Quando você se depara com um produto onde está escrito “Made in Taiwan”, na verdade significa que ele foi feito […]

Quando você se depara com um produto onde está escrito “Made in Taiwan”, na verdade significa que ele foi feito na China. Mas então, por que não está escrito “Made in China” em sua embalagem? A história é um tanto complexa, e vamos falar sobre ela ao longo deste conteúdo, mas o fato é que existem dois países que se autodeclaram como a verdadeira China: China e Taiwan.

A história da China é bastante extensa, sendo considerada de grande importância até mesmo no curso de chinês para aprender o idioma. Este período histórico, que remonta há séculos, envolve uma geopolítica rica e fascinante.

Duas Chinas?

Atualmente, existem dois países que possuem o nome oficial de China. O mais conhecido é a República Popular da China. Continental, este é o terceiro maior país do mundo e também é conhecido como China Comunista.

Mas vizinho a ela, existe a República da China, um país insular, internacionalmente conhecido como Taiwan ou Taipei. A principal ilha deste país recebe também o nome de Taiwan ou Formosa, nome dado por navegantes portugueses em 1542.

China e Taiwan: história

A região taiwanesa era habitada por populações indígenas e, no período da Idade Média ocidental, os primeiros chineses começaram a migrar para a ilha, especialmente por causa da pesca. A partir do século XVI, passou a fazer parte formal dos territórios dominados pela dinastia chinesa Ming.

A dinastia Ming governou boa parte do que hoje conhecemos como China até 1644. Um dos principais símbolos da China e local de visitação turística é um legado desta dinastia – a Cidade Proibida, um patrimônio cultural da humanidade que inclui 980 construções, incluindo diversos palácios.

Com a chegada dos europeus, aconteceram disputas armadas, inclusive pelo controle da ilha de Taiwan. Um novo e maior fluxo comercial gerou uma crise econômica e social, fazendo com que a Dinastia Ming fosse substituída pela Dinastia Qing em 1644.

A Dinastia Qing

Um dos imperadores do período foi Qianlong, que governou a China por mais de 60 anos. A Dinastia Qing expandiu os domínios chineses, atingindo mais ou menos o tamanho da China atual no século XVIII. Isso está na origem de diversas reivindicações territoriais chinesas contemporâneas, que afirmam que as antigas posses imperiais da Dinastia Qing devem fazer parte da China, como o Tibet e várias ilhas do Mar do Sul da China.

Em 1895 a Dinastia Qing é derrotada por uma nova potência da região, o Japão. Após a Primeira Guerra Sino-Japonesa, a ilha de Taiwan, incluindo outras ilhas menores, passa a fazer parte do Império do Japão, como uma colônia.

Essa situação duraria até 1945, fim da Segunda Guerra Mundial. Inicialmente, os chineses da ilha organizaram movimentos de resistência. Após serem reprimidos, os japoneses iniciaram um processo de “japanização” das ilhas, com assimilação econômica e também cultural.

A Revolução de 1911 e a Guerra Civil Chinesa

A Dinastia Qing seria a última dinastia a governar a China como uma monarquia, sendo derrubada pela Revolução de 1911. A revolução foi conduzida por forças republicanas e nacionalistas. Após a derrubada de Pu Yi, o último imperador, o país viveu um período de intensos conflitos internos, com senhores da guerra controlando diferentes porções da China até serem derrotados pelo governo central.

Nesse conflito interno, as forças chinesas buscaram apoio de potências estrangeiras, mas o mundo estava ocupado com a Primeira Guerra Mundial. O governo chinês irá conseguir apoio dos soviéticos apenas na década de 1920, o que causou uma divisão ideológica nas forças republicanas chinesas: de um lado, os nacionalistas, liderados por Sun Yat-Sen e Chiang Kai-Shek. Do outro, os comunistas, liderados por Mao Tse-Tung (também chamado de Mao Zedong).

Essa divisão levou a uma guerra civil em 1927, entre o Kuomintang, o partido nacionalista, e o partido comunista. Esse conflito vai durar até 1936, quando será criado o Front Unificado, uma aliança contra o Japão, um inimigo comum.

Após a derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial, em 1945, os dois partidos expulsam os japoneses de todo o país (incluindo a ilha de Taiwan) e voltam a guerrear entre si.

A nova fase da guerra civil vai durar até 1949 e terminará com uma vitória do Partido Comunista Chinês. Isso se deve, basicamente, a dois motivos.

Primeiro, os Nacionalistas não eram homogêneos, com diferentes grupos internos. Segundo e principalmente, o apoio financeiro e militar dado pela União Soviética aos comunistas, enquanto os Estados Unidos estava focado no Japão e seus antigos territórios. Nos momentos finais da disputa, o governo Nacionalista do Kuomitang deslocou sua capital para Taiwan.

Imaginava-se que a queda de Taiwan era apenas uma questão de tempo. Esse pensamento, no entanto, seria interrompido pela Guerra da Coréia (1950-1953), quando os Estados Unidos passa a deslocar cada vez mais tropas para Taiwan.

Em 1955, o Congresso dos Estados Unidos aprova a Resolução de Formosa, que é, basicamente, uma aliança militar. Desde então há um impasse entre Taiwan e a China Continental, sendo que até hoje não foi assinado um tratado de paz ou definido de quem é a posse das ilhas que formam a República da China.

Ambas as chinas adotam uma política chamada de “Uma China Apenas”. Para a China Comunista, Taiwan é uma província rebelde. Para Taiwan, o governo comunista é ilegítimo. E quem tem relações com um país, obrigatoriamente não reconhece o outro.