Pinheirinho

Ratos pedem passagem

Escrito por Magaléa Mazziotti

É quase uma prova de resistência a que os passageiros que utilizam com frequência a estação-tubo Sítio Cercado, no Terminal  Pinheirinho, são submetidos na rotina de embarques e desembarques. A espera pelos ônibus não exige apenas paciência, mas sangue frio para seguir em frente a cada encontro com camundongos e ratazanas, que também marcam presença no local.

A operadora de telemarketing Bianca Laíssa Rotta da Luz conta que a necessidade de sair para trabalhar diariamente a obrigou a se acostumar com a circulação de ratos de todos os tamanhos. “Encontro tanto na ida, quanto na volta do trabalho. O pior é que eles já perderam o medo da gente e chegam perto, tem vezes que eles até entram junto no ônibus”, relata.

Ela admite sem qualquer orgulho que não toma mais susto, mas conta que já viu mulheres saindo correndo do local ao serem surpreendidas. “Algumas ficam desesperadas, ainda mais com os ratos maiores”.

Apesar da resistência em lidar com a situação, Bianca conta que desistiu de usar sandálias por receio da contaminação. “Morro de medo de um camundongo passar pelos meus pés descoberto e ficar doente, por isso sempre uso sapatos fechados para pegar o ônibus aqui”, afirma.

Ela acrescenta que o mais complicado é para quem está com criança no tubo. “Muitas querem brincar com os camundongos, os pais estão sempre tensos aqui”.

A agente de saúde Rosa Paes da Silva teve a “sorte” de esbarrar apenas um vez com um rato, mas ficou atemorizada. “Era de noite e saiu do cano da estação-tubo um rato enorme, foi assustador, sei que corri muito até me afastar daquilo”.

Vida de cão

Outro problema constante que não se restringe a uma estação-tubo específica é a quantidade excessiva de cachorros pelos terminais de ônibus. Seja no Pinheirinho, onde a reportagem encontrou um cão até em um dos banheiros femininos, seja no Guaraituba, onde a população canina toma conta de vários espaços, especialmente dos arredores da lanchonete Vapt Vupt, o que se nota é o desconforto de quem cruza os terminais. “Tem mais cachorro do que gente, dá até medo de ficar doente”, explica a chapeira Marília Aparecida Pereira do Silva.

O zelador Francisco Assis Batista Carvalho se diz revoltado com as condições oferecidas para os passageiros. “O terminal do Guaraituba é uma imundice só, não tenho coragem de comer aqui com esses cães e o cheiro de óleo reaproveitado e dos banheiros nojentos. É muita falta de consideração com o trabalhador”, desabafa.

O proprietário da lanchonete Vapt Vupt, Mikael Ferreira Padilha, reconhece que os cães podem afastar alguns clientes, mas diariamente o local atende de 300 a 400 pessoas. “Nenhum cão consegue entrar no nosso espaço, o problema é que eles ficam incomodando no entorno”.

Rotina

A Urbanização de Curitiba S/A (Urbs) informou que há uma rotina de desratização nos terminais que varia de 90 a 120 dias de intervalo dependendo da localização. Quanto a situação das estação-tubo Sítio Cercado, dos cachorros e das condições de higiene, a Urbs ficou de averiguar cada questão.

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Magaléa Mazziotti

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