Após sete anos acompanhando de perto os treinos e jogos dos profissionais, domingo, contra o Barueri, será a grande oportunidade do jovem Norberto Murara Neto mostrar suas qualidades para defender a meta atleticana.

O garoto de 19 anos foi escolhido para substituir Galatto – que está suspenso – e também colocou Vinícius no banco de reservas. E não poderia ter cenário melhor do que atuar na Arena e com o apoio de amigos e da torcida para passar segurança e confiança ao arqueiro.

Confiança que, apesar da pouca idade, o novato transmite a todos seus companheiros, treinador de goleiro e técnico. “Ele está habilitado a fazer a estreia no profissional. É um grande goleiro, mostrou muita personalidade. Tem muito potencial técnico. O garoto é bom e é o reserva imediato do Galatto”, analisou Antônio Lopes.

“Ele está treinando muito bem mesmo e merece a oportunidade”, complementou Tedeschi, treinador de goleiros, ressaltando que o garoto assume a posição por merecimento.

Para Neto, a chance chega de forma inesperada, principalmente porque no início da temporada ele era o 4.º goleiro do elenco e tinha acabado de subir dos juniores. Foi tudo muito rápido, mas ele afirma estar preparado para esse momento de titularidade.

“É um sentimento de felicidade e de orgulho de mim mesmo. São sete anos no clube passando por dificuldades, por momentos de indecisão. Esperei todo esse tempo (para ser titular do Atlético). Então é muito orgulho, felicidade e prazer de conversar com os outros e dizer que vou jogar. É o que me deixa mais feliz”, disse o goleiro natural de Rio Negrinho(SC) e que mora no CT do Caju desde a sua chegada ao clube.

Percalços

Dentre as dificuldades enfrentadas nas categorias de base, Neto destacou o início no Atlético, quando veio do Cruzeiro de Belo Horizonte. “Quando cheguei em 2002, tinha 1,67m de altura e os caras eram grandes pra caramba. Batia no ombro deles. Será que vou crescer? me perguntava.

Sempre tive o sonho desde moleque de ser goleiro e vendo a diferença de tamanho… Então esperei e o clube me deu muita força fazendo vários exames para ver se a genética me ajudaria a crescer e foi o que aconteceu. Deu tudo certo. Demorei um pouco para crescer e estou aqui”, confidenciou o goleiro que hoje mede 1,91m.

Além do clube que defende, Neto também agradece essa oportunidade a Waldemar Lemos, ex-técnico do Furacão. “Foi a pessoa que mais me ajudou porque ele olhou pra mim e disse: esse garoto tem capacidade e vou dar oportunidade para ele. O Waldemar viu o meu empenho e minha vontade. Deus colocou ele na minha vida para me ajudar”, afirmou.

Cheio de vontade

Neto poderia ter estourado em outro clube, mas o destino era realmente jogar no Atlético. Ele contou que antes de vir para o clube paranaense fez uma peneira e, apesar de aprovado, não veio a Curitiba. Isso porque naquela época os garotos não permaneciam no CT do Caju e a família dele não aprovou. Por isso passou uma temporada no Cruzeiro.

Sete anos depois, o jovem arqueiro se preparou e inclusive iniciou faculdade de Administração de Empresas, curso que foi interrompido provisoriamente para se dedicar ao esporte. Nesse período de Furacão, ele também conheceu o atleta que considera seu ídolo: Guilherme – goleiro que atualmente defende o Lokomotiv Moscow, da Rússia.

Inspirado no ídolo, Neto comenta algumas de suas virtudes na posição. “Sou um cara tranquilo que procura passar segurança para a equipe. No mais é orientação”, disse o arqueiro. “Espero mostrar presença e provar que tenho totais condições de vestir essa camisa por muito tempo ainda”.

Sobre a acirrada disputa, Neto confirma que o clima é o melhor possível e que há um grande entrosamento entre os mais velhos e os mais novos. “Todos têm liberdade para conversar e isso me deixa mais seguro. A receptividade dos outros tr&,ecirc;s goleiros é ótima. O Galatto até já falou: “Vai lá e faz a sua. Só não pega muito senão me derruba”, disse o garoto em meio a risadas.