinco jogos foram uma vitória, um empate e três derrotas. Ao invés de mostrar evolução com quase um mês de treinamentos, o time paranista parece ter piorado, mesmo com a vinda de reforços. No entanto, o time já não vinha conseguindo render. E o próprio Micale sabia disso.

Após a derrota em casa por 1×0 para o Ceará, o comandante paranista mudou o discurso. Sem mais proteger o grupo, passou a disparar a metralhadora e dividir a responsabilidade pelos resultados ruins. Com um tom defensivo, o técnico alegou que não era ele quem estava em campo para chutar a gol e pela primeira vez abriu os treinamentos para a imprensa, que pode observar as falhas grotescas nas atividades. Eram as peças que tinha em mãos.

Além disso, perdeu jogadores por lesão, como o meia Nadson, contratado neste período sem jogos, e o meia Maicosuel, principal nome do elenco, veio sem estar 100% fisicamente. Mas, diante da necessidade, foi preciso já utilizá-lo.

Em 24 jogos no Tricolor, Micale conquistou apenas sete vitórias. Foto: Felipe Rosa
Em 24 jogos no Tricolor, Micale conquistou apenas sete vitórias. Foto: Felipe Rosa

No total, foram 24 jogos, com sete vitórias, sete empates e dez derrotas, totalizando 38% de aproveitamento. Começou bem no segundo turno do Campeonato Paranaense, só que caiu na semifinal diante do Londrina. No Brasileirão, a equipe nunca respirou direito e passou quase todas as rodadas na zona de rebaixamento.

“Nossos números, de uma forma geral, não são ruins. Na grande maioria dos jogos, tivemos posse de bola, troca de passes, finalizações. Mas, sei que futebol, no final, se resume a bola na rede. Por isso, decidimos, em comum acordo, por antecipar o fim do vínculo”, disse o ex-treinador.

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No site oficial, o Paraná Clube alegou um ‘comum acordo’ na decisão. Mas, mais uma vez inverteu o discurso. O presidente Leonardo Oliveira ressaltou da dificuldade na troca, mas não bancou a confiança depositada dias atrás.

“Não foi uma mudança simples. Conversamos muito durante todo o dia e, em conjunto, decidimos que esta é a hora de uma troca, pensando acima de tudo no clube. Mas, por tudo o que fez, o Micale terá sempre o nosso respeito e portas abertas no Paraná Clube”, afirmou o dirigente.

Foi assim em fevereiro, com Wagner Lopes. Com um elenco completamente modificado em relação a 2017, a péssima campanha no primeiro turno do Estadual foi o suficiente para a troca no comando técnico, menos de dois meses depois do início da temporada. Vieram, então, mais reforços e Micale, que ficou cinco meses e meio no cargo, mas não conseguiu vingar. Quando a demissão era a saída mais provável, ficou e ganhou novas peças para o elenco, mas tudo sem um ‘planejamento’, e quem chegava já ia para o campo. Agora, que, na teoria, tinha o respaldo, não suportou dois tropeços seguidos em casa.

Desde que a atual diretoria assumiu o clube, em dezembro de 2015, já foram dez trocas de treinadores, indo para o 11º comandante, sendo até aqui, dez nomes diferentes. O que dá uma média de um técnico a cada quase três meses. A bola da vez agora é Claudinei Oliveira, justamente quem começou essa era.

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