Esperanças da Bélgica estão depositadas em De Bruyne

A caminhada da Bélgica na Copa do Mundo fez a equipe trocar de protagonista. O posto saiu de Hazard, o camisa 10 e mais famoso do elenco, e foi para Kevin de Bruyne, que já havia vivenciado na carreira a experiência de ser coadjuvante do colega mais badalado e de quem tanto se esperava.

De Bruyne foi decisivo para confirmar a vaga para enfrentar a Argentina, neste sábado, nas quartas de final. Nas oitavas, contra os Estados Unidos, o camisa 7 mudou a história do jogo na prorrogação ao marcar o primeiro gol e dar o passe para Lukaku fazer o segundo, em vitória que deixa a Bélgica a um passo de igualar a melhor campanha em Copas, com a participação na semifinal em 1986, no México.

“A Argentina é um dos melhores países no futebol. Se jogarmos o nosso máximo, temos chances de ganhar. Cabe a nós colocar pressão sobre eles e tentar igualar a boa atuação que tivemos contra os Estados Unidos”, disse.

Hazard e De Bruyne têm 22 anos e despontaram praticamente juntos para o futebol. Chegaram ao Chelsea em 2012 e, a partir de então, tiveram trajetórias bem diferentes na carreira. Hazard logo se firmou como titular absoluto do time inglês, enquanto que De Bruyne mal atuou nos dois anos de vínculo com o clube londrino.

Aliás, nesse período o atacante pouco ficou na Inglaterra e foi emprestado duas vezes. No começo seguiu para o Genk, da Bélgica, onde foi revelado. Depois, o destino foi o Werder Bremen, da Alemanha. A passagem apagada pelo Chelsea acabou em dezembro do ano passado, quando o Wolfsburg, também da Alemanha, o contratou em definitivo. Meses antes, um desentendimento com o técnico português José Mourinho já havia praticamente deixado a porta aberta para a saída do jogador.

“Eu não gostei da forma como ele vinha treinando e se dedicando ao clube”, disse o treinador na época. Mesmo com a crítica, o português via o belga como alguém para ganhar espaço no time no futuro e não queria a sua saída.

O imbróglio dentro do clube refletiu também na negociação, que se arrastou por semanas. De Bruyne chegou ao Wolfsburg em janeiro por cerca de R$ 65 milhões e assinou contrato até 2019. No primeiro semestre teve boas atuações e ajudou o time a terminar o Campeonato Alemão em quinto.

O bom fim de temporada possibilitou ao jogador chegar com moral na apresentação à seleção e se juntar novamente ao colega Hazard. As temporadas anteriores haviam sido opostas para os dois. Um brilhava no Chelsea e outro ainda tentava encontrar um rumo na carreira.

PRESERVADOS – Os dois são peças-chave dentro do esquema do técnico Marc Wilmots ao jogarem abertos pelos lados. Fora de campo, representam a jovem geração que leva o país a uma Copa depois de 12 anos. Por terem essa importância, os dois foram poupados dos treinos mais fortes para o confronto contra a Argentina.

Depois das oitavas, a Bélgica realizou atividades com a presença apenas dos reservas. No resort onde a equipe está concentrada, em Mogi das Cruzes (SP), a dupla pouco foi a campo e apareceu para os jornalistas apenas quando andavam de bicicleta pelo local. As rápidas aparições no campo foram apenas para corridas leves e trabalhos com a bola.

A campanha da Bélgica na Copa deixa o país eufórico o bastante para que as atuações do camisa 7 levantem comparações com os dois maiores jogadores da atualidade, Messi e Cristiano Ronaldo. “Cristiano é um dos melhores do mundo, mas o meu estilo é mais parecido ao do Messi, porque gosto de conduzir a bola”, explicou De Bruyne.

Apesar de ter o argentino como modelo, já disse que o grande sonho é vencê-lo neste sábado. “Não posso ficar impressionado com o desempenho dele. Vamos jogar contra a Argentina e quero jogar bem para ganhar tanto da equipe como dele”, afirmou.