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Análise: Kleina tinha culpa, mas e a diretoria?

A demissão do técnico Gilson Kleina era questão de tempo. E o próprio treinador sabia disso. Tanto é que no vestiário mesmo, após a derrota por 4×3 para a Chapecoense, conversou com a diretoria e praticamente pediu demissão. Não havia motivos para suportar mais essa pressão. Na próxima rodada, o Coritiba enfrenta o Corinthians fora de casa e uma nova derrota, que seria normal, o colocaria em situação ainda mais delicada.

Mas a pergunta que fica é: Por qual motivo a diretoria do Coxa deixou chegar a esse ponto e colocar o agora ex-comandante da equipe na mira da torcida? E a justificativa para a demissão deixa muito claro que os dirigentes estão perdidos. Se o que pesou para a demissão de Kleina foram a perda do título paranaense e a eliminação na Copa do Brasil, porque não resolveram isso antes? Esperar uma derrota para o Grêmio, então líder do Brasileirão, fora de casa, é se omitir.

Então veio a reunião de segunda-feira (30) e ficou claro que, mesmo diante de tantos elogios ao trabalho do técnico no dia a dia, tudo isso seria colocado em jogo em uma única partida. Se ganhar, fica. Se perder, um abraço. E foi o que aconteceu. Se o trabalho do treinador estava sendo tão bom, porque não ter pulso firme e confiar no planejamento?

A cada dia, a diretoria tem um pensamento diferente. A impressão que dá é que nem eles confiam no planejamento. Se Kleina era o treinador ideal e que poderia fazer este time jogar, então aguente as porradas e as pedradas e o mantenham no cargo. Se não é o ideal, então houve erro na avaliação e demoraram demais para perceber isso.

O que é pior, em entrevista após o duelo com a Chapecoense, ao ser indagado qual a parcela de culpa da diretoria nesta crise do clube, o vice-presidente José Fernando Macedo disse que a direção não tem culpa nenhuma, pois está pagando dívidas. Mas quem é que formou este elenco? Quem trouxe o treinador? E agora arranjou mais uma dívida, pois terá que pagar a multa da rescisão do contrato de Kleina, ao mesmo tempo que pagará o novo técnico que virá.

De fato, desde as finais do Campeonato Paranaense, justamente quando o Coritiba teve pela frente adversários do mesmo nível ou mais fortes, os resultados não estavam vindo. Em nove jogos, uma única vitória. O time até jogou bem algumas partidas, o que deixa claro que o trabalho não era de todo ruim, mas não era o suficiente. Kleina vinha fazendo o que podia e a mudança técnica até pode melhorar o Alviverde. Faz parte da cultura brasileira.

Mas se omitir de culpa é jogar para a torcida. Dívidas, todos os clubes têm. Mesmo assim, alguns, como a própria Chapecoense, Ponte Preta e Santa Cruz, com um orçamento menor que o do Coritiba, estão conseguindo resultados melhores. Então tem alguma coisa errada também no planejamento. Mas que planejamento mesmo?