Diego Saldanha nadava no local quando era criança e decidiu mudar o cenário depois de ver que virado um depósito de lixo

Por Marinna Prota

O vendedor de frutas Diego Saldanha, 35 anos, resolveu, há seis anos, mudar o cenário ao lado de sua casa. Ele cresceu às margens do Rio Atuba, na Região Norte de Curitiba, e nadou por lá quando criança. Seus dois filhos, no entanto, não tiveram a mesma sorte. O rio, que marca o limite entre os municípios de Curitiba com Colombo e Pinhais, acabou se transformando num depósito de lixo a céu aberto e a água se tornou imprópria para banho.

Em 2016, cansado de ver tudo isso e não perceber nenhuma atitude efetiva que pudesse reverter esse quadro, Saldanha teve uma iniciativa que dura até hoje e rendeu diversos prêmios, como o Lixo Zero do Museu do Amanhã, 1° lugar de Empreendedorismo Popular em Goiânia, e reconhecimentos, inclusive internacionais, como se tornar tema de um documentário de uma emissora de televisão Holandesa.

O ativista ambiental criou uma ecobarreira para reter o lixo – que vai desde papel comum até móveis e eletrodomésticos. Ele usa galões de 50 litros conectados e flutuando sobre a água e presos a uma rede, formando uma espécie de dique flutuante de uma margem à outra do rio, impedindo a passagem do lixo. Em quase seis anos de projeto, mais de dez toneladas de rejeitos foram retiradas do Rio Atuba e transformados.

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“Eu comecei a fazer isso pensando na minha família, nos meus filhos, Luan de 9 anos e o Eduardo de 14 anos, que não podiam aproveitar o rio. Por isso sempre trago eles para perto e mostro o exemplo de ser uma pessoa que faz a diferença”, comenta. Ele fala que, no começo, a grande dificuldade foi a questão financeira. Porém, usando a criatividade e materiais recicláveis, a iniciativa acabou se transformando em um projeto de vida.

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Com o terceiro filho a caminho, Saldanha diz que é possível continuar fazendo um bom trabalho e organiza o tempo entre vender frutas, tirar o lixo do rio, separar os recicláveis, montar um museu com as peças mais inusitadas e cuidar da família. “Tenho que me dividir entre a venda das frutas na rua e, nas horas vagas, eu cuido do Rio Atuba”, relata.

No espaço, criado ao lado da casa dele, antes da pandemia, grupos de escoteiro, de escolas e até empresas realizavam visitas para tomar como exemplo o que começou com uma ideia simples. De origem humilde, Diego mostra que não precisa muito para poder transformar o mundo ao seu redor.

Com força de vontade e voluntariado é possível fazer coisas incríveis. “Me considero um apaixonado por Curitiba e faço por onde. Procuro fazer a minha parte e acabo fazendo a de muita gente junto. Acho que Curitiba é uma cidade linda e ecológica e precisamos manter isso”, enfatiza o ativista.

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