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No lugar certo

Escrito por Magaléa Mazziotti

Não dá tanto trabalho quanto se imagina. Essa é a primeira observação a fazer a quem ainda não introduziu na sua rotina a separação do lixo, em especial do tóxico, cuja coleta ocorre uma vez por mês, das 7h30 às 15h, em regiões próximas a 24 terminais de Curitiba. Serviço esse que conta com um calendário seguido à risca por um caminhão e pode ser consultado pelo site da prefeitura (www.curitiba.pr.gov.br).

Os Caçadores de Notícias testaram o funcionamento e constataram que mesmo em um sábado de temperaturas baixas a equipe de coleta permanece no ponto para receber materiais como baterias de qualquer tipo, componentes eletrônicos, restos de tintas e remédios, embalagens de inseticidas, chapas de Raio X e filmes fotográficos, além de lâmpadas fluorescentes (até dez unidades) e óleo de cozinha.

No veículo já ocorre uma triagem do lixo recebido, discriminando os materiais em tambores. O motorista do caminhão, Luís Eduardo Ceccon, conta que é comum as pessoas se confundirem entre itens recicláveis e tóxicos, mas tanto ele quanto o coletor Paulo Sérgio Ribeiro se mostram dispostos a orientar. “O que o pessoal mais se confunde é de trazer a caixinha ou o vidro vazio de remédio. O lixo tóxico é a cartela de remédio e os vidros com produtos vencidos”, explica. De qualquer maneira, Ceccon diz que na medida do possível tenta carregar o lixo reciclável à parte. “É difícil quando se trata de um eletroeletrônico como uma TV, pois apesar dos componentes eletrônicas serem tóxicos, primeiro tem que ir para o reciclável para haver a separação”, conta.
Experientes

O caminhão também já fidelizou muitas pessoas que estão craques no que pode ou não levar. Moradora da região Central, Marcia Cassins há anos separa o lixo tóxico. “Não uso todo mês, porque espero para acumular um pouco, mas não consigo deixar de separar, bate uma culpa de saber que não é o local correto e vai prejudicar o meio ambiente”, explica. Ela atesta que aprendeu muito com os funcionários do caminhão sobre o que se enquadra ou não na categroia lixo tóxico. “Descartei mais de 100 fitas de vídeo cassete, mas antes desmontei cada uma para separar o plástico do filme”, conta.
Marcia explica que essa foi a vez que mais teve trabalho. “Na maioria das vezes é só armazenar em um local que evite a contaminação do restante da casa”.

Falta divulgação

O comerciante Silvério José Pires leva mensalamente o material tóxico acumulado para o ponto próximo ao Terminal Ângelo Antonio Dalegrave, na Avenida Visconde de Guarapuava. Ele diz que começou a fazer por perceber que a separação gera emprego e renda para um grupo significativo de pessoas. “Comecei e em pouco tempo o restante da minha família passou a fazer também, até porque viram que não dá tanto trabalho”, recorda. Para ele, o que deveria ser repensado é a divulgação do serviço. “Precisava de mais divulgação porque muitas pessoas descartam o lixo tóxico de maneira incorreta por não acreditar que o caminhão estará no dia programado”, argumenta.

Cada vez mais gente

Mesmo sem ampla divulgação para lembrar a data da coleta, o coletor Paulo Sérgio Ribeiro diz que dia após dia mais pessoas aderem à separação. “Quando entrei, levava um mês para juntar lâmpadas e óleo de cozinha. Agora temos que descarregar todo dia”, comemora. Outros itens como baterias e remédios, demoram 30 dias para encher um tambor.

Como o serviço é focado em coleta domiciliar, eles estão autorizados a receber até 10 quilos de lixo tóxico de cada pessoa, sendo que as lâmpadas ficam restritas a 10 unidades. Por isso mesmo, quem entrega o lixo preenche um cadastro com o nome completo, endereço e o número de identidade.

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Magaléa Mazziotti

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