Alonso dedica título à família e a amigos

A Fórmula 1 passou os últimos cinco anos ouvindo a mesma ladainha do mesmo personagem. Michael Schumacher foi campeão de 2000 a 2004 fazendo questão de transformar seus títulos em conquistas coletivas de sua grande família Ferrari. Ontem, tudo mudou. O novo campeão mundial fala outra língua, veste outra cor e não divide louros. Fernando Alonso, terceiro colocado no GP do Brasil, disse que lutou ?sozinho? pelo que conquistou ontem em Interlagos.

E não foi pouco. O espanhol da Renault não é apenas, agora, o melhor piloto do planeta. É também o mais jovem a alcançar o olimpo do automobilismo, aos 24 anos de idade. Derrubou um recorde que durou mais de três décadas e pertencia a Emerson Fittipaldi, campeão em 1972 aos 25.

Sua corrida ontem em Interlagos foi uma repetição do ritual que cumpriu nas últimas provas. Sem riscos, fazendo apenas o bastante para somar os pontos que precisava para fechar a disputa matematicamente. Bastava-lhe um pódio. Foi onde terminou o dia, atrás de Juan Pablo Montoya e Kimi Raikkonen, a dupla da McLaren. O GP do Brasil não teve chuva, nem grandes emoções. Com exceção de um punhado de ultrapassagens nas primeiras voltas, a prova se resumiu à espera pela conquista de Fernando. Ele largou na pole, mas na terceira volta foi superado por Montoya após uma entrada do safety-car. Na primeira bateria de pit stops, perdeu a segunda posição para Raikkonen.

Nada disso importava. Ele precisava de um pódio, era o pódio que buscaria. Com segurança e sem a menor intenção de ousar vencer. Atrás dele, Michael Schumacher estava longe. À frente, Kimi e Montoya faziam um duelo interno que, sem interferência da McLaren, acabou consagrando o colombiano, que venceu pela terceira vez no ano, segunda consecutiva no Brasil.

Alonso chegou a 117 pontos no campeonato e, agora, disse que vai voltar a correr de verdade. ?Vai ser diferente em Suzuka e Xangai?, falou, sobre as provas que encerram a temporada. Ganhou o título diante de um adversário que tem um carro melhor, mas que no início do mundial quebrava demais. ?Depois de Hockenheim, sabia que seria muito difícil perder.?

Fez festa com a Renault, tomou champanhe, tirou fotos, mas não se excedeu nas comemorações. Disse que não dedicava o título a ninguém em especial, exceto à sua família ?e a meus amigos de verdade, que são só três ou quatro, infelizmente?. ?Venho de um país que não tem tradição na F-1, e tudo que consegui na minha carreira foi lutando sozinho.?

A Espanha, que parou para ver seu herói ontem, só terá a chance de recebê-lo com festa depois de encerrado o campeonato. ?Não pretendo ir agora, porque não quero que meu título seja usado politicamente?, disse.

Raikkonen, o derrotado, não contestou o título do rival. ?Ele mereceu. Quem faz mais pontos tem de ser campeão. Mas ele que me aguarde no ano que vem?, falou o finlandês. Alonso não pensa nisso. Ao comentar a conquista, se disse ?orgulhoso? por ter ganho o campeonato com um carro não tão veloz, e falou que sentia uma ?felicidade extra? por ter derrotado outro sujeito, que não Kimi. ?Ganhar um campeonato com o Schumacher na pista é algo especial. Se ele não estivesse mais correndo, não teria a mesma graça.?

Bater Schumacher na pista é como encerrar uma era. Talvez tenha sido isso que Fernando fez domingo em Interlagos.

Brasil tem dois recordes na F-1

Rio – O mundo viu nos últimos anos o alemão Michael Schumacher pôr fim a inúmeros recordes na Fórmula 1. No entanto, no domingo, foi um espanhol que entrou para a galeria dos recordistas. Nascido em 29 de julho de 1981, Fernando Alonso se tornou o mais jovem campeão do mundo, desbancando o brasileiro Emerson Fittipaldi, em Interlagos (SP).

Assim, apenas dois recordes permanecem nas mãos dos pilotos brasileiros. O primeiro é o de número de pole positions, que pertence a Ayrton Senna. Com 65 poles na carreira, Senna tem Schumacher no seu encalço. O alemão alcançou a marca de 64 poles no GP da Hungria, disputado no dia 31 de julho, em Hungaroring.

O outro recorde brasileiro na Fórmula 1, o de número de título por países, com oito títulos (dois de Emerson e três de Nelson Piquet e outros três de Senna).

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