Brasileiro quer o tricampeonato do Mundial de Ultraman

Ele está sempre atrás de novos desafios ou de superar os recordes já obtidos. Para o triatleta Alexandre Ribeiro, a vida não teria a menor graça sem a adrenalina de competir nas provas mais duras do planeta. A sede de vitória ou de superação pessoal do atleta passeia por competições como Ironman, Ultraman, Race Across America, X-Terra e por aí vai.

Aos 42 anos de idade e 24 de carreira ? foi um dos precursores do triatlo no Brasil ? Ribeiro nem de longe pensa em aposentadoria. Pelo contrário, diz que agora que passou dos 40 é que está ?no ponto? para correr mais e mais provas longas, de resistência, sua especialidade. Quanto mais adversas forem as condições do desafio, mais estimulado ele parece ficar.

"Prova boa de fazer é aquela que tem mar mexido, vento contra, percurso montanhoso e sol de 40 graus. Quanto mais difícil, melhor. Na hora a gente sofre, sente muita dor, acha que não vai completar, mas depois de cruzar a linha, é só alegria e sensação de dever cumprido", diz o dublê de atleta e 007, que espera ter ainda muitos deveres a cumprir pelo esporte que abraçou quando tinha apenas 17 anos.

É com este sentimento e gás que ele segue no próximo dia 19/11 (segunda) com destino à ilha de Kona, em Big Island, para participar pela terceira vez do Campeonato Mundial de Ultraman. Alexandre Ribeiro embarca embalado pelo sonho do tri, uma vez que já venceu a prova em 2003 e 2005 (as duas únicas vezes de que participou). Os 515km totais do desafio são divididos em 10km de natação + 145km de ciclismo no primeiro dia (sexta), 276km de ciclismo no segundo dia (sábado) e 84km de corrida (o equivalente a duas maratonas) no terceiro e último (domingo).

A ilha

A pequena ilha de Kailua-Kona, em Big Island, Ribeiro considera como sua ?segunda casa?, devido à quantidade de vezes que já esteve lá treinando ou competindo. A estréia foi em 1984, quando aos 18 anos começou sua ?via crucis? atrás de pódios e recordes. Naquele ano mesmo, ele já obteve o primeiro: foi o atleta mais jovem inscrito no Campeonato Mundial de Ironman, que compreende 3,8km de natação, 180km de ciclismo e 42km de corrida. Outra marca alcançada por ele nessa mesma prova e até hoje não superada é o recorde brasileiro da competição, com o tempo de 8h49m15s, em 1993, quando completou o percurso em 25º lugar no geral.

A competição

Para quem pensa que as distâncias e tempos de uma prova de Ironman são ?coisa de maluco?, vale lembrar que a distância de um Ultraman é mais do que o dobro da de um Ironman. Considerado o maior triatlo do planeta, o Ultraman do Havaí envolve 10km de natação, 421km de ciclismo e 84km de corrida, disputados ao longo de três intermináveis dias de competição. Além das distâncias, os ?atletas-heróis? enfrentam grandes oscilações de temperatura, que podem chegar a 42 graus, ventos de até 40km/hora, chuva e umidade alta (em torno de 80%), condições que aumentam ainda mais o grau de dificuldade da prova.

O número de participantes no Ultraman do Havaí é limitado pela organização da prova em apenas 35  atletas, somente convidados, e nesta edição são esperados participantes da África do Sul, Alemanha, Brasil, Canadá, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Itália, Porto Rico, Suécia, Suíça e Tailândia. Desde 1983, o evento é realizado anualmente sempre no tradicional ?Dia de Ação de Graças? (?Thanksgiving?).

O recorde mundial é do alemão Holger Spiegel, com 21h41m22s, em 1998. O sueco Jonas Colting, 34 anos, campeão em 2004 e inscrito novamente este ano, tem o segundo melhor tempo da história da competição, com 21h41m49s. Outro forte adversário nessa edição é o esloveno Miro Kregar, 45 anos, vice-campeão em 2001. Do total de inscritos, destacam-se sete mulheres esse ano. O melhor tempo do brasileiro Alexandre Ribeiro no desafio é 22h20m, obtido em 2003

A prova é realizada em uma variação de altitude que vai do nível do mar a até 2.000 metros. Essa enorme diferença acontece logo no primeiro dia, quando o percurso de ciclismo (145km nesta primeira fase) é todo feito em subida. Cada etapa da prova deve ser concluída em, no máximo, 12 horas. Os competidores que não conseguirem cumprir o percurso do dia nesse período de tempo são automaticamente desclassificados.

O mais absurdo de tudo é que apesar dos números assustadores e das condições adversas, o Ultraman do Havaí não distribui qualquer premiação em dinheiro, apenas troféu. É ou não é coisa de maluco?

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