Estádio Joaquim Américo comemora aniversário

“Vai ter festa na Baixada.” A frase que embala a torcida atleticana ganhará um sentindo especial neste domingo. Quando Atlético e Flamengo rolarem a bola, às 16h, o Estádio Joaquim Américo, o primeiro construído para a prática do futebol no Paraná, estará completando 95 anos de história.

O jogo que inaugurou as arquibancadas do Estádio da Baixada da Água Verde aconteceu no dia 6 de setembro de 1914. Na época, o dono da casa era o Internacional FC, antepassado do Atlético. E por coincidência ou obra do destino, o adversário foi o mesmo Flamengo que enfrenta o Furacão 95 anos depois.

Nesse período, muita história rolou pelo gramado. Mais do que campo do Internacional, a Baixada foi durante anos o principal palco do futebol paranaense. “Todos os times jogavam lá. Principalmente América, Savóia, Paraná Sports e até o Coritiba, antes de inaugurar seu primeiro estádio, em 1917”, conta o professor e pesquisador Heriberto Ivan Machado.

Quem ver fotos da época e for à Baixada hoje em dia, pode não acreditar que se trata do mesmo local. Tudo mudou nos arredores do velho campo. A região, outrora um bucólico bosque, hoje é uma das áreas mais movimentadas da cidade. E a antiga estrutura de madeira deu lugar à moderna Arena.

Allan Costa Pinto
Em 2008, vitória do Furacão por 5 a 3.

Mas foi em 6 de abril de 1924 que aconteceu a mudança mais significativa. Nesta data, quem entrou em campo como dono da casa foi o Clube Atlético Paranaense. Fundado 13 dias antes, como resultado da fusão de Internacional e América, o novo clube herdou o estádio e transformou sua história.

Caldeirão

Sob administração do Atlético, a Baixada ganhou o nome de Joaquim Américo, em homenagem ao patriarca do Internacional e idealizador do estádio. E, ao longo dos anos, viu mudar completamente o perfil de seus frequentadores.

Até então um local de lazer da elite curitibana, a Baixada foi aos poucos se transformando na casa do povão rubro-negro. O outrora aristocrático bosque se transformou no Caldeirão do Diabo, venerado pelos atleticanos e temido pelos adversários.

Ao mesmo tempo em que o público ia crescendo e se diversificando, outras alterações eram necessárias. Em 1939, foi inaugurada a primeira arquibancada de concreto. “Mas parte da velha estrutura de madeira permaneceu de pé, até meados dos anos 1940”, diz Machado.

Em 1967, novos vestiários e alambrado. Em 1980, as primeiras torres de iluminação. Mas em 1986, o Atlético abandonou a velha casa e partiu para a aventura do Pinheirão.

Exílio

Foram oito anos no frio e distante estádio da Federação Paranaense de Futebol. Fechada, a Baixada se tornou local de peregrinação para alguns abnegados atleticanos, que insistiam em arrancar o capim que se espalhava pelos tijolos à vista.

O exílio acabou em 1994, quando o clube decidiu voltar à Baixada, novamente reformada. Ali, o Atlético permaneceu por mais três anos, até 1997, quando voltou para o Pinheirão. Mas desta vez, a ausência tinha tempo determinado e abria espaço para a verdadeira revolução que estava por vir.

Arena

No dia 24 de junho de 1999, a torcida atleticana mal podia acreditar no que estava diante de seus olhos. Ali mesmo, no conhecido arrabalde da Água Verde, estava a Arena da Baixada.

Revolucionária para os padrões do futebol brasileiro, a Arena impressionava pela beleza e modernidade. Mas preservava a característica mais marcante d,o velho campo e a mais apreciada pelos rubro-negros: a proximidade da arquibancada para o gramado. O velho e temido Caldeirão ressurgia.