Bellucci exalta evolução e diz sonhar com Top 10

Depois de uma surpreendente temporada, marcada por um salto no ranking mundial e pelo primeiro título da carreira num torneio da ATP, Thomaz Bellucci pretende ir além em 2010. O número 1 do Brasil quer aprimorar a forma física, considerada fundamental no tênis atual, para se manter entre os melhores do mundo e continuar sonhando com o Top 10.

Para tanto, Bellucci teve apenas duas semanas de férias e já iniciou sua preparação para 2010, pensando nos primeiros torneios que disputará em janeiro, na Austrália e Nova Zelândia. A motivação vem do sucesso que ele conseguiu em 2009, quando cumpriu a meta de chegar ao grupo dos 50 melhores do mundo – encerrou a temporada na 36ª posição.

De olho no futuro, Bellucci diz estar satisfeito por ter cumprido a meta estabelecida para 2009, ano considerado um divisor de águas em sua carreira – além do título no Torneio de Gstaad, ele foi finalista no Brasil Open e semifinalista no Torneio de Estocolmo. “Agora eu estou me sentindo realmente entre os 50 melhores”, revelou o tenista de 21 anos.

Agência Estado – Você começou o ano como o número 87 do mundo. Chegou a cair para o 143º lugar e agora é o 36º, o que um brasileiro não conseguia desde 2004, com Gustavo Kuerten. Como se sente ao cumprir e até superar a meta de ficar entre os 50 no final desta temporada?

Thomaz Bellucci – Estou totalmente satisfeito por ter cumprido a meta. Agora eu estou me sentindo realmente entre os 50 melhores. Evoluí em muitos aspectos. Melhorei na parte física e na parte mental. No ano passado, cheguei a ficar entre os 100, mas não pertencia a esse ranking. Ainda estava procurando o meu jogo, conhecendo os meus pontos fracos. Fui muito irregular, principalmente em quadra rápida.

AE – Neste ano você deu menos atenção aos torneios da série challenger e se concentrou em competições maiores, como a série do Masters 1000. Essa mudança foi planejada antes da temporada?

Bellucci – Foi mais ou menos planejada. Neste ano tive que jogar alguns torneios challenger para recuperar o meu ranking, que teve uma queda [chegou a cair para o 143º lugar no ranking]. Mas o foco é sempre participar das competições maiores, para enfrentar os melhores tenistas.

AE – E como foi enfrentar os melhores jogadores do mundo?

Bellucci – É sempre difícil. Eles precisam ganhar muitos jogos para se manterem com um bom ranking. Mas neste ano consegui ser mais constante dentro de quadra. Joguei pau a pau contra o 15º, 20º do ranking. E ano que vem vai ser melhor ainda, os confrontos serão ainda mais equilibrados.

AE – Quais foram os jogos mais difíceis deste ano? E qual foi o mais marcante?

Bellucci – Praticamente todos os jogos foram difíceis. E daqui pra frente será assim, porque pretendo continuar a jogar os torneios maiores. Então não vai ter jogo fácil. É difícil dizer qual foi o jogo mais marcante. Acho que foi contra o Stanislas Wawrinka, o Gilles Simon, o Gael Monfils, o Fernando González. A decisão em Gstaad [contra o alemão Andreas Beck] foi complicada, principalmente por causa da parte emocional, por sermos jogadores novos, e também por ser uma final de ATP. Mas, apesar do nervosismo, consegui administrar bem a partida. Ele é competitivo e muito agressivo. Tem um grande futuro pela frente.

AE – Você surpreendeu neste final de temporada com uma boa atuação em piso rápido. Houve algum treino específico para esse tipo de piso?

Bellucci – Não houve nenhum treino específico. Mas o João [o técnico João Zwetsch] me ajudou bastante, tanto no aspecto tático quanto no técnico. Graças a ele, estou conseguindo manter um boa regularidade em todos os pisos.

AE – E o seu preparo mental? Ao contrário do ano passado, você foi mais constante em quadra, conseguindo inclusive virar o placar em jogos difíceis.

Bellucci – No ano passado eu não tinha a bagagem que tenho agora. O meu nível de jogo melhorou. O João me ajudou bastante nisso também. Agora consigo me concentrar melhor e me manter no jogo durante a partida inteira, durante algumas horas.

AE – Por que resolveu finalizar sua temporada em São Paulo, na Copa Petrobras, quando podia obter mais pontos na Europa e até disputar o Masters 1000 de Paris?

Bellucci – Foi uma decisão tomada no meio do ano. Tínhamos traçado um calendário de quatro, cinco meses. Ia ficar muito desgastante passar mais três ou quatro semanas na Europa. Vinha de torneios pela Ásia. Por isso preferi terminar a temporada em casa e foi a melhor decisão mesmo. Aconteceu tudo como a gente esperava. Fico feliz por ter sido campeão {na etapa de São Paulo da Copa Petrobras, no começo de novembro, que marcou o fim da sua temporada], mesmo sem ter conseguido me preparar para voltar ao saibro.

AE – O que esperar para o ano que vem? Já definiu as metas?

Bellucci – Ainda não pensei em uma meta. Mas quero manter o mesmo nível e a regularidade deste ano. Mas é difícil falar de pontuação, porque as regras da pontuação mudaram.

AE – Você sonha em entrar na lista dos 10 melhores do ranking?

Bellucci – Sempre sonhei em estar entre os melhores. Mas, por enquanto, é só um sonho. Não estou preparado ainda. Mas, com o passar do tempo, a gente vai vendo onde dá para chegar.

AE – O que precisa melhorar para seguir subindo no ranking?

Bellucci – Quero melhorar no aspecto geral, mas estou focando principalmente na parte física. Isso é muito importante hoje. Ás vezes, você tem que jogar três, quatro horas debaixo do sol. Por isso minha prioridade para a próxima temporada é melhorar o condicionamento físico.

AE – Como se sente quando é considerado uma das revelações do tênis mundial?

Bellucci – Me sinto lisonjeado. Estou entre os dez melhores tenistas brasileiros da história. E isso é motivador para mim. Precisamos de mais jogadores de alto nível. Hoje só tem eu e o Marcos Daniel entre os 100 primeiros do ranking. O Brasil deveria ter mais jogadores brigando pelas primeiras posições. Falta trabalho de base no País.

AE – E a Copa Davis? Você acredita que o Brasil conseguirá retornar ao Grupo Mundial em breve?

Bellucci – Acho que temos condições sim. Este ano batemos na trave. Enfrentamos o Equador em casa, mas não conseguimos vencer. Mas temos tudo para subir. É claro que precisamos de um time mais forte para brigar com equipes mais difíceis, como Estados Unidos e Croácia. Por isso precisamos ter mais jogadores de simples. Nas duplas estamos bem, com o Bruno Soares, o André Sá e o Marcelo Melo.

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