Jardim das Américas

Lixão ao lado!

Escrito por Samuel Bittencourt

Um terreno que acumula mais de 20 carcaças de carros velhos se transformou no pesadelo da família que mora ao lado da propriedade, que fica em frente ao Shopping Jardim das Américas. O aposentado José Kurt Kropmanns, 87 anos, que vive há 50 anos ao lado do terreno, na Rua Rodolfo Senff, se queixa do risco que os entulhos empilhados na propriedade vizinha trazem para a saúde de sua família.

O aposentado conta que constantemente encontra ratos de todos os tamanhos caminhando pelos muros, no chão da cozinha, dentro do quarto, no forro da casa, e até mesmo roubando a ração dos cachorros. “Aqui entra de tudo, desde camundongo até a ratazana. Já chamei diversas vezes a dedetização, mas o problema sempre volta. Eles mesmos (os dedetizadores) já me disseram que para eliminar os ratos é preciso acabar com o foco”, conta. Para José, o único lugar possível para explicar a praga que assola a rua é o terreno vizinho.

“Aqui é um ótimo lugar para morar. Ao lado tem um supermercado, shopping, universidade, além de ser um bairro residencial com casas muito bonitas. O único ponto mal cuidado mesmo essa região aqui é este terreno”, explica. José conta que os roedores entram pelo forro das três casas de madeira construídas em sua propriedade comem tudo que encontram pela frente, até mesmo documentos. Isso tudo além de defecarem por todos os cantos, inclusive na cama de José.

“Esse terreno ao lado parece mais um ferro velho. Fica tudo largado por meses e o dono apenas aparece para deixar mais e mais entulho. Já tentamos reclamar com o proprietário, mas ele fica nervoso por pedirmos satisfação”, afirma. Mais do que o incômodo que os roedores trazem para a família Kropmanns, o aposentado teme pelo risco de existirem focos de dengue no terreno. “A caixa de água deles sempre está destampada, tem baldes espalhados pelo chão. Isso sem contar a água acumulada na própria lataria dos carros. Estamos no verão, época em que os casos de vítimas de dengue crescem”, diz o estudante Ramon Kropmanns, 20 anos, neto de José.

Ramon lembra que desde que nasceu os pais e o avô tentam solucionar a situação. “Já denunciamos diversas vezes pelo número 156 da prefeitura essa situação a prefeitura. Se houve alguma vistoria, apenas posso dizer que não adiantou, pois até hoje temos gasto mensal com veneno e ratoeiras”, diz Ramon.

Proprietário diz que local está limpo

Por conta das reclamações, atualmente o terreno de 12 m x 60 m, que possui três construções e muitos veículos amontoados, está à venda. O proprietário, Lauro Israel Pereira, 79 anos, afirma que as diversas carrocerias no terreno fazem parte do patrimônio de empresas que fecharam. Segundo ele, o terreno logo será esvaziado e as diversas carcaças de carros serão levadas a uma chácara que possui em Colombo. Lauro defende que já foi fiscalizado pela prefeitura e não possui nada irregular.

“Por conta de denúncias já recebi vistoria da prefeitura, mas não encontraram irregularidades. Pensava em deixar o terreno para meus filhos, mas como já tive tanta dor de cabeça por causa desse vizinho, coloquei a venda”, afirma. Para o proprietário, as denuncias são pessoais. “O vizinho me persegue e até já destruiu o muro na frente do meu terreno. Ele mata os ratos e depois joga em meu terreno”, defende Lauro. Em constante conflito, Lauro disse que está se livrando do terreno e que o negócio está quase fechado.

Vigilância não fez vistoria

Apesar das denuncias feitas à prefeitura pelos moradores que vivem ao lado do terreno ao longo dos últimos cinco anos, a Secretária Municipal de Saúde informou que nenhuma vistoria foi realizada pela Vigilância Sanitária nessa propriedade. De acordo com a secretaria, mesmo sem registro de denúncias nesse endereço foram agendadas inspeções para fiscalizar as condições do lugar, e caso seja constatado risco à saúde, será realizada a desratização. Segundo a SMS, outro órgão da prefeitura que pode ter vistoriado o imóvel para constatar irregularidades no uso indevido do terreno seria a Secretaria Municipal de Urbanismo, que não se manifestou até o fechamento desta edição.

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Samuel Bittencourt

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