Paraná afunda Criciúma e dá seu grito de independência

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Messias e Etto não dão espaço
para o contra-ataque catarinense.

A ameaça de rebaixamento pairou sobre o Paraná Clube durante grande parte do Brasileirão. Sob o comando forte de Paulo Campos e sua comissão técnica, o Tricolor conseguiu se reerguer e sair do fundo do poço. Ao devolver auto-estima ao grupo, foi o condutor nesta dura caminhada, que culminou com a vitória sobre o Criciúma no último sábado. Na reta final da competição, o time alcançou sua melhor seqüência: três vitórias consecutivas, assegurando a permanência na Série A.

No clima festivo que tomou conta do vestiário, no estádio Heriberto Hülse, jogadores desabafaram, choraram e não economizaram nos elogios à comissão técnica e diretoria. Como em todas as decisões, houve de tudo no jogo: emoção, polêmica, chiadeira e, o mais importante, lances de muita habilidade (o belo gol de Edinho foi precedido de um chapéu de Cristian em seu marcador). Tudo debaixo de um calor de quase 40 graus, que afetou diretamente o desempenho de alguns jogadores. Não foi à toa que Galvão quase desmaiou e teve que ser substituído logo no início do segundo tempo.

Recuperado, acompanhou o final da partida ao lado de Marcel, que foi substituído e saiu do gramado bronqueado. "Ninguém gosta de sair. Fiquei brabo mesmo, mas foi no momento. O Paulo é nosso comandante e se mexeu no time foi por questões táticas", comentou após o jogo. Sinal da união que move o atual elenco tricolor foi a própria atitude da dupla. Na linha de fundo, davam gritos de incentivos aos companheiros e vibraram muito no gol de Edinho, aos 39 minutos do segundo tempo. Gol que valeu como um título para o Tricolor, em uma temporada no mínimo conturbada. No início do ano, o clube teve que disputar um torneio da morte para não cair no Estadual.

Enrolado em uma bandeira da Fúria Independente após distribuir vários autógrafos para os quase cem paranistas que acompanharam de perto a 15.ª vitória de sua equipe no Brasileirão, Marcel só esperou o apito final para invadir o gramado e abraçar os seus companheiros. "É esse clima que fez a diferença. Temos uma união muito forte e todos se ajudam", comentou Marcel, que havia aberto o caminho para a vitória com um gol de pênalti, no primeiro tempo. Com dribles desconcertantes e muita movimentação, era o jogador mais perigoso do ataque paranista.

Ficar na primeira divisão pode parecer tão somente um prêmio de consolação, mas há muito mais por trás de todo o processo. Mesmo com cotas muito inferiores às dos integrantes do Clube dos 13, o valor não pode ser desprezado. Muito pelo contrário. Foi com estes recursos que o Paraná conseguiu viabilizar seu elenco, com a ajuda de parceiros, e primou por manter em dia salários e premiações dos atletas.

Palavra "rebaixamento" liberada

Paulo Campos não se conteve e foi pra galera. Desabafou boa parte da carga que vinha carregando nos ombros durante alguns minutos, onde gritou e festejou com os torcedores paranistas, ao lado do alambrado. Depois de cumprimentar atletas e dirigentes, pela primeira vez disparou: "Estamos livres do rebaixamento". A palavra, considerada maldita pelo treinador, havia sido riscada de seu vocabulário há pouco mais de três meses. "Agora vale tudo, até usar a palavra rebaixamento, que não mais nos diz respeito."

Há alguns jogos, Paulo Campos quase deixou escapar o termo, mas raciocinou com rapidez e o substituiu por "ZR", em referência à zona de rebaixamento. O Paraná foi um dos times que mais tempo estiveram entre os quatro últimos colocados do Brasileiro (foram 20 rodadas). Mas, Paulo Campos, que quando voltou, encontrou o time na lanterna, sempre deixou claro que o time iria subir e, quando isso ocorresse, seria uma ascensão definitiva. Sua tese se comprovou com números muito expressivos.

Considerando-se tão somente as dezessete últimas rodadas, desde seu retorno, o Paraná chegou à marca de 60,78% de aproveitamento. Só para se ter uma dimensão do que isso representa, a equipe de Paulo Campos estaria brigando diretamente com o São Paulo pela terceira colocação. Mesmo se somarmos ainda os onze primeiros jogos da equipe, também sob a direção de Paulo Campos, o rendimento é de 52,38%, que lhe conferiria a sexta colocação. "Avisei que o time estava subindo e os números mostram isso", disse.

O treinador garante que a meta, agora, é terminar o ano com mais duas vitórias, sobre Fluminense e Internacional. "Ninguém aqui vai relaxar, não. Podemos subir mais alguns degraus e vamos em busca deste objetivo." Paralelamente a isso, o treinador já atua com a diretoria na montagem de um planejamento para 2005. "Tudo depende de onde o clube pensa em chegar. Se a meta for brigar pelo título estadual, a maior parte deste grupo deve permanecer. Principalmente a nossa coluna vertebral. Se depois precisarmos trocar braços e pernas, o faremos na pré-temporada", comentou.

O presidente José Carlos de Miranda e o vice de futebol José Domingos deixaram claro que a meta é renovar parcerias e segurar em torno de 70% do grupo. Alguns reforços já estão em negociação e o primeiro deles deve ser apresentado ainda hoje. O atacante Marlon (ex-Portuguesa Santista e Coritiba) já acertou bases salariais e vai treinar com o grupo até o dia 20 de dezembro, quando atletas serão liberados para período de férias. "Agora, já podemos agilizar renovações e contratações", resumiu José Domingos.

CAMPEONATO BRASILEIRO
Súmula
Local: Heriberto Hulse (Criciúma-SC)
Horário: 16h
Árbitro: Wilson Luís Seneme (SP)
Assistentes: Ednílson Corona (FIFA-SP) e Emerson Augusto de Carvalho (SP)
Gols: Marcel 15 do 1º; Luciano 15 e Edinho 38 do 2º
Cartões amarelos: Cléber Gaúcho (CRI); Messias, Flávio (PR)
Renda: R$ 61.059,00
Público: 10.071

Criciuma 1 x 2 Paraná

Criciúma
Roberto; Ângelo, Duílio, Luciano e Gleidson (Alexandre); Cléber Gaúcho, Geninho (Saulo), Douglas e Paulo César; Marcos Denner e Vágner Carioca (Rôni). Técnico: Lori Sandri

Paraná
Flávio; Etto, Fernando Lombardi, Emerson e Vicente; Messias, Beto, Cristian e Canindé (Edinho); Marcel (João Paulo) e Galvão (Sinval). Técnico: Paulo Campos

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