Comunicação preocupa Torben

Cidade do Cabo, África do Sul – A principal preocupação do comandante Torben Grael é melhorar a comunicação a bordo do veleiro Brasil 1, evitar o telefone sem fio – em que a mensagem pode chegar deturpada -, principalmente quando os ventos são fortes e nem sempre quem está na proa ouve as ordens de quem está na popa.

"Precisamos diminuir a gritaria a bordo, reduzir a comunicação desnecessária, especialmente contra o vento. Nos mares do Sul, com ventos fortes e onde é grande a preocupação com a segurança – uma queda de um tripulante na água pode ser fatal -, a informação tem de chegar corretamente a todos", explicou Torben.

A diretriz foi passada à tripulação do Brasil 1, no balanço feito com o grupo após a regata local de segunda-feira, na Cidade do Cabo, África do Sul. O barco brasileiro terminou em quarto lugar, na prova vencida pelo holandês ABN Amro 1, mas manteve a vice-liderança na classificação geral da Volvo Ocean Race.

No próximo dia 2, os barcos largam para a segunda perna da regata de volta ao mundo, com percurso de 11.100 quilômetros, entre Cidade do Cabo e Melbourne, na Austrália. Os participantes da prova vão passar pelos difíceis mares do Sul.

Trabalho

Roupas de velejar estendidas no varal para secar, os neozelandeses Matt Steele, da equipe de terra, e o tripulante Stewart Wilson sentados no chão reforçando as costuras das velas, um mergulho de Horácio Carabelli, coordenador-técnico do projeto, para verificar possíveis avarias no casco do Brasil 1. O grande movimento de pessoas trabalhando ontem, nos contêineres-escritórios e barracas instalados no quartel-general do Brasil 1, no complexo náutico de Waterfront, dava o clima de dia seguinte ao da regata in-port.

O comandante Torben Grael e sua tripulação ainda comemoravam o fato de o barco ser resistente e ter deixado a regata, com rajadas de ventos de mais de 40 nós (cerca de 65 km/h), sem quebras graves. "O barco foi projetado para enfrentar ventos fortes, mas em longas distâncias, onde se anda mais em linha reta e as manobras são menos constantes", explicou Ricardo Ermel, que atua na equipe de terra do francês Hervée Le Kiliec.

Ermel observou que alguns procedimentos são usuais, como lavar o barco e as roupas com água doce, reforçar as velas, fazer uma revisão e consertar as avarias, mas, após uma regata como a de segunda-feira, crescem as preocupações com o desgaste da tripulação e com as avarias.

Ricardo, que foi no bote de apoio na regata de segunda-feira, precisou tomar um analgésico com relaxante muscular para dormir por causa das dores no corpo causadas pelas condições de vento.

Ansiedade

Mas o clima também já é de expectativa pela largada, para a primeira das duas pernas pelos perigosos mares do Sul, entre Cidade do Cabo e Melbourne, que deve durar cerca de 15 dias. A outra perna considerada arriscada, com icebergs, frio e ondas gigantes no caminho, larga dia 12 de fevereiro de Melbourne e termina no Rio. "Estamos mais preocupados com a preparação para a próxima regata", disse Torben.

Ontem, o norueguês Knut Frostad e o brasileiro Kiko Pellicano estavam aprendendo sobre o motor, enquanto o holandês Marcel van Triest continuava treinando na mesa de navegação para substituir Adrienne Calahan. O barco ainda deve treinar dois ou três dias antes da largada e será tirado da água para que a pintura da quilha seja refeita.

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