Coritiba prefere esperar definição das cotas da TV

Às vésperas de 2003, o Coritiba percebeu que não adianta fazer planos por enquanto. A reunião realizada na noite de quarta-feira entre diretoria e comissão técnica serviu para que novos nomes de jogadores fossem declinados, mas não se tomou nenhuma decisão, já que não se sabe quanto dinheiro o clube receberá da televisão. Para completar, o clima da reunião foi pesado, porque lá a cúpula alviverde recebera a notícia da saída do meia Lúcio Flávio.

Involuntariamente, ele seria um dos temas da reunião, já que o técnico Paulo Bonamigo queria saber se Lúcio ficaria ou não. Com a resposta dada por outros caminhos (a oficialização do negócio pelo Atlético-MG), o ambiente ficou carregado. “Foi realmente algo que nós não esperávamos que fosse acontecer dessa maneira”, confessa o secretário Domingos Moro. A conversa entre os presidentes Giovani Gionédis e Enio Ribeiro, durante a reunião coxa, também não surtiu qualquer efeito.

Mesmo assim, nem o jogador nem o procurador Ney Santos confirmaram o negócio – ou desmentiram. “Tentamos ligar para eles e nada”, diz Moro. Hoje pela manhã, enquanto o coordenador técnico Sérgio Ramirez dizia que não fora informado de nada, a assessoria de Lúcio Flávio divulgava uma nota dizendo que “o jogador não estará presente nos treinamentos do Coritiba. Lucio Flávio viajou à cidade de Belo Horizonte onde irá realizar apenas exames médicos no clube mineiro”. Apesar de não aceitar a atitude, e de reclamar publicamente do procurador Ney Santos, ninguém acredita que o jogador reaparecerá no Alto da Glória.

Já dando o fato como consumado, o Cori tentou então ver como fará para reforçar o elenco. Mas a pendenga envolvendo o campeonato brasileiro não deixa o clube se planejar. “Não podemos fazer nada enquanto não soubermos com quanto dinheiro vamos contar”, afirma Domingos Moro. Segundo ele, nem a pessimista projeção de 500 mil reais por mês pode ser garantida. “É bobagem ficar projetando números. Vamos ficar esperando a definição”, completa o dirigente coxa. Ao menos, o Cori quer terminar o ano (o último treino de 2002 acontece hoje pela manhã) com o acerto de Reginaldo Nascimento, que está complicada. A proposta feita pelo Bahia é vantajosa para o volante, e pode acabar dificultando a renovação de contrato dele com o Coritiba. “Mesmo assim, estamos confiantes porque acreditamos na palavra do atleta, que manifestou desejo de permanecer no clube”, diz Moro.

Fernando: mais dois anos

Talvez tenha sido a renovação de contrato mais atribulada da carreira de Fernando, 24 anos. O goleiro finalmente assinou ontem com o Coritiba, e vai ficar no Alto da Glória por no mínimo mais dois anos. É o final de uma novela que teve capítulos bastante peculiares, principalmente por causa de uma barafunda jurídica que envolveu o atleta, o Cori e o Grêmio.

Devido a mudança na lei do passe, era obrigatório que Fernando rescindisse contrato com o Coritiba para depois acertar a liberação definitiva junto ao Grêmio. Apesar disso, no início das férias o goleiro se mandou para Porto Alegre, para tentar no mínimo alinhavar um acordo que o permitisse acertar sua renovação. Mas não foi fácil -envolvidos com as semifinais do Brasileiro, nenhum dirigente gremista atendia o goleiro.

A porta para uma conversa só foi aberta quando o Grêmio foi eliminado da competição. Já pensando em dar um ultimato, Fernando foi ao Olímpico e encontrou um clube em polvorosa – o presidente José Alberto Guerreiro anunciara que não iria concorrer à reeleição, e agitara a política interna tricolor. “Pensei que ia perder mais uma tarde, e já estava perto da reapresentação”, relembra o goleiro coxa.

Mas a palavra de Guerreiro falou mais alto, e ele deixou toda a papelada pronto – com a assinatura de Fernando. Com esses documentos, o goleiro voltou a Curitiba e rapidamente acionou a diretoria coxa para rescindir seu contrato. “Já deixei tudo pronto para facilitar a liberação”, explica. Sem vínculo com o Cori (apesar de estar treinando normalmente), Fernando apenas esperou o desenrolar da história – terça, em seu último ato como presidente, Guerreiro assinou o termo de liberação antecipada.

Daí para a assinatura do contrato, foram dois dias de expectativa. Ele gostou de ter um vínculo maior com o Coritiba, e agora só tem pensamento para a próxima temporada. “Meu objetivo é conquistar títulos pelo Coritiba”, promete. (CT)

Voltar ao topo