Maior rigidez

Paraná é um dos Estados pioneiros no nomadismo no futebol

Motivada por casos como o do Grêmio Barueri e do Boa Esporte Clube, no início de agosto a CBF prometeu rígido controle sobre times que pretendam mudar de nome ou município. Por meio de resolução assinada por seu presidente, Ricardo Teixeira, a entidade que comanda o futebol brasileiro pela primeira vez se posicionou contra o “nomadismo-clubístico” que recentemente vem sendo praticado no país – e que há cerca de uma década e meia já era realizado no Paraná.

Já em 1995, o Matsubara foi o primeiro clube brasileiro a abandonar seu local de origem. Buscando projeção nacional, o time de Cambará, norte pioneiro do Paraná, optou por mandar jogos em Londrina, 115 quilômetros distantes de sua antiga sede. Mesmo proporcionando aparições de craques como do ex-corinthiano Neto e do técnico-ator Nuno Leal Maia, o “primeiro nômade” não criou maiores vínculos na nova casa.

Poucos anos depois o Matsubara acabou obrigado a voltar pra antiga casa pelo então presidente da Federação Paranaense de Futebol, Onaireves Moura. Posteriormente, ainda assim, pelo menos mais 15 clubes regionais se envolveram nessa rotina cigana, perambulando em várias cidades paranaenses, em histórias que renderam uma ou outra partida memorável, mas que geralmente terminam em portas fechadas e ostracismo.

Se existem exceções, a cidade de Apucarana pode se considerar parte dela dando abrigo ao Roma, único “nômade” local a fincar raízes. Desde a chegada da equipe originada em Barueri e comprada por empresários da cidade em 2001, as campanhas oscilam entre momentos médios e baixos na segundona e na elite do futebol paranaense, mas o clube tem média de 2 mil torcedores por partida e realiza uma série de campanhas com a comunidade local.

O outro lado da moeda, porém, tem consequências nada emblemáticas, como as de Campo Mourão. Se em 2006 a população local comemorava a presença da extinta Adap nas finais do Campeonato Paranaense, no ano seguinte o time nem chegou a dar explicações antes de abandonar as dependências do Estádio Roberto Brzezinski e mudar de casa em busca de melhores receitas. “As rádios deixaram até de acompanhar o futebol local depois que a Adap foi pra Maringá. E os empresários ficam com o pé atrás de investir”, reclamou Luiz Carlos Khel, presidente do remanescente Sport Campo Mourão, clube que este ano acabou rebaixado pra 3.ª divisão estadual.

NBA aceita bem os “nômades”

Assim como a Champions League no futebol europeu, a NBA é reconhecida pela excelência em seus torneios. São nas quadras norte-americanas onde se concentram os principais times e astros, os holofotes da mídia e o grosso do dinheiro investido no esporte mundial. No entanto, apesar de vista com olhares de tradicionalismo, a liga de basquete dos Estados Unidos – e que hoje aceita uma equipe canadense – não tem um histórico de “vistas grossas” aos times nômades.

Na NBA, desde sua fundação em 1946, os clubes são franquias e boa parte já passou pelo processo de troca de cidades. Um exemplo é o popular Los Angeles Lakers, ex-time do astro Magic Johnson, que começou em 1947 nas quadras de basquete de Minneapolis e, argumentando queda de público, mudou-se para a atual cidade em 1960. Outra equipe popular a trocar de domínios são os Hornets, fundados em 1988, que deixaram Charlotte para habitar New Orleans desde 2002.

Em abril desse ano, a liga de basquete norte-americana passou por polêmica após o proprietário do Sacramento Kings anunciar interesse em mudança para a grande Los Angeles, recebendo o nome Anaheim Royals. Diante do interesse, somente a pressão de políticos locais conseguiu segurar a equipe na cidade.

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