Começar de novo: em passos lentos, o futebol tenta retomar atividades

No Arsenal, treinos para dois jogadores de cada vez. Por aqui, a volta do futebol terá perfil semelhante. Foto: Reprodução/Record

A semana passada teve momentos pra lá de preocupantes. O maior deles foi o aumento do número de casos do novo coronavírus. Pra nós, que vivemos o dia a dia do esporte, acompanhar a movimentação do governo federal, da CBF e das federações para a volta das atividades do futebol brasileiro, inclusive com o plano das competições serem retomadas em 16 de maio, foi surpreendente, porque os cartolas criavam os planos de reinício das partidas no meio da semana com mais casos de covid-19.

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Os comentários ao texto em que classifiquei como irresponsabilidade a volta dos campeonatos no meio de maio seguiram o padrão de “muita gente precisa trabalhar” e “se estiver tudo certo, não tem por que não ter jogo“. É o olhar de quem quer ver seu time jogando – ou que vê na volta do futebol uma situação que pode ser aproveitada politicamente.

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Apesar de discordar dessa tese, por acreditar que é cedo demais para pensar em voltar, é preciso entender o outro lado. Os clubes estão reduzindo salários de jogadores, suspendendo contratos e demitindo funcionários. Tudo isso é terrível. E é claro que também precisa ser levado em consideração.

Complicado

Não está fácil pra ninguém – e quando digo pra ninguém, é pra ninguém mesmo. Vou repetir: quando digo pra ninguém, é pra ninguém mesmo.

Mas é preciso compreender o momento. Vivemos a fase mais complexa do combate ao coronavírus, e se conseguimos manter por um bom tempo a curva de contágio achatada, é porque respeitamos a orientação de distanciamento social. A queda no isolamento elevou o contágio. Então esse é um período chave para que, aí sim, comecemos a retomar as atividades, inclusive do futebol.

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Valho-me do depoimento de Dorival Júnior, técnico do Athletico. “Quem define isso precisa ter responsabilidade em um momento como esse”. É o que se espera, responsabilidade de quem decide. E ele disse mais, numa entrevista pra Nadja Mauad: “Vendo por esse lado, seria conveniente para um país despreparado como o nosso, especialmente na questão da saúde, segurar mais”.

Usando o comentário de um leitor, quem está no ar condicionado não sabe o que está acontecendo – óbvio que ele usou pra me criticar (e eu nem tenho ar condicionado!), mas serve também pros cartolas e políticos.

Futebol: um passo de cada vez

A maioria dos clubes adotou protocolos suaves de retomada dos treinamentos. Athletico, Coritiba e Paraná Clube seguiram esse caminho. Alguns, como Palmeiras, Fluminense e Botafogo, não voltaram por achar que não é a hora. A princípio, ninguém se encontra – o primeiro estágio é em home office, tanto para funcionários como para atletas.

De 7 a 10 dias depois, a volta aos treinos, em grupos pequenos de cada vez, como alguns clubes europeus fizeram. Há quem tenha definido reapresentações individuais, pra vocês terem uma ideia. Mas tudo isso depende do OK das secretarias estaduais de saúde.

São caminhos – talvez lentos para quem queria jogo daqui a 10 dias, mas são os passos que podem ser dados agora. Como disse Raí, diretor executivo do São Paulo: “É voltar ao seu tempo, com as orientações, e gradativamente, começando obviamente o treino sem uma data certa de quando o campeonato vai retornar”.

O futebol vai voltar. Mas tem que ser na hora certa.


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