Após ter a casa completamente destruída no incêndio ocorrido na noite de sexta-feira (17) na região da Rua Chanceler Lauro Muller, no Parolin, para o coletor de recicláveis Jair José Amaro, 37 anos, o dia seguinte, a chuvosa manhã de sábado (18), ficou marcada por uma intensa mistura de sentimentos. Feliz por estar a salvo com sua mulher e duas filhas – entre elas uma bebê recém-nascida -, ao mesmo tempo, ele também se lamentava pelos objetos pessoais, móveis e pela residência humilde onde viviam, que foi consumida pelo fogo.
“Foi uma noite terrível. O incêndio começou na casa “da ponta” e logo veio queimando tudo. Eu estava em casa com minha mulher e minhas filhas. Na hora tentamos tirar primeiro as crianças, nossas e dos vizinhos, têm muita criança lá, para depois tirar as coisas e tentar salvar algo. Mas infelizmente o fogo é muito violento e rápido. Queimou tudo o que eu tinha, perdi tudo”, relatou o morador, emocionado.
Ao buscar alguns colchões e as doações de roupas e calçados que recebeu na sede do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) Parolin, Jair disse que agora deve recomeçar do zero, trabalhando e contando com a solidariedade das pessoas. Mas segundo ele, o mais importante é que o fogo não provocou uma tragédia ainda maior. “Todas as famílias saíram bem. Temos que erguer as mãos para o céu e agradecer que ninguém se machucou, a vida não tem dinheiro que pague. Bens materiais, aos poucos a gente consegue de novo”, afirmou.
Foto: Felipe Rosa.

Destruição

No incêndio que começou por volta das 20h30, casas de sete famílias foram totalmente queimadas e cerca de outras sete residências foram parcialmente atingidas pelas chamas. No total, segundo informações da Prefeitura de Curitiba, 56 pessoas ficaram desalojadas, tendo que buscar abrigo na casa de parentes e amigos. O fogo inicialmente combatido pelos moradores, foi controlado pelo Corpo de Bombeiros poucas horas depois de seu início.
No local do incêndio, na manhã de sábado (18), foi possível verificar o tamanho da destruição. Onde antes existiam as moradias simples, feitas de madeira, sobrou apenas cinzas e os restos de móveis e eletrodomésticos queimados. Em alguns pontos ainda era possível ver fumaça e brasa sob alguns objetos. As investigações devem apontar o que pode ter provocado o fogo. As causas do incêndio ainda não são conhecidas.
“As famílias estavam ali meio amontoadas, em um beco. Mas o pessoal está correndo atrás. As pessoas estão solidárias com a gente. Ficamos tristes com esta fatalidade que aconteceu”, apontou o gestor regional, Jorge Morais, que foi criado no bairro.
Foto: Felipe Rosa.

Corrente do bem

Equipes da prefeitura, entre elas, da Secretaria Municipal da Defesa Social, Guarda Municipal e da Administração Regional Portão também atenderam à ocorrência. Ainda na noite de sexta-feira, foi instalado no local o Sistema de Comando de Incidentes, organizando o atendimento às famílias, que também receberam suporte da Fundação de Ação Social (FAS), da Secretaria Municipal do Abastecimento e Secretaria Municipal da Saúde. Entre os atendidos estavam uma gestante e três recém-nascidos cujas moradias foram destruídas.
Segundo a supervisora da FAS da regional Portão, Maria Vanderléa Garcia Santos, as famílias afetadas com o incêndio já receberam alguns colchões, cobertas, roupas e alimentos, mas elas ainda precisam de muitos itens básicos e de primeira necessidade.
“Já atendemos 11 famílias e estamos à disposição para quem ainda não foi atendido. E a população pode ajudar, com móveis, eletrodomésticos em bom estado e outras doações que podem ser feitas pelo Disque Solidariedade. Destaco ainda a necessidade de roupas de crianças e de bebês, nós não temos um volume mais significativo destas doações em situações de calamidade e emergência. O que a população puder fazer e doar agrega com os esforços da prefeitura para atender a estas famílias”, diz.
Foto: Felipe Rosa.

Novas casas

Com projetos no Parolin desde 2016, a Ong Teto também esteve na região e iniciou uma campanha para arrecadar móveis, eletrodomésticos e materiais para ajudar a reconstruir as casas das famílias prejudicadas.
“O trabalho do Teto no Parolin envolve projetos comunitários e construções de moradias. Neste infeliz incêndio estamos tentando ver quais são as famílias atingidas e como podemos apoiá-las. Isso inclui uma campanha de arrecadação de itens como cama, fogão, geladeira e sofá e articulação junto aos investidores e patrocinadores do projeto, para ver se eles conseguem apoiar a construção de novas casas para estas famílias, em conjunto conosco”, explicou o diretor comercial do Teto no Paraná Lucas Kogut.

Para ajudar

Disque Solidariedade da Prefeitura de Curitiba: telefone 156
Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) Parolin: Rua Francisco Parolin, 881.
Ong Teto:  http://www.techo.org/paises/brasil/Para doações, escreva para: info.pr@teto.org.br ou parcerias.pr@teto.org.br

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