Vale a pena?

Antes fonte de arrecadação do Paraná, setor social atualmente é visto como problema pela torcida

Leonardo Oliveira vem sendo cobrado pela torcida e terá que dar explicações. Foto: André Rodrigues

Social e futebol. O que já foi uma fórmula de sucesso na história do Paraná Clube, agora passa a ser discutido novamente sobre ser um projeto rentável e digno de continuidade. Na noite desta terça-feira (26), uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo terá a sede social da Kennedy, no bairro Rebouças, como ponto principal do encontro.

Os conselheiros se encontrarão para receber um parecer jurídico em cima desse patrimônio através dos advogados do clube. A solicitação tinha acontecido na reunião do conselho no mês passado e foi atendida em convocação especial, principalmente pelo assunto voltar à tona neste mês de março.

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Na primeira rodada da Taça Dirceu Krüger, no dia 9 de março, uma faixa preta com letras brancas foi estendida com a frase “Paraná Clube é futebol” no setor Curva Norte. O material segue sendo estendido, como na goleada por 4×1 contra o Cascavel CR, no domingo, e na derrota por 2×1 para o Cianorte, na quinta-feira (21). O protesto aconteceu um dia depois da torcida Fúria Independente exigir o fim das atividades sociais, com as vendas da sub-sede da Kennedy e do terreno em Guaratuba, no litoral paranaense.

A manifestação da principal organizada paranista reacendeu um assunto antigo: o social se banca ou dá prejuízo? Se antigamente os mais de 30 mil sócios na fase áurea turbinavam os cofres para investimentos no futebol, na virada da década já não é mais assim. Mas também não é uma catástrofe como outros falam. Esse questionamento será detalhado na reunião para contextualizar uma possível venda de outro patrimônio. Vale lembrar que a sub-sede do Tarumã e do Boqueirão só não fazem mais parte da estrutura paranista por terem ido a leilão.

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O Espaço Torres, por exemplo, tem um acordo de arrendamento até 2032 para explorar os salões sociais da Kennedy e uma multa milionária para quebra de contrato. A quadra de futebol sintética também é arrendada. O futsal do clube, em parceria da Associação dos Patronos da Gralha Azul (APAGA) com a estatal Itaipu, também não gera despesas. O estacionamento dá uma renda extra, assim como as piscinas. A direção, assim, alega que toda atividade que dava prejuízo no passado foi encerrada.

Há quatro anos, por exemplo, o atual presidente do Deliberativo e então presidente do Tricolor, Luiz Carlos Casagrande, o Casinha, alegava que a venda da principal sede social seria a salvação para o futuro. Os conselheiros aprovaram a venda de 70% do terreno de 28 mil metros quadrados para pagamento de dívidas, respeitando o acordo com o Espaço Torres. O valor exigido na época era de R$ 60 milhões e nenhuma negociação avançou.

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Essa quantia solicitada na ocasião poderia salvar o Paraná em 2015, mas está longe de zerar os débitos paranistas atuais. Apesar do clamor de uma parcela da torcida em se desfazer de mais um patrimônio, mesmo que o valor pedido fosse conseguido, a dívida ainda ultrapassaria os R$ 100 milhões. Nos bastidores fala-se que o Tricolor deve aproximadamente R$ 170 milhões no momento. Naquela ocasião, a dívida era de R$ 72 milhões. O cenário financeiro também será exposto na reunião ou, ao menos, solicitado para ser explicado.

Nas redes sociais, a torcida paranista está se mobilizando para marcar presença no evento desta noite. Conselheiros e sócios em dia podem participar, enquanto associados atrasados e torcedores ‘normais’ não poderão adentrar ao salão da Kennedy para acompanhar. Mesmo assim, a promessa desses torcedores impedidos é de ficar do lado de fora “fazendo barulho”. Para tentar esvaziar essa mobilização, a diretoria anunciou um encontro com torcedores no próximo sábado (30), na sede social.

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O encontro na Kennedy também servirá para a cobrança de outros tópicos, como a formatação do elenco atual, a vexatória campanha na Série A de 2018, a saída polêmica do gerente de futebol, Marcos Oliveira, que pediu demissão do cargo na semana passada, a enrolada negociação do volante Jhonny Lucas para o futebol europeu e os planos da direção a curto, médio e longo prazo. Vale lembrar que o presidente Leonardo Oliveira não se pronuncia abertamente desde novembro do ano passado e estará presente. Recentemente, ele passou por uma cirurgia e está de volta ao clube após duas semanas de repouso por orientação médica.

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