Farfus é pole no Mundial de Turismo

Curitiba entra hoje definitivamente para o circuito dos campeonatos mundiais de automobilismo. Às 12h será dada a largada para a primeira prova do World Touring Car Championship (WTCC), o Mundial de Turismo da FIA.

A categoria é uma das mais importantes do planeta e uma das mais equilibradas – a expectativa é de que quinze carros disputem a vitória nas duas provas que acontecem no Autódromo Internacional de Curitiba. E o curitibano Augusto Farfus Júnior larga na pole-position (ver matéria).

Há uma coincidência histórica no fato da cidade ser a primeira da América do Sul a receber o Mundial de Carros de Turismo. Curitiba é a cidade natal de Raul Boesel, único brasileiro a ser campeão mundial da marcas – e, por isso, Boesel foi homenageado com o nome do AIC.

Ele deve estar hoje no autódromo acompanhando uma categoria bem diferente daquela em que se consagrou. "Você torce na pista pelos carros que você tem em casa", resume Augusto Farfus Júnior, oitavo colocado na temporada. Isto porque há pouca preparação nos bólidos da WTCC. A intenção é fazer com que os torcedores (consumidores) sintam-se parte da história.

Tudo é trabalhado para realçar a relação entre quem está na pista e quem está na arquibancada. A sessão de autógrafos que aconteceu quinta, na Boca Maldita, é comum em outros países. "É importante para o marketing das empresas", reconhece o francês Yvan Muller, líder do campeonato com 33 pontos, ao lado do inglês Andy Prilaux.

Mas a FIA e os organizadores do WTCC sabem que todo o investimento em propaganda e promoção não adianta se a corrida não for interessante – e não só para quem vai aos autódromos, mas também para os telespectadores de 140 países que assistem às corridas pela televisão. Por isso, o regulamento é feito para que a competitividade seja exacerbada. "Quem gosta de carros de turismo e de provas emocionantes tem uma chance e tanto de se divertir", avisa o alemão Jörg Müller.

A intensa disputa entre os carros é o grande charme do WTCC. "Quem for ao autódromo vai ver uma prova acirrada", resume Augusto Farfus Júnior. "São quinze carros lutando pela vitória a cada corrida. É algo inédito na história do automobilismo", festeja Müller. Além do natural equilíbrio, a segunda corrida de hoje, marcada para as 13h, terá o grid com a colocação inversa da primeira prova.

Para nós, brasileiros, há outro detalhe fundamental: no WTCC, temos um representante com condições reais de vitória. Augusto Farfus já venceu este ano (uma das provas de Monza), e seu Alfa Romeo se adaptou rapidamente à pista de Curitiba. "Espero poder retribuir a todos o carinho que estou recebendo neste final de semana", resume o piloto curitibano.

Estratégia funciona e Alfa fica na frente

Tanto mistério e tantas reuniões deram certo. A Alfa Romeo conseguiu quebrar a barreira dos SEAT e o curitibano Augusto Farfus Júnior será o pole-position da primeira prova do dia no Campeonato Mundial de Turismo da FIA (WTCC). Ele fez a festa brasileira e paranaense com uma volta de 1min24s761, deixando cinco carros espanhóis atrás dele. O outro brasileiro, Lucas Molo, larga em penúltimo, ao lado de Alessandro Zanardi, que bateu no treino classificatório e não completou volta.

O dia do WTCC no Autódromo Internacional de Curitiba começou com o primeiro piloto a romper a barreira do 1min25seg – foi Fabrizio Giovanardi, da Honda, que no treino livre da manhã cravou 1min24s983. No final deste treino, Nicola Larini bateu, e na manobra acabou sujando a pista, atrasando toda a programação do sábado. Dez minutos depois da hora prevista, iniciou-se a segunda sessão livre do dia, e Augusto Farfus Júnior foi o mais rápido, marcando 1min25s302.

Na hora em que valia, os SEAT começaram dominando, com Peter Terting (que demonstrara ser o piloto que mais rapidamente se acertara com o circuito). Aproveitando o acerto planejado nas reuniões de sexta, Farfus passou a controlar a classificação na metade dos trinta minutos ‘regulamentares’. Ele precisou de dez voltas para assegurar a pole-position – na volta mais rápida de todo o final de semana -, e viu seus rivais da SEAT lutarem em vão para se aproximar dele.

A cautela de sexta tornou-se alegria e expectativa de uma grande primeira prova a partir do meio-dia. Uma vitória faz Augusto Farfus se aproximar dos primeiros colocados.

Curitiba é elogiada pelos pilotos. Já as estradas…

Uma cidade diferente no Brasil. É este o resumo que os pilotos do Campeonato Mundial de Turismo da FIA (WTCC) fazem de Curitiba, sede da competição no país pelos próximos três anos – e, se depender dos organizadores locais, será a prova de abertura da temporada 2007. A segurança da capital, em comparação com as metrópoles Rio e São Paulo, foi elogiada pelos pilotos estrangeiros.

"Aqui a gente anda sem perigos", resume Alessandro Zanardi, grande estrela da prova – é ele o único a ter título mundial de monopostos (foi bicampeão de Fórmula Indy). "É um lugar maravilhoso, uma cidade de alto nível", elogia Jörg Müller, que como Zanardi pilota um BMW. "Eu conhecia São Paulo e Rio de Janeiro, dos tempos da Fórmula 1. Mas aqui é diferente, realmente um clima europeu", completa Gianni Morbidelli, companheiro do curitibano Augusto Farfus Júnior na Alfa Romeo.

Se Jörg Müller gostou do que viu por aqui, não diz o mesmo das estradas – ele chegou ao Brasil por São Paulo, e pegou a Régis Bittencourt para vir a Curitiba – ele foi um dos prejudicados pelos cancelamentos de vôos da Varig. "É uma estrada incrível, com muitas árvores em volta. E as curvas?", questiona. E olha que grande parte da rodovia foi duplicada há pouco.

Para Augusto Farfus Júnior, a boa recepção dos pilotos à cidade comprova sua ?propaganda? antes deste final de semana. "Todos estão falando extremamente bem de Curitiba. Eles não conheciam a cidade, só sabiam de São Paulo ou por aqueles documentários que só exploram o lado negativo do Brasil. Esta é uma cidade diferente, limpa, organizada", afirma.

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