Carnaval divide opinião dos treinadores no Rio de Janeiro

Não é à toa que dizem que no Brasil o ano só começa depois do Carnaval. A parada de quatro dias e meio, movidos a muito álcool e noites em claro, costuma quebrar o ritmo de muita gente. Imagine então para os jogadores de futebol para os quais o ano começa mesmo em janeiro e o Carnaval é a tentação a atrair suas atenções.

O técnico do Flamengo, Joel Santana, admitia que sua maior preocupação no fim da semana não era a partida contra o América, ontem, mas a festa em si. ?Nosso objetivo é conquistar o título e iremos trabalhar todos os dias. Porque temos que deixar jogadores que não atuaram muito em boas condições física? explica Joel, cujo temor não diz respeito apenas aos abusos de seus comandados.

O time está concentrado num hotel na praia da Barra da Tijuca, onde há blocos e muita badalação. ?Isso poderá tirar a concentração deles?, lamenta. Hoje, o elenco terá folga; e amanhã e na terça, quando ocorrem os desfiles das escolas de samba do Rio, o grupo treinará às 16 horas, sendo liberado em seguida. A não ser que o Flamengo contrate babás para cada atleta, é difícil crer que todos ficarão tranqüilamente em casa, a repousar, ao invés de se entregar aos braços de Momo.

Gaúcho liberal

Mas nem todos os colegas cariocas de Joel dividem sua filosofia. O técnico do Fluminense, Renato Gaúcho, conhecido boêmio em seus tempos de craque, já cansou de dizer que desfilar no Sambódromo equivale a um severo treino físico e não fez qualquer tipo de restrição ou aconselhamento a seus comandados.

?Dá para curtir o Carnaval sem abusar?, diz o zagueiro tricolor Luiz Alberto, que precisa dar o exemplo por ostentar a braçadeira de capitão. ?O Renato não conversou com a gente, mas todos sabem da responsabilidade que tem?.

Seu companheiro, o atacante Washington, não esconde o desejo de aproveitar o tempo livre e quer ir ao Sambódromo acompanhar os desfiles do Grupo Especial. ?Fiquei fora do país por três anos e senti saudades. Vou tentar assistir aos desfiles, pois sempre vi pela televisão, mas nunca fui.? No jogo de sábado à noite o Flu empatou – 1 a 1 com Boa Vista. Washington fez o gol do Tricolor e Anselmo empatou para o Boa Vista.

Cuca liberal legal

Em território botafoguense, o Carnaval também não parece ser motivo de preocupação. A confiança do técnico Cuca no atual grupo é tamanha que estuda abolir a concentração. O goleiro uruguaio Castillo está ansioso pela possibilidade de poder participar do desfile da Beija-Flor. ?Fui convidado por um conhecido para desfilar pela escola. Não sei se vou conseguir, vai depender dos treinos. O Carnaval brasileiro é a maior festa popular do mundo?.

Caso Castillo realize sua vontade, deverá esbarrar em adversários do clássico deste sábado. Romário, técnico-jogador do Vasco, e seu novo companheiro Edmundo costumam freqüentar a avenida do samba, mais especificamente o badalado camarote da Brahma, para o qual já confirmou presença o atacante Adriano, do São Paulo.

O Carnaval brasileiro exerce seu fascínio para além das fronteiras do país, e é potencial dor de cabeça para os treinadores. Bom seria se o ano futebolístico só começasse em março.

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