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Gafanhotos, larvas, grilos, besouros, baratas, formigas. Enquanto muita gente torce o nariz e os taxam como “pragas”, para outros, esses bichinhos são petiscos. Se ao idealizar insetos na gastronomia você automaticamente pensa nos países orientais, já lhe avisamos que não é preciso ir muito longe para encontrar produtos que levam a “iguaria”, aqui mesmo no Brasil. Desenvolvido por pesquisadoras da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), o “pão de barata”, como ficou conhecido, é uma versão “turbinada” do pãozinho comum, com a vantagem de oferecer cerca de 70% mais proteínas que a receita regular.

Dois bilhões de pessoas. Segundo a Food and Agriculture Organization das Nações Unidas (FAO), esse é o número de habitantes do planeta cuja alimentação é – em partes – composta por insetos. O levantamento, feito 2013, aponta que até 2050 – onde a expectativa é de que a população mundial chegue aos 9 bilhões de pessoas  – o consumo de insetos deverá ser uma das principais soluções da indústria alimentícia dada a provável insuficiência do mercado agropecuário diante de um aumento tão considerável do consumo de carne animal.

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Foi pensando nisso que as então estudantes do curso de engenharia de alimentos da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Andressa Jantzen da Silva Lucas e Lauren Menegon de Oliveira, desenvolveram, em 2014, uma receita diferente cujo ingrediente especial são baratas. Mas calma. Antes de sair correndo aos pulos imaginando os asquerosos insetos cascudos que vez ou outra aparecem em casa, saiba que as baratas utilizadas na fabricação deste pão são muito diferentes. Chamadas “cinéreas” (Nauphoeta cinérea), de origem africana, essas baratas são criadas em cativeiro e tratadas de forma própria para o consumo humano.

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Pão com ingrediente especial tem muito mais proteína que o pão comum. Foto: Reprodução / Youtube
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Produzido a partir da farinha do inseto abatido, seco e triturado, o “pão de barata” se parece com o pão integral comum, inclusive no sabor. “A farinha compõe apenas 10% da receita mas é rica em proteínas, ômega 3, ômega 6 e aminoácidos essenciais, o que torna o ‘pão de barata’ bem mais rico que o pão branco comum nutricionalmente falando”, explicou Andressa – por telefone – à Tribuna do Paraná.

“Os insetos são criados obedecendo toda a legislação sanitária e ambiental, e antes de serem preparados realizamos uma série de testes microbiológicos para garantir que correspondem aos quesitos necessários para consumo”, tranquiliza a pesquisadora. Quanto ao preço, Andressa não precisou quanto exatamente custariam as broas no mercado comum. “O custo para criar os insetos é relativamente baixo. Por isso, caso o produto fosse comercializado de fato, os preços não difeririam muito do pão comum”, diz.

A receita, apresentada como trabalho de conclusão de curso das alunas, rendeu-lhes não somente a aprovação mas também as inspirou a darem continuidade ao projeto. Quatro anos depois, as pesquisadoras investem numa empresa própria cujo foco é o desenvolvimento de tecnologias para o uso de insetos na gastronomia. A ideia é encontrar empresas parceiras do segmento e desenvolver receitas diferentes com bichinhos como larvas de besouros. “Ainda existe um preconceito muito grande entre o público brasileiro quando o assunto é consumir insetos.

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No entanto, é importante que as pessoas ‘pensem mais à frente’, tendo em vista que alguns dos principais órgãos internacionais ligados à alimentação humana apontam que essa será uma das saídas do mercado global de alimentos para a nutrição mundial daqui a alguns anos”, finaliza.

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