Alonso e McLaren se separam

Não durou um ano o relacionamento entre Fernando Alonso e a McLaren. O piloto espanhol e a equipe inglesa se separaram oficialmente ontem, já que a relação entre as partes se tornou insustentável após uma seqüência de escândalos, polêmicas e trocas de acusações desde os primeiros meses da parceria. O contrato assinado em 2005, quando Alonso ainda corria pela Renault, previa sua permanência em Woking por mais duas temporadas.

Foi em 15 de dezembro de 2006 que Fernando conheceu pessoalmente seus novos colegas de trabalho. Depois de conquistar o bicampeonato em Interlagos, foi liberado pela Renault e fez seu primeiro teste na McLaren, em Jerez. A lua-de-mel durou algum tempo. Já na sua segunda corrida de 2007, na Malásia, Alonso conquistava sua primeira vitória pelo time prateado e acabava com um jejum da equipe que vinha desde o GP do Japão de 2005.

Tudo parecia que iria correr às mil maravilhas na parceria do melhor piloto em atividade com a equipe que, até ali, dava a impressão de ter o melhor carro do grid. Mas ninguém contava com Lewis Hamilton, que desde a primeira etapa do mundial mostrou que tinha talento e apoio interno para lutar pelo título.

Foi em Mônaco, em maio, que o inglês, depois de seu quinto pódio seguido, passou a incomodar o espanhol. Insinuou que a McLaren o tinha proibido de lutar com Alonso pela vitória, e ali abriu-se uma guerra que passou a ter, na linha de frente, jornalistas da Inglaterra e da Espanha em confronto aberto.

Quando estourou o escândalo da espionagem entre McLaren e Ferrari, em julho, o clima entre os dois pilotos já não era bom. Hamilton liderava o Mundial, para surpresa de muita gente, e Alonso resmungava pelos cantos que o time, na verdade, dava preferência ao inglês, e não a ele.

O copo d?água transbordou na Hungria. Lewis desobedeceu a uma ordem do time na classificação que atrapalhou Alonso e o espanhol, sem se preocupar muito em disfarçar, segurou o inglês nos boxes para evitar que ele tentasse mais uma volta rápida. Fez a pole, foi punido, e a McLaren permitiu que a FIA interferisse numa questão de foro íntimo sem defender seu piloto. Ali ficou claro para que lado a equipe pendia.

Depois disso, Alonso denunciou o próprio time no caso de espionagem, alegando que estava colaborando com as investigações, e o ambiente se deteriorou de vez. Sua saída era uma questão de tempo e de negociação. Afinal, a multa rescisória batia na casa dos US$ 30 milhões.

Um acordo foi fechado entre os advogados de Alonso e os da McLaren na última terça-feira na sede da equipe, na Inglaterra. Ninguém terá de pagar nada e o time continuará ostentando as marcas dos patrocinadores espanhóis – que só chegaram neste ano porque Alonso foi contratado – Banco Santander e Mutua Madrileña, grupos que, juntos, despejam cerca de US$ 70 milhões anuais nos cofres do time prateado.

Alonso não sabe ainda onde vai correr em 2008. Depois de dizer, no fim da semana passada, que tem ?uma idéia na cabeça, uma intenção, um sonho?, seu destino ficou em suspenso. Pode ser a Red Bull. Ou a Toyota. Ou, ainda, a volta à Renault. Mas há quem aposte num ano de transição. Para correr, em 2009, na Ferrari.

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