Juiz complica e Paraná empata em Minas

O árbitro amazonense (que era a cara do Sargento Pincel da televisão) tentou atrapalhar a vida do Paraná Clube. E conseguiu. Ele não marcou um pênalti claríssimo de Leandro no segundo tempo. A tática tricolor deu certo, Caio Júnior foi ?iluminado? ao colocar Sandro no intervalo e ele, Sandro, foi o destaque da partida de ontem, no Mineirão. Mas, além do juiz, falhas de posicionamento foram fatais, e o jogo terminou em 2×2. Mesmo assim, foi um resultado importante, porque recolocou o time na quinta colocação do campeonato brasileiro, com vantagem no número de vitórias sobre o Vasco – portanto, na zona da Libertadores – e fez com que o Tricolor voltasse a depender só de si para estar no principal torneio interclubes do continente.

Em campo, dois times com novidades. Os donos da casa partiam para uma adaptação ousada – Oswaldo de Oliveira escalou o lateral Júlio César como zagueiro e tentava um 3-5-2 ofensivo. Do lado paranista, Caio Júnior preferiu um sistema tático mais cauteloso, optando por três zagueiros, três volantes e apenas Cristiano e Leonardo como homens de frente. O Mineirão recebeu um bom público que atendeu os apelos da diretoria da Raposa, que tinha anunciado a partida como ?decisiva?. Nada diferente do Tricolor, pois Caio Júnior afirmou que o jogo era ?de Copa do Mundo?.

O Paraná decidiu jogar em alta velocidade. Mas não era toda hora, mas sim apenas no momento em que era possível acertar um contra-ataque – e foram poucos momentos na primeira etapa. Acertando o ?cinturão? defensivo, os visitantes obrigaram o Cruzeiro a mudar a tática, jogando num estranho 2-6-2. O improvisado Júlio César virou ala, e era mais notado no ataque do que na defesa.

Apesar de tanta volúpia, o Cruzeiro pouco criou. Para valer, só numa falha de Neguete, logo no início da partida, lance que Wagner desperdiçou. O Paraná teve pelo menos três grandes chances, uma com Leonardo, outra com Beto – e a terceira, com Batista, foi inacreditável. A Raposa até tentou com Léo Silva, mas Neguete tirou em cima da linha. Mas, na maioria do primeiro tempo, chutões para os dois lados e pouca objetividade.

Para tentar cadenciar mais o jogo (e criar uma opção de jogada de meio-campo), Caio Júnior sacou Batista, que tinha cartão amarelo, e colocou Sandro. ?É um jogo em que você tem que fazer o primeiro gol, pode resolver a partida?, resumiu o treinador paranista no intervalo. Deu certo. O Paraná passou a mandar no jogo, e abriu o placar justamente com Sandro, que recebeu de Leonardo e marcou. Depois, vieram outras chances (numa, Leonardo perdeu gol feito). E o inacreditável lance do pênalti não marcado por Washington José Alves de Souza.

Quando o jogo estava encaminhado, o Cruzeiro empatou com Gabriel, depois do voleio de Ferreira na trave.

O Tricolor não desistiu, e voltou a ficar na frente com Sandro, que desviou com estilo de Fábio.

O resultado parecia consolidado, mas uma falha de posicionamento da zaga e uma bobeada de Flávio fizeram com que Gabriel empatasse a partida já nos acréscimos. A próxima partida paranista será domingo, contra o Palmeiras, na Vila Capanema.

Faltou caprichar

Ao mesmo tempo que a irritação tricolor com a arbitragem do amazonense Washington José Alves de Souza tomava conta do vestiário dos visitantes no Mineirão, os jogadores do Paraná reconheceram que houve falhas – que, se fossem corrigidas, poderiam levar o Tricolor à vitória sobre o Cruzeiro. E não só na defesa, mas também no ataque, por causa do excesso de gols perdidos.

O primeiro a lamentar os lances desperdiçados foi Leonardo, que teve três oportunidades de marcar (mas deu os dois passes para Sandro fazer). ?Eu fico triste por isso, porque a gente sabe que se fizesse pelo menos um dos gols que perdeu levaria para Curitiba um resultado muito importante?, comentou o camisa 9 paranista.

Sandro, que foi o destaque do jogo, ficou feliz com a oportunidade que Caio Júnior lhe deu. ?Eu tive a chance de entrar no segundo tempo e mostrar minha qualidade. Fiz o que eu sempre busco fazer nas partidas, e hoje (ontem) pude dar o meu melhor?, resumiu o meia-atacante, que foi a aposta bem-sucedida de Caio no intervalo.

Mesmo com a boa atuação de Sandro, ficou a tristeza de um jogo que poderia ter um final diferente. ?No primeiro tempo, e depois do primeiro gol, tivemos chances de marcar e não conseguimos?, disse o zagueiro Edmílson. ?A gente lamenta por ter perdido dois pontos no último minuto?, completou o volante Pierre, outro destaque tricolor no Mineirão.

Complicação

O problema maior foi a arbitragem. Flávio reclamou do segundo gol do Cruzeiro. ?Eles bateram a falta com o bandeirinha dentro de campo. Não pode acontecer uma coisa assim?, atirou o Pantera, que levou o terceiro cartão amarelo e está fora da partida contra o Palmeiras. ?Estou fora porque o juiz achou que estava fazendo cera com dez minutos de jogo e com dois cartões. Culpa dele?, disse.

O técnico Caio Júnior, aprovou o rendimento da equipe (?O jogo foi muito bom, encaramos os donos da casa de igual para igual?), mas também falou sobre a arbitragem. ?É duro quando acontecem lances como esse. O jogador do Cruzeiro cortou a bola com a mão, o braço aberto, e nada aconteceu?, lamentou.

Agora, o Paraná precisa de vitória em casa, contra o Palmeiras, no domingo. Se o resultado não veio contra o Cruzeiro, pelo menos o time voltou à zona de classificação para a Libertadores. ?Temos que pensar só nisso, é este o nosso objetivo?, afirmou Leonardo. ?É um jogo decisivo e precisamos contar com o apoio da torcida?, finalizou Pierre.

CAMPEONATO BRASILEIRO
32ª Rodada
Súmula
Local: Mineirão (Belo Horizonte-MG)
Árbitro:
Washington José Alves de Souza (AM)
Assistentes:
Gilbert Ferreira Costa (AM) e Djalma Silva de Souza (AM)
Gols: Sandro 13, Gabriel 34, Sandro 42 e Gabriel 45 do 2º
Cartões amarelos:
Luizão, Élson, Wagner, Leandro (CRU); Batista, Flávio, Cristiano, Gustavo (PR)
Cartão vermelho:
Wagner
Renda e público:
não divulgados

CRUZEIRO 2×2 PARANÁ CLUBE

CRUZEIRO
Fábio; Luizão, Teco e Júlio César (Francismar); Gabriel, Fábio Santos, Léo Silva (Diego), Élson e Leandro; Wagner e Jonathas (Ferreira). Técnico: Oswaldo de Oliveira

PARANÁ
Flávio; Gustavo, Neguete (João Paulo) e Edmilson; Alex, Pierre, Beto, Batista (Sandro) e Eltinho; Cristiano (Henrique) e Leonardo. Técnico: Caio Júnior

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