Arena: nossa opinião

Equipe Tribuna 98 avalia a Arena após grande reforma

A imprensa teve pouco acesso à Arena da Baixada nos últimos anos. Uma ou outra visita liberada pelo Atlético e intermediada pelo poder público, os jogos-teste contra J. Malucelli e Corinthians, a recente entrevista coletiva do secretário-geral da Fifa, Jerôme Valcke. Mas nenhuma visita foi tão ampla como a de ontem, organizada pela Fifa e que apresentou todos os detalhes da operação que será vista nos jogos da Copa do Mundo por aqui.

Da entrada, na rua Engenheiros Rebouças, até o gramado tratado com equipamento importado, tudo foi conhecido. A imponência da nova Baixada, agora realmente concluída, ainda contrastou com a necessidade de finalizar as obras do entorno do estádio – na praça Afonso Botelho, na avenida Getúlio Vargas, na rua Brasílio Itiberê. Olhando para alguns detalhes mais preocupantes, chega-se a duvidar que em dez dias tudo estará arrumadinho para o jogo entre Nigéria e Irã.

Mas o que tanto preocupava, que era o estádio, está pronto. Uma Arena que, como o Paraná Online contou em março, pode representar um salto do Atlético para um futuro de receitas bem maiores do que o clube obtém hoje – e sem qualquer problema para quitar os empréstimos que recebeu. Um palco para grandes jogos de futebol (com uma acústica que fará a moderna arena seguir sendo o Caldeirão do Diabo), mas também para shows. Para isso, será fundamental uma gestão profissional do estádio.

Na visita de quinta-feira (05), o Paraná Online deslocou seis profissionais: o diretor de redação Rafael Tavares, o chefe de redação Armindo H. Berri, o editor Carlos Bório, os repórteres Luiz Ferraz e Roberson Jannuzzi e o fotógrafo Felipe Rosa. Abaixo estão as opiniões deles sobre a Arena que eles viram ontem.

Detalhado e grandioso

Rafael Tavares

40% dos torcedores, em cada jogo da Copa do Mundo na Arena da Baixada, vão utilizar o acesso 2, pela Praça Afonso Botelho. Lá vão cruzar com uma mulher de cabelos vermelhos, sentada numa daquelas cadeiras altas, típicas de guardas salva-vidas. Com megafone em punho, ela passará quatro horas gritando a mesma frase: “Bem vindos à Copa do Mundo da Fifa. Mantenham seus ingressos à mão. Divirtam-se… Welcome to Fifa World Cup. Keep your tickets…”

Tudo o que se refere á organização do mundial de futebol é detalhado e grandioso. Não se fala em economia pra garantir o melhor aos espectadores. Pra Fifa, clientes, fãs. A moça do cabelo vermelho tem até apelido: Rita Lee. Integra o time dos voluntários. Sua missão é pequena, mas de grande valia. Sua frase insistente, com informação útil e simples, faz o torcedor saber pra onde ir.

Coisas assim estão por toda a parte. Você atravessa a praça, entra no estádio, chega no seu lugar, vai ao banheiro, volta… Com facilidade. Há pessoas treinadas até pra abordar aquele desavisado que senta no lugar errado. Com a lábia treinada pra convencê-lo a mudar de cadeira. E a prática afiada caso banque o bobo.

Trata-se, indiscutivelmente, do maior evento do planeta. A Copa do Mundo. E o Atlético teve competência pra erguer um estádio de quilate equivalente. O Joaquim Américo ganha, agora de verdade, ares de Arena. Não que a anterior não tivesse. Mas, perto dessa que visitei ontem, a outra fica no chinelo.

É imponente, funcional. A proximidade com o campo me fez lembrar a primeira que conheci, na década de oitenta. Senta-se muito perto do gramado, sem qualquer barreira física. Sente-se tudo, em mão de via dupla. Tenho pena dos goleiros em futura decisão por penalidades.

Que chegue o grande momento. Ver aquilo lotado, com 40 mil vozes cantarolando alegria do futebol, será fantástico.

Felipe Rosa

Queixo caído

Carlos Bório

Tirando os detalhes que ainda não estão prontos, a nova Arena da Baixada tem tudo para conquistar o coração do torcedor. O estádio ficou impressionante. Do lado de fora não chega a chamar tanto a atenção, mas basta cruzar as catracas para o queixo cair. A Arena da Baixada está grandiosa. Com tons de cinza predominando em volta, a primeira coisa que se destaca é o gramado. Um tapete verde de fazer inveja. Isso vai fazer muita diferença na qualidade do espetáculo. Não tem como o jogador colocar a culpa no gramado por não conseguir dominar uma bola ou errar um chute. Aliás, a proximidade da arquibancada com o campo é outro ponto que merece destaque. O torcedor quase poderá tocar no jogador. Mas também pode correr o risco de ter que dar uma de goleiro para se defender das boladas.

O torcedor poderá ver seu time do coração com todo conforto. Os assentos, tão combatidos e polêmicos, são de boa qualidade e confortáveis. A cobertura dá o aspecto de arena ao estádio. Já dá até para imaginar quando estiver lotado de torcedores. Não vai ter treinador que conseguirá passar instruções aos jogadores, tamanho deve ser o barulho. E a torcida é que vai dar cor e vida à Arena da Baixada.

Agora é esperar para ver a Arena da Baixada pulsando ao barulho da torcida. Coitados dos adversários do Atlético. Se antes eles já sentiam a pressão de jogar aqui, agora será muito pior. O caldeirão está pronto pra ferver novamente.

Grande legado pra Curitiba e pro Atlético

Armindo Berri

Sou fascinado por gramados, aviões, máquinas de guerra e estádios de futebol. Mas bons estádios – afinal, sempre achei que uma bom jogo de sinuca só pode ser jogado numa mesa de primeira. Já sou da corrente que não acha o ingresso de futebol tão caro, desde que você tenha um “teatro” à altura. É assim que a gente engole o preço salgado para um show no Guaíra, por exemplo: lá, você se sente como se estivesse numa boa poltrona da sua casa.

Pois bem, conheci a nova Arena da Baixada, ontem, depois de entrar várias vezes na antiga, que já era modelo para o Brasil. É outro estádio, bem melhor, muito melhor, com DNA futurista, algo que a nação atleticana e Curitiba precisavam. Comparado a qualquer estádio que conheci, posso afirmar que qualquer um deles fica trinta anos atrás da nova Arena.

A visibilidade continua a mesma, melhor ainda para quem fica nos primeiros degraus, rente ao gramado, sem fosso. Dará pra sentir a chuteira na caneleira do adversário. Dará pra seguir qualquer orientação do goleiro para o zagueiro e deste para o volante, e assim por diante. Não há assento em lugar algum que não ofereça uma visão privilegiada.

Posto o que está lá, há algumas coisas a serem corrigidas para o primeiro jogo, dia 16. Falta concluir pintura, mesmo interna, padronizá-la (a Arena); falta uma limpeza no piso de todos os quatro pavimentos, além de uma limpeza geral no entorno, e uma lavada melhor que as escadarias da igreja do Bonfim; falta retirar entulhos e esconder cabos nos seus devidos lugares; falta fechar alguns bueiros, principalmente na praça em frente ao estádio, que servirá de acesso aos torcedores. Mas tudo coisa que lembra limpeza própria de um final de obra.

A torcida se surpreenderá positivamente, não tenho dúvidas. Vai ficar deslumbrada. Se o simulado de ontem funcionar nos dias de jogos da Copa, o torcedor encontrará um guia ou um voluntário a casa dez metros, falando vários idiomas. E chegará a uma conclusão: fora a corrupção, tem-se que tirar o chapéu para a Fifa. Ela é chata, exagerada nos gastos, perfeccionista ao extremo, mas deixa grandes lições. Várias. A organização é a principal delas. É um exagero de gente treinada para que cada jogo seja um espetáculo. E este é sem dúvida, o grande legado que a Copa do Mundo deixará para o nosso futebol. Podemos até explorar o torcedor, mas não podemos mais pensar pequeno. Jogo de futebol tem que ser visto como um evento, um show.

Fel,ipe Rosa

Tudo pronto

Luiz Ferraz

Entre mortos e feridos, salvaram-se todos. Ao entrar pela última vez na Arena da Baixada antes da Copa do Mundo, consegui ver um estádio pronto para receber o maior evento de futebol do Mundo. O estádio atleticano, que tinha muito ainda a evoluir na metade do mês passado, quando foi realizada a segunda partida-teste do novo caldeirão entre Atlético e Corinthians, ganhou novos contornos, principalmente nas suas cercanias e hoje já conseguimos imaginar turistas de todo o Brasil, do Mundo e a população curitibana dentro do Joaquim Américo para acompanhar as partidas do Mundial.

As conversas paralelas ontem, durante o tour feito para a imprensa pela Fifa, eram as mais variadas, mas todos satisfeitos com o estádio paranaense que vai receber os jogos da Copa do Mundo. Mas ao ver a Arena da Baixada completamente concluída, foi impossível não lembrar dos momentos temerosos que tomaram conta de Curitiba nos momentos críticos, principalmente no início deste ano, quando a Fifa não economizou críticas e broncas ao organizadores da Copa em Curitiba e inclusive ameaçou tirar a nossa cidade da rota do Mundial.

Vendo a Arena da Baixada completamente concluída e pronta para receber a Copa do Mundo, apesar de todos os problemas, principalmente no modelo de gestão adotado para a reforma e ampliação do estádio, tenho que creditar a volta por cima da retomada do cronograma não somente ao Atlético. Prefeitura de Curitiba, Governo do Estado, juntamente com a Fifa e o Comite Organizador Local (COL) conseguiram, em janeiro, dar novos rumos a reforma do Joaquim Américo e transformar, o até então mais atrasado palco do Mundial do Brasil, em um dos mais belos estádios do futebol brasileiro.

Cara de Copa

Roberson Jannuzzi

Faltando dez dias para a primeira partida da Copa do Mundo em Curitiba, a arena vai ganhando a cara do Mundial. O “Tour da Copa” me possibilitou ter uma visão mais ampla do que o torcedor vai encontrar. As estruturas temporárias instaladas na praça Afonso Botelho farão com que o torcedor se impressione antes mesmo de entrar no estádio, que por si só já é uma atração. Serviços dos patrocinadores e promoções serão ofertados três horas antes de cada jogo.

A grandeza do evento fica cada vez mais nítida, porém como jornalista não poderia deixar de verificar outros aspectos, como limpeza, conforto e estrutura. Em relação ao jogo teste com o Corinthians, no dia 14 do mês passado, algumas obras evoluíram, mas ainda é possível encontrar alguns setores com pequenos reparos e necessitando de uma grande limpeza. Nada que tire o brilhantismo de um estádio espetacular.