Imprensa mundial volta suas atenções para o Fenômeno

Königstein – Ronaldo passou pela área de imprensa, ontem, foi chamado por um repórter, olhou e o ignorou.

Foi embora sem falar com ninguém. Poderia parecer antipatia, impaciência, arrogância. Mas só quem acompanha sua rotina sabe que ser Ronaldo é, às vezes, muito difícil. O craque se mostra mais uma vez, na fase de preparação do Brasil, um grande fenômeno de mídia. E, até o fim da da Copa, se quiser sair vitorioso, terá de driblar com classe o assédio, as especulações, os paparazzi.

O jogador chegou à Suíça, há pouco mais de duas semanas, ofuscado por Ronaldinho Gaúcho, atual melhor jogador do mundo, campeão espanhol e campeão europeu. Mas, aos poucos, começou a ganhar espaço nas páginas dos jornais de todos os lugares, nas emissoras de tevês, nas revistas… Ontem, por exemplo, jornalistas da França, da Alemanha, da Argentina, entre outros, procuravam colegas brasileiros para perguntar das novidades sobre as bolhas nos pés de Ronaldo. A entrevista de Parreira, os treinos e o aniversário de Cafu – hoje o lateral completa 36 anos – ficaram em segundo plano.

Sempre notícia

É incrível a importância dada a Ronaldo pelos meios de comunicação e pelo público em geral. Jogando ou não jogando. Fazendo gols ou vivendo má fase. Em boa forma ou acima do peso. Ele é sempre notícia.

Há duas semanas, em Weggis, no início da pré-temporada para a Copa, o preparador físico Moraci Sant?Anna afirmou inocentemente que o atacante estava com o ?percentual de gordura acima do nível considerado ideal?. Pra quê?

A Europa passou a comentar os quilinhos a mais de Ronaldo.

O tema durou alguns dias e morreu. Mas o assunto Ronaldo seguia bem vivo. No meio da semana passada, o jornal sensacionalista Blick, da Suíça, publicou foto do craque numa boate de Lucerna. Foi o suficiente para se tornar manchete novamente. Lá se foram os momentos de tranqüilidade, que nem bem havia chegado.

?Tudo o que se relaciona a Ronaldo ganha proporções maiores?, opina Ingo Ostrovsky, diretor de comunicação da Nike, um de seus patrocinadores.

No fim de semana a paz parecia ter voltado. Tudo ia bem no início do amistoso contra a Nova Zelândia, em Genebra.

Até que Ronaldo começou a pôr as mãos nos pés. No intervalo, foi substituído por Robinho.

E, no fim da partida, afirmou que as bolhas provocadas por sua chuteira o incomodavam muito e, por isso, o tiraram do jogo.

Bolhas que, por terem crescido nos pés do astro do Real Madrid, se tornaram vulcões.

Mesmo com dor, atacante treina e até faz gol

Königstein – Ronaldo treinou ontem com o restante da seleção. As bolhas nos pés causadas pela chuteira apertada não o tiraram do primeiro dia de atividades da semana, ao contrário do que a própria comissão técnica esperava. O atacante, sabendo da importância de se exercitar para estrear na Copa em forma, resolveu ir ao treinamento mesmo com dores. E fez até gol no ?rachão?, jogo em que se utiliza apenas metade do campo.

O craque do Real, no entanto, não conseguiu disfarçar o incômodo nos pés. As bolhas ainda provocam dor.

O problema não é nada sério. Trata-se de um ferimento que causa sensação ruim, desagradável. Nada que possa ameaçar a participação na primeira partida do Brasil no mundial, dia 13, contra a Croácia, em Berlim. ?O Ronaldo está se recuperando bem e, se o jogo fosse amanhã (hoje), ele jogaria?, afirmou José Luiz Runco, médico da seleção.

?Tudo está correndo conforme planejamos.?

O Fenômeno treinou ontem com as chuteiras ajustadas por técnicos da Nike, que deixaram a Itália e viajaram até Frankfurt para conversar com o jogador, na segunda-feira. Os engenheiros de Montebelluna alargaram a parte do calçado que mais o incomodava, a do calcanhar.

Fenômeno da propaganda

São Paulo – O carioca do subúrbio de Bento Ribeiro, Ronaldo Luiz Nazário de Lima, é um verdadeiro fenômeno de mídia. Tudo o que faz vira notícia. Tem sido assim desde quando Ronaldo tinha 15 anos – nasceu em 22 setembro de 1976 -, e fez sua estréia no time do São Cristovão, no Rio, que trocou pelo Cruzeiro, depois o holandês PSV Eindhoven, o espanhol Barcelona (ESP), a italiana Internazionale (de Milão) e o espanhol Real Madrid. Não é diferente, agora, que as chuteiras Nike, das quais é garoto-propaganda, provocaram bolhas nos seus pés.

Três vezes eleito melhor jogador do mundo pela Fifa, bicampeão mundial pelo Brasil (nos Estados Unidos e na Coréia e Japão), ele é também um ótimo negócio para publicitários. ?Ronaldo é um craque, tanto no gramado como fora dele?, diz Nizan Guanaes, do grupo Ypy, que controla as agências de publicidade Africa, DM9DDB e MPM.

Nizan define o atleta como ?um fenômeno do marketing e certamente o jogador mais próximo a exibir o título de maior artilheiro do mundo?.

Voltar ao topo