Dez clubes tentam conquistar vaga na elite de 2011

Contando as moedas, e sonhando com a conquista de uma vaga na elite do futebol estadual em 2011, dez clubes começam hoje a disputar a Divisão de Acesso do Paranaense. As equipes já entram na disputa acumulando prejuízo. Motivo: a competição sofreu dois adiamentos e, sem que os times pudessem entrar em campo, as rendas dos jogos não vieram e as contas tiveram de ser penduradas, inclusive o pagamento dos salários dos jogadores.

Os seguidos adiamentos da Divisão de Acesso também afetaram a logística dos clubes. Por mais de uma vez eles tiveram de marcar e desmarcar hospedagens em hotéis, além de cancelar viagens de ônibus. É assim que começa a Segundona estadual, que ainda sofre a ameaça de vir a ter nova paralisação, caso o Iguaçu – excluído da disputa – resolva ir para o tudo ou nada e recorra à Justiça Comum para “melar” a deficitária competição. Confira quanto cada clube já entra devendo na disputa.

São José

O primo pobre da região metropolitana de Curitiba estima um prejuízo de R$ 100 mil, além de um desgaste emocional. Como 90% dos 25 profissionais do São José vieram de São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a diretoria calcula que o ‘extra’ será gasto em estrutura, alimentação e salários dos atletas. “A federação nunca pode esperar os clubes na hora de pagar, mas nós somos obrigados a ficar quietos. Assim fica tudo complicado”, lamenta o presidente do clube, Márcio José da Silva.

Pato Branco

Com um prejuízo incalculável, o Pato Branco esperava já ter atuado em casa na Segundona para pagar parte dos R$30 mil mensais gastos apenas com a comissão técnica. A mudança na tabela deve fazer com que o Tricolor do Sudoeste acumule perdas significativas na disputa da competição. “Já calculávamos uma estreia em nosso campo com 2 mil pessoas e recebendo R$20 mil de bilheterias, fora o bar. Agora, além de perdermos essa receita, corremos a possibilidade de ter partidas no meio de semana em casa. Isso nos atrapalha, pois o estádio Os Pioneiros não tem iluminação”, explica o diretor de futebol do Pato, Paulo Stefani.

Foz do Iguaçu

Depois de contratar carros de som, pintar faixas e imprimir uma quantia razoável de folders com o intuito de convocar brasileiros e paraguaios para a estreia do Foz na Divisão de Acesso, a diretoria do clube da fronteira ficou em maus lençóis. Na semana passada, houve a necessidade de pagar funcionários para ficar em frente ao estádio ABC se desculpando pelo adiamento do torneio. Para os cartolas do clube, ainda assim, o maior prejuízo está na credibilidade junto aos patrocinadores. “É estranho você cobrar e não dar nada em troca”, lamenta Arif Osman, presidente do clube. Ele afirma que os adiamentos estão causando muito sofrimento para que o Foz consiga manter em dia os gastos que chegam a R$ 85 mil mensais e ataca a FPF pela conduta diante do Iguaçu: “Se fosse o Atlético ou o Coritiba tenho certeza que isso não aconteceria”.

Arapongas

Apesar de fazer média com a FPF e culpar o Iguaçu pelo adiamento da Divisão de Acesso, a diretoria do Arapongas já sabe quanto perdeu. “Cada semana que esse torneio foi adiado eu perdi R$ 30 mil”, disse o presidente do Pássaro nortista, Adir Leme. O dirigente, que também é proprietário do novo Barueri, lamenta a esculhambada forma de se fazer futebol no Paraná. “Aqui em São Paulo os clubes ao menos são organizados”, atacou.

Portuguesa Londrinense

Além da despesa extra acima dos R$ 50 mil, causada pelo atraso na competição, a Portuguesa terá que encarar mais de 100 quilômetros de estrada para estrear em Paranavaí, pois o Estádio, do Café continua interditado pela comissão de vistoria da Federação Paranaense de Futebol. “Com certeza, tem prejuízo. Infelizmente, esse problema na Justiça só serviu para nos atrapalhar. Vínhamos em um bom ritmo e o grupo quer jogar”, lamentou o presidente do clube londrinense, Edson Moretti.

Londrina

Das glórias conquistadas no passado, ao Tubarão restou somente a memória. Depois de uma intervenção da Justiça do Trabalho, um grupo de empresários terceirizou a gestão do Londrina. Além do prejuízo estimado em R$ 80 mil apenas com as folhas de pagamento que talvez precisem ser prorrogadas, o Alviceleste também vai precisar gastar locomoção e estadia para jogar a 2ª rodada em Paranavaí – o que também fará o clube perder em bilheterias. “Estamos na expectativa, pois desde o arbitral as coisas andam tumultuadas”, reclama o gerente de futebol do LEC, Edenilson Franco, o Pateta, que completa: “Pela nossa grandeza, a ordem é subir. Existe uma cobrança muito grande na cidade”.

FC Cascavel

Sob reclamações de prestadores de serviço, a diretoria do FC Cascavel diz que a perda de moral é o maior prejuízo do clube com a demora no início da Divisão de Acesso. “Antes do segundo adiamento, já havíamos reservado ônibus e restaurante para os jogadores. Isso deixa uma situação chata, já que deixaram de atender outras pessoas para prestar serviço pra gente. Com os patrocinadores a situação é parecida, já que eles investem no clube e querem retorno. Todos dizem que compreendem, mas é complicado”, disse o presidente da equipe, Sandro Belletti.

Roma Apucarana

Na expectativa de finalmente entrar em campo, a direção técnica do time de Apucarana diz que os atletas estão exaustos. Ao falar dos prejuízos, o treinador do Roma, Richard Malka, diz que sua equipe está perdendo em vários fatores. Ainda assim, ele faz questão de ressaltar dois em especial: “Os jogadores ficam nessa de preparação, mas sem perspectiva de jogar. Tem uma folha de pagamentos vencendo e já imaginávamos pelo menos um jogo em casa para ajudar a pagar as despesas”.

Francisco Beltrão

Apenas em busca de defender a honra da cidade, a diretoria do Francisco Beltrão não viu problemas no adiamento do torneio. Apesar de sentir-se prejudicado na hora de arcar com os R$ 33 mil mensais da folha de pagamento, o presidente do Anilado, Valdomiro Dama Didone, defende a Federação Paranaense de Futebol. “Melhor que seja agora que depois”, opina o dirigente, que hoje conta com mais de 40 empresas da região apoiando. O clube tem 19 jogadores inscritos.

Sport Campo Mourão

Mesmo a espera por reforços, que ainda estão em atividade no Mato Grosso do Sul, não fez a diretoria do Sport Campo Mourão ficar feliz com o adiamento da Segundona. Com uma folha de pagamento de R$ 50 mil, o clube interiorano se diz aliviado por não entrar em campo somente no dia 23 de maio. “A expectativa era grande para estrear. Apesar de termos feito parceria com um hotel e um restaurante, os jogos sempre são necessários para gerar receitas e ajudar a pagar os compromissos do clube”, disse o diretor de futebol do Leão, Rafael Betini.