Santa Cândida

Desocupação contrariada

Escrito por Magaléa Mazziotti

Nem tudo foi celebrado com as mudanças proporcionadas pela entrega de 50% das obras de ampliação e melhorias do Terminal Santa Cândida, na semana passada. A acessibilidade e o aumento do espaço acabaram por determinar o encerramento das atividades de todos os estabelecimentos comerciais ali instalados. Até o final da obra, previsto para dezembro, o local vai passar de 8,6 mil para 12,6 mil metros quadrados,

O comerciante Auri Willms manteve as portas abertas do Minimercado Léo até quinta-feira, já que o prazo dado na “ordem de despejo” terminava na sexta-feira. “Suportamos dois anos de prejuízos por conta das obras. Nesta semana, tivemos três dias de movimento pleno, para ter que abrir mão de tudo”, reclamou. Segundo ele, desde o início do ano havia boatos sobre a desocupação por parte dos permissionários.

Porém a comunicação oficial só veio em maio. “Inicialmente tinham dado 90 dias, mas resolveram antecipar. O pior é que na época em que lançaram o projeto de reforma do terminal, falaram que teríamos lojas novas e melhores e foi essa crença que fez muitos insistirem em manter as portas abertas mesmo com os transtornos e prejuízos. Na calada da noite mudaram o projeto e as regras, sorte que consegui terminar de pagar minha casa”, lamenta Willms.

Com 20 anos de atividade no terminal, Willms e o irmão também tinham uma banca e a loja Magia Calçados, Confecções e Acessórios. Em menos de um mês ele precisou arranjar outro ponto comercial para a loja, que vai inaugurar no dia 26 em outra rua do mesmo bairro. “A banca parou por enquanto, já os oito funcionários e as mercadoria do minimercado foram para o estabelecimento montado pelo meu irmão”, explicou. Trabalhando de sol a sol, o comerciante diz que com o encerramento “forçado” do minimercado vai tirar uns 30 dias de férias. “Faz dez anos que não descansamos. Pena que aconteceu desse jeito, sem qualquer consideração ou pelo menos um prazo decente. Prova disso é que nem conseguimos nos mobilizar”, avalia.

Além de impactar na renda de diversas famílias, a desocupação das lojas no Terminal Santa Cândida foi criticada pelos funcionários e usuários do transporte coletivo, que vão ficar sem qualquer opção até o término das obras, previsto para dezembro. O casal Júlia Lunardon e Verdi Ferraz, que há mais de uma década cruza o terminal, resumiu a situação. “Arrumam um ponto e prejudicam outro”, critica Júlia. Ambos frequentavam diariamente o Minimercado Léo. “Almoçávamos no Centro e na volta levávamos o pão de queijo e mais alguma coisa para casa”, explica Verdi. “Era uma facilidade enorme”, conclui Júlia.

Notificações

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Urbs informou que desde abril começou a notificar os lojistas sobre a desocupação. Já a licitação para os novos espaços comerciais, que serão subterrâneos, não tem data prevista para acontecer. Excluída do PAC da Copa, a revitalização do terminal foi paralisada em 2012 e retomada no ano passado, com mudanças no projeto original. O custo é de R$ 11,3 milhões. Pelo Terminal Santa Cândida passam diariamente 40 mil usuários do transporte coletivo.

Veja na galeria de fotos o Terminal Santa Cândida.

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Magaléa Mazziotti

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