Tatuquara

Conta insensível

A família do menino Erick passa por mais uma dificuldade para manter ligados os aparelhos responsáveis pela vida de criança. Desta vez, uma conta de luz com valor alto tem tirado o sono de Dalvana Correa da Silva, mãe de Erick. “Estamos cadastrados no programa Luz Fraterna e inclusos no perfil de moradores de baixa renda que usam equipamentos de sobrevida, mas mesmo assim veio uma conta de R$ 205. Não podemos pagar por isso”, lamenta Dalvana.

A história do garoto Erick vem sendo acompanhada pela Tribuna desde o último mês de fevereiro. O garoto de dez anos de idade tem paralisia cerebral desde que nasceu, decorrente de um procedimento feito de maneira errada durante o parto. Além disso, Erick possui Síndrome de West, um tipo raro de epilepsia, e está com o pulmão comprometido depois de ter 15 derrames pulmonares, 60 pneumonias e uma infecção grave causada por uma bactéria.

Em abril, a energia da casa onde vive a família de Erick, localizada no Tatuquara, foi cortada, já que a ligação da residência era irregular. Com a situação, os cinco equipamentos que mantém o garoto vivo foram desligados. Para contornar a situação, Dalvana teve que levar Erick para a casa de um parente. “Depois desse susto regularizamos toda a situação junto à Copel, mas logo na primeira conta vem esse valor todo”, reclama.

Assim que regularizou a ligação de energia elétrica, Dalvana se inscreveu no programa Luz Fraterna, do governo estadual, que contempla família com renda de até meio salário mínimo nacional. Além disso, a família de Erick também se enquadrou na fatia de unidades consumidoras do Luz Fraterna que fazem uso de equipamento de sobrevida. Mesmo assim, o valor da conta veio acima do esperado.

“Não sei o que houve. Talvez por se tratar de uma ligação recente, teve algum erro de cálculo. Não sei. Só sei que está muito alto pra nossa família. Liguei na Copel, mas me disseram que eu ultrapassei o limite de energia. Mas como vou desligar alguma aparelho e comprometer a saúde do meu filho?”, indaga Dalvana.

Ajuda

Dalvana ainda precisa de ajuda para a construção de um quarto especial em seu imóvel. A família de Erick está construindo um cômodo maior, onde terá espaço para os cinco aparelhos que mantém a saúde do garoto e uma cama hospitalar. “Infelizmente dependemos de doações e precisamos muito desse espaço para que o Erick tenha um tratamento melhor”, diz.

Quem puder e tiver interesse em auxiliar a luta de Dalvana pela vida de Erick pode entrar em contato pelos números (41) 8870-4358 e (41) 9777-5949. Contribuições financeiras podem ser depositadas na Caixa Econômica Federal, agência 4744, operação 013, conta poupança: 33.578, em nome de Dalvana Correia da Silva.

Consumo estourou o limite

A Copel confirma que Dalvana está cadastrada como consumidora de baixa renda e enquadrada no programa Luz Fraterna como usuária de equipamentos de sobrevida. Porém, segundo a empresa, o consumo de energia no último mês foi de 431,35 kWh, ultrapassando o limite do programa para usuários desse tipo de aparelho, que é de 400 kWh. Quando isso acontece, a cobrança é feita sobre o consumo total, e não apenas sobre o que excede esse limite.

Segundo a Copel, como consumidora de baixa renda, Dalvana possui desconto na tarifa referente ao consumo de até 220 kWh. O valor do desconto, porém, é pequeno. Se não fosse enquadrada na tarifa social, a conta passaria de R$ 205 para R$ 235.

A Copel afirma ainda que, apesar dos cinco aparelhos necessários para a sobrevivência de Erick, não é possível ampliar o limite de consumo para a família, já que ele é definido por lei. Portanto, Dalvana terá mesmo que pagar a conta de R$ 205 e vai precisar economizar energia nos próximos meses para ficar dentro do consumo permitido pelo programa.

“A Copel reitera sua disponibilidade para esclarecer novas dúvidas e orientar a cliente sobre medidas para evitar o desperdício de energia. Com pequenos cuidados diários, é possível reduzir consideravelmente o valor da conta no fim do mês”, diz a nota enviada pela Copel à Tribuna.

Economia complicada

Para se enquadrar no limite do programa Luz Fraterna, Dalvana terá que reduzir seu consumo de energia em 7,26%, de 431,35 kWh para 400 kWh. Pode parecer pouco, mas é uma tarefa difícil para uma família de baixa renda, com poucos aparelhos eletrônicos além dos que garantem a sobrevivência de Erick.

A diferença de 31,35 kWh é o equivalente ao consumo mensal de uma geladeira simples, ligada 24 horas por dia. Como não pode abrir mão de um eletrodoméstico básico, Dalvana terá que buscar outras alternativas, como reduzir em vinte minutos por dia o uso do chuveiro elétrico, o que resultaria em uma economia de cerca de 35 kWh por mês. Trocar as lâmpadas incandescentes por fluorescentes pode resultar em uma economia mensal de 10 kWh, por cada lâmpada, caso ela fique ligada por 5 horas diárias.

Regras do Luz Fraterna

Para uma família entrar no programa Luz Fraterna, que é do governo estadual, o responsável pela unidade consumidora deverá estar inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal e possuir renda per capita de até meio salário mínimo. Para se tornar usuário do Luz Fraterna, o consumidor não pode utilizar mais do que 120 kWh por mês e possuir apenas uma unidade consumidora.

Para quem faz uso de equipamento de sobrevida, basta comprovar a necessidade dos aparelhos através de declaração oficial das secretarias de Saúde ou de outro órgão competente, em que conste o nome do médico-perito, número do CRM, o CID e a descrição dos equipamentos necessários. Além disso, o usuário não pode ultrapassar o uso de 400 kWh por mês.

Cahuê Miranda

 

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