Santa Felicidade

Bons amigos

Escrito por Magaléa Mazziotti

O amor pelos animais ganha proporções impressionantes na vida do pintor José Ribeiro da Silva, 57 anos, que vive dia e noite cercado por 25 cachorros que o acompanham pelas ruas do Jardim Ipê, em Santa Felicidade. Todos eles foram resgatados por José, muitos em condições bem críticas, apresentando mutilações, desnutrição e diversos tipos de doenças.

Tudo começou com a “Xuxa”, que está há 15 anos com ele. “Um amigo comentou que tinha uma cachorra abandonada e eu peguei para criar”, conta. No caso de “Tripé”, José diz que ficou três dias tentando evitar pegar mais um cachorro, mas não conseguiu. “Eu passei três dias na rua onde ele estava. Era só pele, osso e uma ferida podre no lugar onde foi arrancada a pata. No terceiro dia, não consegui resistir e acabei levando embora”. Para salvar “Tripé”, José contou com a ajuda de um veterinário. “Ele só me cobrou que eu ficasse com o cachorro”, lembra.

Ele vive em uma casa bem simples rodeado pelos bichos. Foto: Giuliano Gomes
Ele vive em uma casa bem simples rodeado pelos bichos. Foto: Giuliano Gomes

Mesmo vivendo de maneira bastante humilde em um barraco localizado no final do prolongamento sem asfalto da rua Desembargador Édison Nobre de Lacerda, a grande preocupação de José é com o sustento dos cachorros. “Preciso de ração, quem puder me ajude com ração trazendo aqui”, avisa. Ele reconhece que o fato dos cachorros o seguirem para todo canto, acaba fazendo com que ele perca alguns serviços. “Eles não me largam e muitas pessoas não querem que os cachorros fiquem me esperando, aí não posso aceitar o trabalho”, explica. Na vizinhança, todo mundo atesta que mesmo sem dispor de muitos recursos financeiros, os animais de José estão sempre alimentados e recebem muito carinho dele.

Por onde ele vai, os animais o seguem. Foto: Giuliano Gomes
Por onde ele vai, os animais o seguem. Foto: Giuliano Gomes

Cada cachorro tem nome, a maioria nomes femininos, como Penélope, Lili, Grafiela e Madona, e José não se atrapalha na hora de apresentar cada integrante da sua matilha. Os cachorros machos também revelam a criatividade e bom humor de José. “Tenho o Eric Clapton e o Pneu, que ganhou esse nome porque corre atrás de todas as motos e com o rabo girando feito um ventilador”, comenta.

Quanto a se desfazer dos bichos, José rebate sem ponderar. “Só se me matarem para eu desistir deles”, afirma.  “Ando com Deus e com meus bichos e isso é que realmente importa”, defende o “São Francisco de Assis” de Santa Felicidade.

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Sobre o autor

Magaléa Mazziotti

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