Lição de vida na sala de aula

Claudinei Quirino já deixou as pistas de atletismo. Mas a sua história pode ainda influenciar a vida de muitas pessoas. Ontem, um dos mais importantes velocistas do país contou um pouco de sua trajetória para crianças e adolescentes em risco social atendidos pelo Projeto Gralha Azul, que em Curitiba é realizado nas dependências da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Em um bate-bapo com as crianças, Claudinei deixou uma lição: apesar das situações adversas que aparecem na vida, ainda é possível ser alguém e fazer o que quiser. Mas, para isso, é essencial ter força de vontade e caminhar pela trilha certa. O ex-corredor da seleção brasileira de atletismo passou a infância em um orfanato, na cidade de Pirajuí, no interior de São Paulo. Trabalhou como servente de pedreiro, assistente de padeiro, jardineiro, catador de lata e exerceu a função de ?faz-tudo? em um posto de gasolina em beira de estrada.

Quando ainda trabalhava neste posto, Claudinei, então com 19 anos e muito franzino, se interessou em ficar ?forte?. Conversou com um colega e descobriu o atletismo. ?Procurei com a intenção de ficar com um corpo forte e acabei achando o meu dom. Sou uma pessoa realizada?, relembra. Ele se tornou um dos principais atletas brasileiros. Conquistou uma medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, no revezamento 4×100 metros; ganhou duas medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, em 1999; e alcançou o bicampeonato no 4×100 metros no Pan de Santo Domingo, em 2003. O velocista deixou as pistas de atletismo em junho deste ano, quando sentiu que o corpo não respondia mais.

Atualmente, Claudinei cursa 1.º ano da faculdade de Marketing e Publicidade. Quando era mais jovem, desistiu dos estudos para trabalhar, porque dependia dele mesmo para sobreviver. ?Naquela época, a situação era bem diferente de hoje sobre os estudos. Mas nunca é tarde para aprender?, constata.

Claudinei contou um pouco de sua história para incentivar as crianças e adolescentes atendidos pelo Projeto Gralha Azul. ?Ninguém que se envolve com drogas e o crime se dá bem. Apesar das adversidades, todos podem ser alguém. As pessoas que encontrei no caminho me tornaram forte. Tem muita gente dando oportunidade. É preciso saber aproveitar e aprender a tirar o que serve para você?, conclui.

O Projeto Gralha Azul existe há quatro anos e atende 200 crianças e adolescentes (10 a 17 anos) em risco social. A maioria mora no bairro Cajuru. No contraturno escolar, elas participam de atividades esportivas, reforço escolar e oficinas de arte na UFPR.

Todos perguntam sobre o Pan-2007

Como estão as obras dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro? Esta é uma pergunta corriqueira para Claudinei Quirino, um dos maiores velocistas do país. Ele deixou as pistas neste ano, mas continua se dedicando ao esporte. Claudinei faz parte da Confederação Brasileira de Atletismo e freqüentemente visita as obras do Pan. ?O Brasil já precisava de um evento deste porte. Todo mundo me pergunta sobre as obras. Elas vão sair. Estão trabalhando a todo vapor, em três turnos?, afirma Claudinei.

Os Jogos Pan-Americanos do ano que vem também ajudam a incentivar o esporte no país, segundo Claudinei. As estruturas esportivas estão sendo reformuladas em todo o Brasil. Este é um dos reflexos da realização do Pan. ?Isto é ótimo. Está se incentivando o esporte e sua restruturação. E não é só no atletismo. Todos os esportes estão sendo beneficiados?, acredita.

Claudinei garante que, desta vez, os atletas que representarão o Brasil no atletismo nos jogos não podem reclamar da falta de incentivo. De acordo com ele, está sendo realizada uma preparação especial com a equipe brasileira de atletismo, chamada de pré-Pan. Há, inclusive, trabalhos de desenvolvimento fora do País. O projeto conta com o apoio da Caixa Econômica Federal.

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