Soluções para o futebol brasileiro passam longe de atletas e especialistas

Clubes, federações e CBF tentar derrubar as barreiras e voltar com o futebol brasileiro. Mas ainda não é a hora. Foto: Daniel Castellano/Arquivo Gazeta do Povo

Começamos a semana com os interessados na volta do futebol brasileiro tentando empurrar as peças uma casa à frente. Receberam como grande incentivo o decreto do governo federal que faz de academias, barbearias e salões de beleza atividades essenciais durante a pandemia do novo coronavírus. Mas o que isso significa?

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Que para que o governo federal falta pouco para decidir que o futebol é uma atividade essencial – quer dizer, já foi decidido pelo presidente da República, mas ainda não saiu o decreto pra confirmar. A posição que é defendida por CBF, federações e alguns clubes teve um lobby muito bem-sucedido. E também contou com a tentativa oficial de capitalizar a volta do futebol brasileiro.

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Como hoje tudo é feito de contrapontos – ou você é a favor de X ou você é contra, é proibido analisar -, a posição federal é de se opor às decisões dos governos estaduais de impor o isolamento social. Não por decisão apoiada na ciência, mas sim pelos inúmeros interesses que envolvem a política. Defender a volta do futebol brasileiro é, ao mesmo tempo, jogada para a galera (como se dissesse “eu vou fazer o futebol voltar pro povo”) e ação ordenada para jogar a responsabilidade da crise para os governadores.

Mais apoio

Em um estado onde os clubes têm mais influência, a porta está sendo aberta. No Rio Grande do Sul, Grêmio e Internacional são pesados dentro da política – na última eleição o presidente gremista foi sondado para ser candidato ao governo e ao Senado. Não é à toa que Porto Alegre liberou os treinos e o governador Eduardo Leite suspendeu as atividades no sábado (9) e mudou de opinião no domingo (10).

Parece filme, mas é a sala de fisioterapia do Atlético-MG. Foto: Pedro Souza/CAM

O Atlético-MG retomou seus trabalhos nesta segunda-feira (11) na Cidade do Galo, que fica em Vespasiano, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte. Na capital de Minas Gerais, não haveria chance de isso acontecer, porque o prefeito Alexandre Kalil (que foi presidente do Galo) não quer saber de futebol por lá. Mas os clubes estão mexendo seus pauzinhos, em Minas e em outros estados. Inclusive no Paraná.

E quem faz o futebol brasileiro?

Desse jeito, vai se preparando a volta de todos os clubes (ou pelo menos da maioria) sem ouvirmos mais especialistas e principalmente os atletas. No mesmo dia em que o Galo chamou todo mundo pra fazer exames, um estudo do Centro de Pesquisa em Esporte, Lazer e Sociedade, da UFPR, feito com aval da Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento, mostra que para o futebol brasileiro retomar as competições, ainda será preciso esperar.

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O resumo do estudo é esse: “A retomada total das atividades esportivas e competições só será possível com a existência de medicamento retroviral eficaz ou vacina que previna e proteja tanto os praticantes/atletas quanto os espectadores”. Há quem diga agora: “E a gripe? e outras doenças contagiosas?”. Então, para outras gripes e várias doenças infectocontagiosas há vacinas e há medicamentos já comprovados.

Preconceito e pressão

Quando surgiu no Ocidente, na metade da década de 1980, a AIDS era considerada uma praga. Quem fosse infectado pelo HIV virava um pária, excluído da sociedade e sofrendo toda sorte de preconceitos. Para especialistas, a virada na forma de encarar os portadores veio por dois fatos: a descoberta do coquetel que mantém o paciente saudável e, principalmente, a admissão pública de Magic Johnson em 1991.

Magic no dia do anúncio. Foto: History Channel

Quem puder ver The Announcement, documentário sobre Magic, faça isso. Ajuda muito a gente a perceber como agimos hoje com quem é contaminado pelo coronavírus. E mostra que ouvir quem entende do assunto e quem faz parte do futebol brasileiro pode ajudar muito neste momento.


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